Título: A Biblioteca Esquecida de Hitler
Autor: Timothy W. Ryback
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 249
Resumo do livro A Biblioteca Esquecida de Hitler
A humanidade sempre buscou encontrar, na vida das principais personagens históricas, algo que fizesse referência aos atos praticados por essas personalidades. Como se uma atrocidade precisasse de justificativa, a humanidade imagina encontrar essa justificativa em um livro. Não poderia ser diferente com Adolf Hitler. Estima-se que um dos maiores genocidas do século XX possuísse 16 mil livros, divididos entre a chancelaria do Reich em Berlim, seu escritório pessoal em Munique, e no refúgio de Obersalzberg, nos Alpes bávaros.
Durante oito anos de pesquisa em coleções públicas e particulares nos Estados Unidos e na Europa, o autor rastreou desde os livros lidos pelo cabo-mensageiro Hitler, nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, até as consoladoras leituras dos dias finais no bunker de Berlim, em 1945.
“Walter Benjamin certa vez disse que dá para saber muita coisa sobre um homem pelos livros que ele mantém: seus gostos, seus interesses, seus hábitos. Os livros que guardamos e os que descartamos, os que lemos bem como os que decidimos não ler, dizem algo sobre quem somos.”
A Biblioteca Esquecida de Hitler – História
O autor fez um trabalho minuscioso para tentar traçar uma lógica por trás dos livros que Hitler leu, fazendo uma referência direta com o que estava acontecendo na Alemanha, e com o próprio Hitler. Obviamente que Hitler possuía coleções completas de Shakespeare, Goethe, Kant, Schiller e Ficht, e que essas leituras o influenciaram, se não no campo militar, certamente na construção de seu caráter. Assim, peceber que o ímpeto da blietzgrieg alemã mantém um estrito paralelo com a obra “Da Guerra”, de Clausewitz, seria um lugar comum.
Porém, o autor descobriu que, enquanto lutava nas trincheiras enlameadas da Primeira Guerra, o então cabo-mensageiro Adolf Hitler comprou o livro da história arquitetônica de Berlim, do crítico Max Osborn. Na época em que Hitler era um dos mais disciplinados e corajosos mensageiros da linha de frente, com uma tenacidade e uma capacidade de se manter firme diante das adversidades da guerra, o livro “Berlim” traz ao antigo estudante de arte um acalento para os momentos mais angustiantes. Na época em que cigarros, álccol e mulheres estavam em alta na linha de frente, gastar 4 marcos com um estudo arquitetônico parece uma forma de fugir da realidade.
“Sua breve carreira política se consolidara com base na intimidação, bajulação e subterfúgios. Era um mestre no gracejo desdenhoso ou na observação mordaz que silenciava as críticas e desviava a atenção. Quando aquilo falhava, abafava a discordância num dilúvio de raiva e linguagem bombástica, ou dependia dos socos e pontapés das suas tropas de choque de camisas pardas.”
No período em que Hitler crescia em importância dentro do partido, e que culminou com o malfadado golpe de Munique em 1923, um importante mentor, defensor e figura partenal esteve presente. Dietrich Eckart, um dramaturgo influente na esfera social e política da Alemanha, introduziu Hitler na mais alta casta da sociedade alemã. Desse importante norteador das ideias antissemitas nazistas, Hitler guardava com grande estima e apreço uma cópia do roteiro de uma releitura de Eckart do clássico Peer Gynt. Nessa clássica peça de teatro, o personagem principal não possui caráter, ele faz o que quer, quando quer, sem medir as consequências de seus atos.
Os livros sobre espiritualidade e ocultismo também se fizeram presentes em larga escala na biblioteca de Hitler. Esses exemplares talvez sejam as testemunhas mais eloquentes da quase obsessão permanente de Hitler. Vários desses livros contêm marcas nas margens que correspondem às mesmas marcações que foram encontradas em outros livros de sua biblioteca, atestando que existe um alinhamento notável entre essas marcas e ideias expressas em monólogos de Hitler e outros comentários registrados. A maior parte desses livros sobre espiritualidade e ocultismo foram adquiridos em momentos distintos e reveladores: nos primeiros anos da década de 1920, com um Adolf Hitler enérgico e necessitado de embasamento espiritual; e outra parte adquirida nos anos finais da Segunda Guerra, onde o ditador alemão precisava da espiritualidade por motivos óbvios.
“Também deve ser nossa ambição dar um exemplo à nossa própria época, Hitler disse, de modo que as gerações futuras, sob crises e pressões semelhantes, possam olhar para nós assim como hoje olhamos para os heróis de nossa própria história.”
Além disso, é sabido que Hitler leu dezenas de livros sobre o antissemitismo nascente na Alemanha, e também no mundo, como “O Judeu Internacional“, do americano Henry Ford. Também sobre a história dos Estados Unidos, através de Sven Hedin e o livro “Os Estados Unidos na luta dos continentes.” E nos momentos finais de sua vida, Hitler se apegou a biografia “História de Frederico, o Grande”, de Thomas Carlyle.
É notável o quanto os livros estavam presentes na vida de Hitler. Como moldaram, ou antes, embasaram, ideias que nasciam em sua mente. É particularmente provocador a quantidade de livros que demonizavamm e propunham o extermínio de judeus e de dissidentes políticos. Antes de justificar os atos cometidos, como se os livros tivessem sido o motor propulsor dos crimes cometidos, esse livro aborda a perspectiva de que, para cada momento do ditador alemão, havia sempre um livro que conversava com ele.
A Biblioteca Esquecida de Hitler – Conclusão
Uma biblioteca particular serve como testemunha permanente e confiável da personalidade do seu colecionador. Nada mais natural que ter a certeza de que colecionamos livros na crença de que os estamos preservando, quando, na verdade, são os livros que preservam seu colecionador. Não é diferente com Adolf Hitler. Ao olhar para os livros marcados pelo comandante alemão, percebemos o quanto de Hitler está preservado nas páginas dos livros que leu.
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