Título: A Divina Comédia – Inferno
Autor: Dante Alighieri
Editora: Principis
Páginas: 240
Resumo do livro A Divina Comédia – Inferno
A Divina Comédia foi escrita por Dante Alighieri no início do século XIV e é considerada uma das maiores obras da literatura mundial. Originalmente chamada apenas de Comédia, recebeu o adjetivo Divina posteriormente por Giovanni Boccaccio. A obra é um poema épico dividido em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Dante narra sua jornada espiritual, guiado pelo poeta romano Virgílio, passando pelos círculos do Inferno, subindo o Purgatório e, finalmente, chegando ao Paraíso. O poema é uma alegoria da busca pela redenção e pelo conhecimento divino.
A Divina Comédia – Inferno – História
O Inferno começa com Dante perdido em uma selva escura, um lugar que simboliza a confusão e o pecado. Ele tenta escapar, mas é impedido por três feras: uma onça, um leão e uma loba, que representam diferentes tipos de pecado e obstáculos para sua jornada espiritual. Nesse momento de desespero, Virgílio, o grande poeta romano, aparece e se oferece para guiá-lo através do Inferno e do Purgatório, pois Beatriz, o amor idealizado de Dante, pediu sua ajuda.
Virgílio explica que Dante precisa primeiro testemunhar as almas condenadas antes de seguir para a purificação e, por fim, alcançar o Paraíso. Assim, eles iniciam a descida pelos nove círculos do Inferno, onde Dante presencia as punições dos pecadores e aprende sobre a justiça divina.
“Por mim se vai das dores à morada,
Por mim se vai ao padecer eterno,
Por mim se vai à gente condenada.”
O primeiro círculo do Inferno é o Limbo, um lugar sombrio e silencioso reservado para as almas que viveram antes do cristianismo ou que não foram batizadas. Essas almas não cometeram pecados graves, mas, por não terem recebido a graça divina, estão condenadas a vagar eternamente sem esperança de salvação. O Limbo é um dos poucos lugares do Inferno onde não há punição severa, apenas a eterna privação da presença divina. Esse conceito reflete a visão medieval sobre a necessidade da fé cristã para alcançar a salvação.
Após atravessar o Limbo, Dante e Virgílio chegam ao segundo círculo do Inferno, onde estão os condenados pela luxúria. Aqui, as almas são arrastadas por ventos violentos e incessantes, simbolizando como foram levadas pelo desejo descontrolado em vida. Esse círculo marca um momento importante da jornada, pois Dante começa a sentir empatia pelos condenados, questionando a justiça divina.
“Deixai ó vós que entrais, toda a esperança!”
No terceiro círculo do Inferno, Dante encontra os condenados pelo pecado da gula. Aqui, as almas são castigadas por uma chuva eterna de granizo, neve e lama, que as cobre e as mantém em um estado de sofrimento constante. Esse ambiente caótico simboliza o excesso e a degradação causados pelo desejo desenfreado por comida e bebida. O guardião desse círculo é Cérbero, o cão monstruoso de três cabeças da mitologia grega, que devora e atormenta os pecadores com sua fúria. Dante e Virgílio precisam acalmar a criatura para prosseguir, e Virgílio joga terra em sua boca para distraí-lo.
No quarto círculo do Inferno, Dante encontra os condenados pelo pecado da ganância e avareza. Aqui estão aqueles que, em vida, acumularam riquezas de forma excessiva ou desperdiçaram seus bens sem responsabilidade. Os pecadores deste círculo são forçados a empurrar enormes pedras em círculos opostos, colidindo uns contra os outros repetidamente. Esse castigo simboliza a futilidade da obsessão pelo dinheiro e pelo desperdício. A luta eterna entre os avarentos e os pródigos reflete o desequilíbrio causado por suas atitudes em vida.
O guardião deste círculo é Plutão, uma figura demoníaca que representa a riqueza e o submundo. Ele fala de forma incompreensível, reforçando a ideia de que a ganância corrompe até a linguagem e a razão. Dante observa que muitos dos condenados eram figuras importantes da Igreja e da política, mostrando sua crítica à corrupção e ao abuso de poder. Essa parte da jornada reforça a ideia de que o apego excessivo ao materialismo leva à ruína.
“Mas olha o vale: o rio é não distante
De sangue, onde verás fervendo aquele,
Que violência exerceu no semelhante.”
No quinto círculo do Inferno, Dante encontra os condenados pelo pecado da ira. Aqui, as almas são divididas em dois grupos. Aqueles que expressaram sua raiva de forma violenta. Eles lutam eternamente na superfície do rio Estige, atacando uns aos outros em um ciclo interminável de fúria. Aqueles que guardaram sua ira internamente. Eles estão submersos no rio, afogados em sua própria amargura, incapazes de falar ou se expressar. Esse círculo mostra como a ira pode consumir e destruir aqueles que não conseguem controlá-la.
No sexto círculo do Inferno, Dante encontra os condenados pelo pecado da heresia. Aqui estão aqueles que, em vida, negaram ou desafiaram os ensinamentos da fé cristã. Os hereges são punidos dentro de túmulos ardentes, onde permanecem presos para sempre. As chamas simbolizam a consequência de suas crenças errôneas e a separação definitiva da verdade divina. O calor intenso reflete a dor espiritual e a condenação eterna.
“Almas em cópia, nunca vista de antes,
Fardos de um lado e de outro, em grita ingente,
Rolavam com seus peitos ofegantes.”
No sétimo círculo do Inferno, Dante encontra os condenados pelo pecado da violência. Aqui estão os assassinos, tiranos e saqueadores. Eles são punidos em um rio de sangue fervente, chamado Flegetonte, onde ficam submersos em diferentes profundidades, dependendo da gravidade de seus crimes. Os suicidas são transformados em árvores retorcidas, atormentadas por harpias que arrancam seus galhos, causando dor eterna.
Os blasfemadores, sodomitas e agiotistas são condenados a vagar por um deserto ardente, onde chamas caem do céu como chuva. Os blasfemadores ficam deitados no chão, os sodomitas caminham sem descanso e os agiotas carregam bolsas pesadas com símbolos de suas famílias, representando sua obsessão pelo dinheiro. Este círculo mostra como Dante vê a violência como um pecado grave, que destrói tanto os outros quanto a si mesmo.
“Dizer o sangue e as chagas espatosas,
Que eu vi neste lugar, quem poderia,
Em livre prosa e em vezes numerosas?”
No oitavo círculo do Inferno, Dante encontra os pecadores da fraude, aqueles que enganaram os outros de maneira consciente e premeditada. Este círculo é chamado de Malebolge, que significa bolsões malignos, e é dividido em dez fossos, cada um com uma punição específica para diferentes tipos de enganadores. Os sedutores são chicoteados por demônios enquanto marcham em fileiras. Os bajuladores afundam em um rio de excrementos, simbolizando suas palavras falsas e sujas. Os adivinhos têm suas cabeças viradas para trás, obrigados a caminhar sem ver o caminho à frente.
Os corruptos estão mergulhados em um lago fervente de piche, vigiados por demônios que os atacam se tentarem emergir. Os hipócritas vestem mantos dourados por fora, mas pesados de chumbo por dentro, representando sua falsidade. Ladrões são perseguidos e transformados por serpentes, perdendo sua identidade repetidamente. Seminadores de discórdia são mutilados por demônios, refletindo o caos que espalharam em vida. Falsificadores e impostores sofrem doenças horríveis e deformações, representando a corrupção que espalharam.
“Qual meu espanto há sido em contemplando
Três faces na estranhíssima figura!
Rubra cor na da frente está mostrando,”
No nono círculo do Inferno, Dante chega ao círculo dos traidores, onde estão aqueles que cometeram as formas mais graves de engano. No centro do Inferno, Dante encontra Lúcifer, uma criatura gigantesca e monstruosa com três faces, cada uma mastigando eternamente um dos três maiores traidores da história: Judas Iscariotes, traidor de Cristo. Brutus e Cássio, traidores de Júlio César. Lúcifer está preso no gelo, incapaz de se libertar, simbolizando que o próprio mal está aprisionado por sua própria natureza.
Este círculo marca o fim da jornada pelo Inferno. Dante e Virgílio então seguem para o Purgatório, iniciando uma nova fase da busca pela redenção.
A Divina Comédia – Inferno – Conclusão
Os círculos infernais refletem a visão medieval de justiça divina, onde as punições são aplicadas de maneira proporcional à gravidade das transgressões. Cada círculo reforça a ideia de que os pecadores sofrem por suas próprias escolhas, sem possibilidade de perdão. Virgílio, o guia de Dante, personifica a razão e o conhecimento clássico, fundamentais para interpretar a realidade e compreender os eventos que se desenrolam ao longo da jornada. A presença de figuras históricas e mitológicas permite que Dante critique a corrupção política e moral de sua época, transformando sua obra em uma reflexão profunda sobre os valores e falhas da sociedade medieval.
A estrutura concêntrica do Inferno enfatiza a noção de que os pecados mais graves levam à punição mais severa, culminando no último círculo, onde os traidores enfrentam o castigo definitivo. A traição, considerada o pior pecado, evidencia a importância da lealdade e da confiança em uma sociedade baseada em hierarquias e relações de poder, mostrando que a ruína moral é o destino inevitável daqueles que rompem esses laços sagrados. Dessa forma, Dante constrói uma visão detalhada e simbólica do Inferno, tornando sua jornada não apenas uma exploração dos tormentos eternos, mas também uma profunda análise sobre justiça, moralidade e redenção.
Um clássico atemporal!
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