Admirável Mundo Novo
Admirável Mundo Novo

Admirável Mundo Novo

admiravel mundo novo

Título: Admirável Mundo Novo
Autor: Aldous Huxley
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 306

Resumo do livro Admirável Mundo Novo

Livro publicado em 1932 e que se tornou uma das maiores obras de literatura do século XX. Juntamente com 1984. de George Orwell, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, Admirável Mundo Novo faz parte das três maiores distopias literárias do século XX. No livro, o autor imagina um futuro onde a estabilidade social é alcançada através da produção e condicionamento em massa dos seres humanos. Uma sociedade hierarquizada e dividida em castas sociais bem definidas. O romance antecipa desenvolvimentos em tecnologia reprodutiva, hipnopedia, manipulação psicológica e condicionamento clássico, que se combinam para mudar profundamente a sociedade. O título tem a sua origem no ato V da obra A tempestade de William Shakespeare, quando Miranda pronuncia o seu discurso.

“Oh, admirável mundo novo, que encerra criaturas tais.”

Admirável Mundo Novo – História

O cenário do livro é um capítulo à parte da história principal. Estamos em Londres no ano de 2540, ou como é falado, 632 Depois de Ford. É um mundo dividido em esferas de influência depois de uma guerra mundial que reordenou a Terra. A sociedade é organizada nos mínimos detalhes para ser um organismo coeso e livre de tensões. Os principais líderes entenderam que se o indivíduo estivesse estável em sua posição social, acolhido em suas necessidades de consumo e sem desejos de ascensão social, a sociedade estaria também estável. E somente uma sociedade estável poderia trazer a paz e a organização almejadas pelas lideranças mundiais.

Dessa forma, não havia mais concepção de ser humano à maneira tradicional, muito menos casamentos e relacionamentos monogâmicos. Nessa sociedade, os seres humanos eram forjados em laboratório. Criados, moldados e multiplicados para atenderem aos interesses da sociedade dentro do que lhes era reservado desde o nascimento. A sociedade era dividida em castas: os Alfas eram os mais inteligentes e ocupavam os mais altos cargos nas mais importantes empresas da sociedade. Os betas eram também importantes, ocupando cargos gerenciais e participavam dos processos de multiplicação de seres humanos nos laboratórios. Deltas, Gamas e Ípsilons eram as castas mais baixas, respectivamente. Eram seres humanos criados e multiplicados em laboratório para atenderem a objetivos específicos dentro da sociedade. Eram responsáveis por fazerem os trabalhos mais pesados e mais difíceis. Os trabalhos essenciais para manter a sociedade em funcionamento, mas que os mais inteligentes não queriam fazer.

“Não há civilização sem estabilidade social. Não há estabilidade social sem estabilidade individual.”

Todo esse funcionamento era garantido pelo Processo Bokanovsky, que consistia na interrupção do desenvolvimento natural da célula inseminada, o que gerava a sua multiplicação. Não por acaso, o livro usa o termo Ford como um Deus. O paralelo é a produção em massa de veículos colocada em prática por Henry Ford. O autor transporta esse conceito de produção em massa para os seres humanos. Assim como existem carros de luxo, carros de passeio, carros para trabalhos pesados, e todos eles são montados para esses fins; da mesma forma, nesse mundo distópico, os seres humanos também eram criados para atender às demandas da sociedade. Como cada ser humano nascia sob a condição da casta a qual pertencia, ele não possuía a capacidade intelectual para lutar contra sua condição subalterna. Simplesmente porque ele não se via em uma condição subalterna.

Haviam dois fatores importantes para o bom funcionamento dessa sociedade. O primeiro era a hipnopedia, ou seja, transmitir informações enquanto se está dormindo. No mundo do livro, cada casta recebia sua dose diária de informações relevantes para sua vida em sociedade. As pessoas eram inculcadas com mensagens morais através de uma série de frases, que se repetiam milhares de vezes enquanto dormiam, durante seus primeiros anos de vida. Assim, os Alfas eram ensinados a se portarem como Alfas, os Deltas, como Deltas, e assim com todas as castas da sociedade. Incluindo frases sobre a forma de se comportar em relação às questões sociais como violência, justiça e sexo.

Outro fator importante era a distribuição e o uso regular do Soma. O Soma era uma droga sintética fabricada pelos órgãos superiores e inculcada em cada cidadão como algo vital para a sobrevivência. Com o uso de doses diárias de soma, as pessoas fugiam da realidade, que poderia ser opressora e difícil. Todos recebiam suas doses diárias e eram treinadas a usá-las. O soma era o ópio social.

“Não, o verdadeiro problema é este: como é que não posso; ou antes, pois sei perfeitamente por que é que não posso, o que eu sentiria se pudesse, se fosse livre, se não estivesse escravizado pelo meu condicionamento?”

O livro conta a história de Bernard Marx, um Alfa responsável pela hipnopedia. Com algum defeito em sua fabricação, Marx nascera um pouco mais baixo que o padrão dos Alfas, e isto o incomodava. O seu incômodo logo se transformou em pensamentos críticos contra o funcionamento daquela sociedade criada para ser perfeita. Ele não suportava mais a prática do sexo casual, uma vez que as pessoas eram ensinadas desde pequenas que “todos eram de todos”. Marx não suportava mais a hierarquia da sociedade e a forma como as pessoas eram moldadas pela hipnopedia e não pensarem nada além do óbvio.

Para fugir da mesmice diária, Marx convidou Lenina Crowne, uma Beta bem “pneumática”, para um passeio em uma reserva indígena. É interessante como essa sociedade encerrou em uma reserva, longe dos olhares das castas mais baixas, o resquício de uma sociedade há muito esquecida, onde o casamento e a gravidez ainda existiam. Para o horror de Lenina e surpresa de Bernard, havia nessa reserva algo inimaginável: uma Beta. Décadas antes, Linda e o Diretor da Seção de Hipnopedia decidiram também fazer um passeio pela reserva. Porém, depois de algumas dificuldades, eles acabaram se separando, e Linda ficara presa na reserva. Sem saber como retornar, ela foi assimilada pelos locais. Porém, sem as pílulas e os exercícios malthusianos, Linda acabou engravidando e dando a luz a John, uma mistura de indígena e Beta.

“As palavras podem ser como raios-x, se a usarmos adequadamente: penetram em tudo. A gente lê e é trespassado.”

Bernard achou que essa era a oportunidade para expor sua crítica à sociedade em que vivia. Levou Linda e John para sua sociedade, para causar espanto e, finalmente, ser reconhecido como alguém especial. Os objetivos principais de Bernard não era criticar a fundo a sociedade, mas, antes, se tornar um Alfa respeitado pelos demais. Linda foi sedada com soma enquanto era estudada, uma vez que envelhecera e engordara de uma forma há muito tempo nunca vista. John se tornou objeto de exposição. Todos queriam ver, tocar e ouvir o selvagem. Há muito tempo não tinham conhecimento de que alguém nascido de uma mãe pudesse sobreviver. Mas John estava longe de ser um selvagem.

Quando tomou conhecimento do funcionamento daquela sociedade, John percebeu o quanto aquele mundo estava doente. John sabia ler e praticou sua leitura com obras de Shakespeare que achou perdido na reserva onde morava. Comparando aquela sociedade com a forma de ver o mundo shakespeariana, John logo percebeu que não havia muito o que fazer ali. Ele de fato era um estrangeiro no meio daquelas pessoas. Ele jamais iria fazer parte de um mundo perfeito, feito por pessoas perfeitas feitas em laboratório. John percebeu que aquelas pessoas haviam deixado apenas um elemento fundamental de lado na construção da sociedade: a humanidade.

“Porque o nosso mundo não é o mesmo mundo de Otelo. Não se pode fazer um calhambeque sem aço, e não se pode fazer uma tragédia sem instabilidade social. O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. E, se por acaso alguma coisa andar mal, há o soma.”

Admirável Mundo Novo – Conclusão

É impossível essa resenha dar conta de todas as nuances desse livro espetacular. Um livro que vai muito além das palavras escritas e que traz em suas entrelinhas elementos de profundas reflexões. O que é dito pelo autor já é genial, e por si só já coloca esse livro entre os clássicos da literatura, porém, é o que não é dito que torna essa leitura espetacular. Qual é o verdadeiro significado de viver em sociedade? Qual é o seu papel nessa sociedade?

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Até a próxima!