A Escrava Isaura
A Escrava Isaura

A Escrava Isaura

Título: A Escrava Isaura
Autor: Bernardo Guimarães
Editora: Saraiva
Páginas: 213

Resumo do livro A Escrava Isaura

Publicado em 1875, A Escrava Isaura é uma das obras mais conhecidas do escritor mineiro Bernardo Guimarães, um dos principais representantes da literatura romântica no Brasil. Ligado à terceira fase do Romantismo, marcada por um tom mais social e abolicionista, Guimarães utilizou a ficção para denunciar as mazelas da escravidão, ainda vigente no país. O romance se destaca tanto pelo apelo sentimental e idealista, típico da época, quanto pela sua crítica explícita a uma das maiores instituições de opressão da sociedade brasileira oitocentista. A Escrava Isaura conquistou enorme sucesso popular, antecipando e influenciando os debates que, anos mais tarde, levariam à abolição da escravidão no Brasil.

A Escrava Isaura – História

A história de A Escrava Isaura se passa nos primeiros anos do reinado de Dom Pedro II, na década de 1840. Em uma fazenda na cidade de Campos, interior do Rio de Janeiro, vivia um casal: a senhora da casa e seu marido, o Comendador Almeida. Uma jovem escrava, mucama da senhora, era constantemente assediada pelo Comendador, mas resistia a seus desejos. Diante da recusa, o Comendador a relegou à senzala. Ali, a jovem escrava se afeiçoou ao feitor da fazenda, Miguel, com quem acabou tendo uma filha: Isaura.

Após a morte da mãe e a expulsão de Miguel da fazenda, a senhora, condoída pela situação da criança, decidiu criá-la como se fosse sua própria filha. Isaura recebeu educação formal, lições de etiqueta e formação em artes. Cresceu bela, refinada e culta — porém, ainda sob a condição de escrava.

“Mas, senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que uma simples escrava? Essa educação que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que me servem?… São trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma senzala.”

Com a morte da senhora e a ida do Comendador à Corte, a responsabilidade sobre Isaura ficou a cargo do filho e herdeiro do casal, Leôncio. Este se casou com Malvina, uma jovem rica e de família tradicional. Isaura permaneceu na fazenda como mucama. No entanto, os desejos de Leôncio por Isaura logo floresceram, o que criou um ambiente de constante tensão. Isaura, consciente de sua condição e extremamente virtuosa, resistia às investidas de seu senhor, temendo, porém, que um dia não pudesse escapar de seu destino.

A situação se agravou quando Malvina flagrou Leôncio tentando acariciar Isaura. Tomada pela indignação e pela dor da traição, Malvina impôs um ultimato ao marido: ou ele libertava Isaura, ou o casamento chegaria ao fim. Nesse ínterim, Miguel retornou à fazenda. Durante os anos em que esteve longe, trabalhou arduamente para juntar o valor exigido pelo Comendador para a alforria da filha. Com o dinheiro em mãos, Miguel esperava finalmente conquistar a liberdade de Isaura.

“Todo o seu ser é escravo; teu coração obedecerá, e se não cedes de bom grado, tenho por mim o direito e a força…”

Contudo, a notícia da morte do Comendador no Rio de Janeiro adiou seus planos. Aproveitando-se da situação, Leôncio passou a ganhar tempo, dividido entre o desejo por Isaura e o medo de perder Malvina. A demora e a indecisão levaram Malvina a abandonar definitivamente o marido. Enfurecido e frustrado, Leôncio, incapaz de dobrar a vontade de Isaura, enviou-a à senzala, obrigando-a a realizar trabalhos pesados. Vendo uma oportunidade, Miguel organizou a fuga de Isaura, e ambos partiram para Recife, no intuito de embarcar para o exterior. Durante o período em que viveram escondidos, Isaura adotou o nome de Elvira. Contudo, sua beleza não passou despercebida, e logo chamou a atenção de Álvaro, um jovem rico, idealista e abolicionista, que se apaixonou perdidamente por ela.

Apesar do amor de Álvaro, a perseguição de Leôncio persistiu. O fazendeiro espalhou cartazes de recompensa pela recaptura de Isaura, obrigando-a a revelar sua verdadeira história a Álvaro. Ela temia que o preconceito racial e social da época fosse mais forte do que o amor que florescia entre eles. Como a escravidão pressupõe que, antes de tudo, um escravo é uma propriedade, Álvaro não teve armas suficientes para lutar contra a retomada de Isaura que Leôncio logrou. Ela finalmente retornava para a fazenda em Campos, mas em uma situação inversa à sonhada por ela.

“Infâme e cruel direito é esse. E já um escárnio dar-se o nome de direito a uma instituição bárbara, contra qual protestam altamente a civilização, a moral e a religião. Porém, tolerar a sociedade que um senhor tirano e brutal, levado por motivos infames e vergonhosos, tenha o direito de torturar uma frágil e inocente criatura, só porque teve a desdita de nascer escrava, é o requinte da celeradez e da abominação.”

Leôncio ainda tentou ludibriar Malvina, que havia retornado à fazenda, culpando Isaura pela desordem. Planejou também obrigar Isaura a se casar com Belchior, o rude e deformado jardineiro, como condição para sua liberdade. Mas Álvaro interveio a tempo: libertou Isaura oficialmente, não apenas de sua condição de escrava, mas também de todos os abusos e ameaças que pesavam sobre ela. Com isso, Isaura, enfim, pôde viver livre e ao lado de seu verdadeiro amor.

Bernardo Guimarães, ao escrever A Escrava Isaura, não apenas teceu uma crítica feroz à escravidão, mas também denunciou as injustiças e os preconceitos de uma sociedade que tratava seres humanos como propriedade. Isaura, com sua beleza, sua educação e sua virtude, personifica o ideal da liberdade negada, mesmo àqueles que, pela aparência ou pelo caráter, mais se aproximavam dos padrões de aceitação da época.

A Escrava Isaura – Conclusão

O livro, escrito em 1875, se insere em um Brasil singular. De um lado, a instituição da escravidão, apoiada e alimentada pela alta sociedade e pelo sustentáculo do Império: os grandes fazendeiros. Por outro lado, algumas vozes ja se levantavam contra o absurdo do cativeiro, utilizando a arte como manifestação dessa inquietude. Entre os intelectuais do segundo grupo estava Bernardo Guimarães. Em A Escrava Isaura, o autor literalmente coloca, transfere, o leitor para a pele de uma escrava. Ao criar uma cativa que, embora mestiça, tinha predominantemente traços brancos como a burguesia que lia seu romance, Bernardo tencionava fazer com que seu público se identificasse com Isaura e, dessa forma, percebendo seu sofrimento, se questionasse sobre a injustiça da escravidão.

Foi tão profícuo na descrição de sua personagem principal, exaltando sua beleza e qualidades, que alguns críticos afirmam que se não tivesse Isaura tantos predicados, se não fosse tão bela, seria de fato relegada ao pelourinho e às chicotadas. Dessa forma, somente a beleza salvou Isaura e não a injusta e abominável escravidão. Mas antes de criticar uma obra tão importante, é digno de nota a genialidade com que o autor nos conta essa história.

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