Título: A Morte de Ivan Ilitch
Autor: Leon Tolstoi
Editora: L&PM
Páginas: 99
Resumo do livro A Morte de Ivan Ilitch
O livro é considerado uma das obras-primas da literatura mundial, também é classificado entre os melhores exemplos de novela. Foi escrito logo após a conversão religiosa de Tolstoi no final da década de 1870; e essa conversão é bem visível no final do livro.
A Morte de Ivan Ilitch – História
A história gira em torno da vida adulta de Ivan Ilitch até a sua morte, mas o seu início se passa no velório do personagem (qualquer semelhança de Memórias Póstumas de Brás Cubas não acho que seja mera coincidência). Ivan Ilitch, então um jovem juiz, conhece e se casa, pela beleza e pelo dinheiro, com Praskovya Fiodorovna. Ele recebe uma promoção e se torna um juiz importante e respeitado em uma grande cidade.
“Ultimamente, na solidão em que se encontrava, deitado com o rosto virado para as costas do sofá, solidão no meio de uma cidade superpovoada e rodeado de inúmeros conhecidos – solidão mais completa do que qualquer outra, seja no fundo do mar ou no centro da Terra -, nessa assustadora solidão, Ivan Ilitch vivia somente de lembranças do passado.”
A vida de Ivan Ilitch é como muitas outras: o trabalho toma muito de seu tempo, mas ele consegue acompanhar o nascimento e o crescimento dos filhos; a relação com a esposa oscila entre momentos de carinho e brigas colossais sobre assuntos fúteis do dia-a-dia. Mas quando a família resolve se mudar para uma casa maior, Ivan Ilitch resolve mobiliar e decorar o novo lar por conta própria. É quando sofre um pequeno acidente e bate com a região do rim em um móvel. Mas o incidente passa desapercebido.
A vida na nova casa mostra sinais de uma reconciliação para o casal, contudo, esse momento é efêmero e logo brigas e discussões retornam ao cotidiano. É quando Ivan Ilitch começa a sentir as primeiras pontadas de uma dor aguda e contínua.
“O horrível, terrível ato de sua morte, ele via, estava sendo reduzido por aqueles que o rodeavam ao nível de um acidente fortuito, desagradável e um pouco indecente (mais ou menos como se comportam com alguém que entra em uma sala de visitas cheirando mal), e agiam assim em nome do mesmo decoro ao qual ele subjugara-se a vida inteira.”
A dor passa a acompanhar Ivan Ilitch diariamente. Ele abandona o tribunal por não conseguir mais proferir suas antes belas e concisas sentenças. Entre médicos e tratamentos, as relações com a filha, prestes a casar, com o filho pequeno em idade escolar, e principalmente, com a esposa, se tornam graves e insuportáveis. Ivan Ilitch culpa a todos pelo desgosto daqueles dias. E a família acompanha o definhar de um homem.
Diante da iminência de uma morte cruel e dolorosa, Ivan Ilitch se questiona sobre sua conduta, questiona os desígnios de Deus, e se afasta cada vez mais de sua família. Mas a morte não se atrasa, nem confunde-se quanto ao seu objetivo. Ivan Ilitch estava, apesar de tudo o que pudesse lhe passar pela cabeça, com a morte à sua espera.
“Controlou-se um pouco e pôs-se a chorar como uma criança. Chorou por sua solidão, seu desamparo, pela crueldade do ser humano, a crueldade de Deus e a ausência de Deus.”
A Morte de Ivan Ilitch – Conclusão
A beleza do livro está na forma como Ivan Ilitch se encaminha para o inexorável encontro com a morte. Ele sentiu a proximidade da morte, sentiu seu corpo abandonar as faculdades essenciais, sentiu sua alma despedaçar-se aos poucos. O ópio trazia uma liberdade inconsciente e fugaz, mas ineficaz para um sofrimento que rompia a barreira da sanidade. Somente o passado era capaz de trazer algum alento, e foi à ele que Ivan Ilitch se apegou.
“O que fica após nossa morte?” Questiona-se Ivan Ilitch, mas também nos questionamos: O que ficará após nossa morte? Será que nossa conduta será o suficiente para um descanso eterno? Será a constituição de uma família e a posse de bens o necessário para uma morte limpa e leve, como supôs Ivan Ilitch? A morte é algo ainda incógnito no mundo dos homens. Várias religiões, senão todas, preocupam-se com o momento seguinte ao último suspiro; muitas tentam mostrar um nova vida, no paraíso ou no purgatório. Mas o livro nos convida à refletir que o que importa à hora da morte é a vida que vivemos, os amores que florescemos em nossos corações, as amizades que construímos e o bem que compartilhamos. Ivan Ilitch descobriu, no final, que o que importa na morte é a vida!
“Um calafrio percorreu seu corpo, a respiração ficou ofegante e ele só conseguia ouvir o coração disparar. ‘Não existirei mais e então o que virá? Não haverá nada. Onde estarei quando não existir mais? Será isso morrer? Não. Eu não vou aceitar isso!’ Levantou-se e tentou acender a vela com as mãos trêmulas. Deixou cair a vela e castiçal no chão e atirou-se outra vez à cama. ‘De que adianta? Que diferença faz?’, perguntava-se fixando, com os olhos arregalados, a escuridão. ‘Morte. Sim, morte. E nenhum deles entende, ou quer entender. E não sentem pena nenhuma de mim. Estão todos se divertindo.’”
Há uma adaptação do livro em Ivans Xtc, filme americano de 2002 que traz a história do livro para Hollywood contemporânea.
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A Morte de Ivan Ilitch
Até a próxima!
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