1889

1889

Título: 1889
Autor: Laurentino Gomes
Editora: Globo Livros
Páginas: 415

Resumo do livro 1889

Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República do Brasil. Em 1889, Laurentino Gomes nos conta em pormenores um fato de grande importância histórica: a Proclamação da República. Através da escola, sabemos o dia do evento, quem foram os principais atores responsáveis e as consequências das ações perpetradas naquele dia. Mas assim como diversos outros fatos da História do Brasil, não conhecemos de fato as motivações e todos os envolvidos. 

1889 – História

O autor nos mostra um panorama sobre os diversos fatores que contribuíram para a queda da Monarquia. Entre eles, a saúde de Dom Pedro II é uma parte importante. É inegável que Dom Pedro II estava senil e doente. Sofrendo de diabetes, o Imperador quase não aparecia em público e não tinha mais o vigor de comandar um país de dimensões continentais. A sucessão de seus gabinetes, antes dividida entre conservadores e liberais, foi quebrada com a nomeação de políticos conservadores sucessivos durante a década de 1880. Além disso, temia-se que a Princesa Isabel, primeira na linha de sucessão, não tivesse a força necessária para governar. O medo aumentava quando olhava-se para seu marido, Conde D’Eu, um estrangeiro sem manejo político.

Outro fator decisivo para a proclamação da República foi a Guerra do Paraguai. O início do conflito mostrou o despreparo do Exército brasileiro. Durante o combate, a Monarquia necessitou de diversos empréstimos, pegos com nações estrangeiras, para equipar as tropas. Isso trouxe o aumento da dívida externa brasileira, que já se encontrava em números alarmantes. Além disso, a vitória esmagadora das forças brasileiras ao término da guerra teve como saldo o fortalecimento da instituição Exército e principalmente de seus oficiais. Novas escolas militares foram abertas e estas começaram a reunir um oficialato jovem e liberal, muito distante da velha e emperrada Monarquia.

“Na campanha abolicionista havia doios Brasis em confronto. O primeiro, o dos defensores do fim da escravidão, era representado pelos advogados, professores, médicos, jornalistas e outras profissões urbanas – um país que frequentava escolas, atualizava-se pelos jornais, reunia-se nos cafés para discutir ideias e novidades do século XIX. O outro Brasil era o dos fazendeiros, ainda muito parecido com o da época da colônia – agrários, isolado, analfabeto, sem comunicações e conservador.”

O Brasil do final do século XIX ainda era um país agrário, mas ao invés da cultura da cana de açúcar no Nordeste, imperava o cultivo de café, no oeste paulista e principalmente no Vale do Paraíba, entre Rio de Janeiro e São Paulo. O café brasileiro era majoritariamente cultivado com braço escravo. Como um dos pilares econômicos do país era a exportação do café, é natural pensar que a abolição da escravidão não era vista com bons olhos pelos barões do café. Mas a situação era tão insustentável socialmente que não havia mais como adiar o fim da abominável escravidão. A abolição foi assinada em 1888 trouxe novamente prestígios social à Monarquia, com a Princesa Isabel elevada à qualidade de redentora da nação.

Porém, tirou da monarquia a sua sustentação mais sólida: os grandes cafeicultores do Vale do Paraíba. Quando a situação da Monarquia se mostrou insustentável, e a iminente revolução batia à porta, foi fácil para os grande cafeicultores mudarem de lado e se tornarem republicanos. Os barões do café logo perceberam que era inútil lutar contra a escravidão, mas era natural, no entendimento deles, que fossem compensados financeiramente por perderem a mão de obra.

“A construção desse país dos sonhos estava confiada a uma aristocracia relativamente pequena, que mandava seus filhos para estudar na França e na Inglaterra, tinha contato com as ideias liberais discutidas em universidades europeias, mas tirava sua riqueza da exploração da mão de obra cativa e do latifúndio.”

Era grande a movimentação nas escolas militares, nos jornais liberais e nos círculos políticos cada vez mais próximos do Imperador. O castelo monárquico começava a ruir. Os republicanos já haviam organizado a nova república, sempre com o apoio fundamental do Exército, a quem de fato caberia a tomada do poder. Mas faltava um nome forte para liderar as tropas republicanas. Encontraram no velho Marechal Deodoro da Fonseca a pessoas certa. Velho, doente e em final de carreira, Deodoro da Fonseca em nada parecia com o altivo general das pinturas futuras.

Importante lembrar que Deodoro não era republicano. Ele aceitou tomar frente do movimento pois acreditava que o país estava de mal a pior com o gabinete que então estava no poder. Segundo seus biógrafos, o Marechal tinha como intenção depor o gabinete e pressionar o Imperador a abdicar em favor de sua filha, a Princesa Isabel que, mais jovem e com mais vigor, saberia encaminhar uma saída para a crise política vigente. Somente quando soube que o Imperador havia convocado um adversário de Deodoro para assumir o governo provisório é que o Marechal mudou de lado e se tornou um defensor da República, assinando o documento que oficialmente colocava fim à monarquia e o instituía presidente interino do Brasil.

1889 – Conclusão

Ao Imperador e a família real foi dada uma ordem de que teriam 24 horas para saírem do país. No início da madrugada do dia 16 de novembro de 1889, uma pequena comitiva foi avistada no porto do Rio de Janeiro, de uma das suas carruagens desceu um senhor vestido de preto, carregando uma pequena mala: era Dom Pedro II, que a partir daquele dia nunca mais pisaria em solo brasileiro com vida. 

A República do Brasil nasceu sob a égide da espada. Somos uma República que nasceu de farda. Depois de proclamada, pouca coisa mudou em relação à Monarquia, principalmente politica e socialmente. Os favores, o coronelismo, a venda de títulos nobiliárquicos, os acordos excusos e o jeitinho para levar vantagem em tudo, continuaram, e continuam até os dias atuais. Por mais incrível que pareça, hoje, vivemos o maior período democrático em toda a história do país. Mas sempre temos o fantasma do fascismo e da ditadura a nos espreitar nas esquinas da história. 

Esse livro é uma aula de História do Brasil. A verdadeira História.

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