Título: A Inquisição
Autores: Michael Baigent e Richard Leigh
Editora: Imago
Páginas: 331
Resumo do livro A Inquisição
Tratando de um assunto espinhoso e muito polêmico, os autores do livro se preocuparam e se ateram aos fatos. Analisando dados históricos e cruzando-os com diversas outras fontes, A Inquisição se apresenta como um farol, um guia, para entender o que realmente se deu na história e que, por vezes, tenta ser apagado ou descolado da atualidade, como se uma mesma instituição possuísse duas histórias: a oficial e a real.
A Inquisição – História
O cristianismo foi oficialmente “legalizado” no ano de 313 pelo Imperador Constantino I após o Édito de Milão. Com disputas internas e um longo período de transição e consolidação, a Igreja Católica chegou ao primeiro milênio fortalecida com apoio secular dos principais reinos da Europa e com a corrupção como parte importante de sua prática. É a partir desse momento que a Igreja colocou em ação uma caça aos hereges, o que na prática se tornou um dos maiores genocídios da história da humanidade.
“As oportunidades de corrupção era imensas, e poucos padres faziam qualquer tentativa séria de resistir à tentação. Muitos exigiam pagamento até pela realização de seus deveres oficiais. Casamentos e funerais não se faziam sem que se pagasse adiantado. A comunhão era recusada até que se recebesse uma doação. Mesmo os últimos sacramentos se recusavam aos agonizantes enquanto não se extorquisse uma soma em dinheiro.”
Durante os anos 1200, a Igreja se viu pressionada a tomar uma posição diante do aumento dos seguidores dos ritos pagãos, especialmente os cátaros na França. Assim, o tribunal da Inquisição foi oficialmente inaugurado em 1234, em Toulouse, onde foram nomeados dois Inquisidores oficiais. É interessante observar que as atividades deles, segundo a Bula papal, deviam originalmente dirigir-se aos clérigos romanos que simpatizavam com os cátaros.
Desde os seus primórdios, a Inquisição se configurou como um tribunal: havia uma denúncia de desvio de conduta religiosa e era o acusado que devia provar sua inocência. Contando com o apoio secular, os bispos inquisidores permitiam a tortura excessiva e exaustiva dos acusados durante dias ou semanas. No final, percebia-se que o acusado já estava condenado há muito tempo, e que a tortura servia apenas para que o condenado entregasse outros “desviados”.
“Alternativamente, um suspeito podia ser torturado pela resposta a um único ponto específico, e as respostas a um segundo ou terceiro pontos justificavam as sessões de tortura a mais. Há copiosos registros de indivíduos torturados duas vezes por dia durante uma semana ou mais. Na prática, o acusado era torturado até se dispor a confessar o que, mais cedo ou mais tarde, quase inevitavelmente fazia.”
Devemos lembrar que o objetivo principal do julgamento e execução no tribunal da Inquisição não era salvar a alma do acusado, mas alcançar o bem público e impor medo aos outros. Por isso, na Europa instalou-se um clima de medo. As pessoas valiam-se do aparato da Inquisição para acertar velhas contas, tirar vingança pessoal de vizinhos ou parentes, eliminar rivais nos negócios ou no comércio.
Assim, mulheres solteiras, deficientes, prostitutas e rebeldes eram enviadas para a fogueira. Judeus também foram perseguidos, torturados e mortos, assim como os muçulmanos que restaram na península Ibérica. Com a descoberta do Novo Mundo, até mesmo os índios sofreram com as perseguições. Com a Reforma Protestante, chegara a vez dos seguidores de Lutero e Calvino serem queimados vivos em praça pública.
“Qualquer coisa relativa aos recém-formulados “direitos do Homem”, qualquer coisa que ecoasse os pensamentos de Tom Payne ou escritores franceses como Volteire, Diderot e Rousseau, era julgada maculada pelo ‘livre pensamento’. E também sediosa – como inimiga do Estado e da Igreja. A Inquisião, portanto, começou a funcionar não apenas como instrumento de ortodoxia católica, mas também como polícia secreta do governo. Seus alvos agora tornavam-se quem comprava, vendia, imprimia, circulava, disseminava ou mesmo possuía material que expunha ideias inflamatórias, além de quem promulgasse tais ideias de forma oral.”
A Inquisição – Conclusão
A Inquisição nada mais era do que a tentativa da Igreja de manter fiéis os seus seguidores através do medo. Com o passar do tempo a Igreja passou a atacar também a disseminação de ideais livres e críticos à própria Igreja. Nos textos de Montesquieu, Diderot e Voltaire a outrora inatacável Igreja era não só repudiada, mas aberta, escandalosa e blasfemamente ridicularizada. Para mortificação da hierarquia eclesiástica, Roma tornou-se uma espécie de piada permanente, objeto de impiedosa zombaria.
Foi então criado um segundo instrumento de censura: o Index Librorum Prohibitorum, que efetivamente negava aos católicos o acesso a material que Roma julgava inimigo, incluindo estudos históricos da maçonaria e da própria Inquisição. Para que não reste dúvida, apesar do Index ter sido abolido na década de 1960, o Tribunal do Santo Ofício existe até hoje, sob o nome de Congregação para a Doutrina da Fé. Na verdade, a Congregação é o departamento individual mais poderoso do Vaticano. Seu presidente oficial é o Papa.
É bom lembrar, no entanto, que a Igreja Católica, assim como todas as Igrejas, é feita de homens que são falhos em sua essência. Igreja não é sinônimo de fé. Fé é o que compete inteiramente ao indivíduo e que não necessariamente precisa de uma Igreja ou Religião para se manifestar.
Indico o filme Goya’s Ghosts, de 2006
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A Inquisição
Até a próxima!
Eis o que faz uma história: contradições paradoxais, pleonasmo, bem redundante.