As Crônicas Marcianas
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As Crônicas Marcianas

As Crônicas Marcianas

Título: As Crônicas Marcianas
Autor: Ray Bradbury
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 296

Resumo do livro As Crônicas Marcianas

Ray Bradbury é um dos mais celebrados escritores dos séculos XX e XXI, tendo escrito uma variada gama de gêneros como ficção-científica, horror e fantasia. As Crônicas Marcianas, escrito inicialmente como um livro de contos e publicada em 1950, é uma de suas obras mais conhecidas. A temática principal do livro é a colonização de Marte por humanos, eventualmente vindos de uma Terra sob a iminência de ser devastada por uma Guerra Atômica. A estrutura do livro é parecida com outro clássico da ficção científica: Fundação de Isaac Asimov, onde existem várias histórias em tempos diferentes, mas que convergem para uma grande história.

As Crônicas Marcianas – História

As Crônicas Marcianas é dividido em 3 partes principais. Na primeira parte, entre janeiro e abril de 2000, conhecemos as primeiras tentativas de exploração de Marte. É interessante a história da segunda expedição, onde os astronautas são mortos após os marcianos entenderem que estes são marcianos com alucinações em níveis avançados. Ainda na primeira parte, descobrimos que a quarta expedição à Marte revela a real doença que exterminou a maioria dos marcianos: catapora!

“Uma raça se constrói durante um milhão de anos, se aprimora, ergue cidades como aquelas, faz tudo o que pode para dar respeito e beleza e, então, morre. Parte dela morre lentamente, a seu próprio ritmo, antes da nossa era, com dignidade. Mas o resto! O resto de Marte morreu de uma doença de nome bonito, apavorante ou imponente? Não, em nome de tudo que é sagrado, tinha de ser catapora, uma doença da infância, uma doença que não mata nem criança na Terra!”

A segunda parte, entre dezembro de 2001 e novembro de 2005, é quando os terrestres colonizam o desértico planeta e ocasionalmente fazem contato com os poucos marcianos que sobreviveram. A crítica está no fato dos terráqueos, apesar de estarem em outro planeta, se preocuparem apenas em transformar Marte em uma nova Terra, com os mesmos pensamentos predatórios, exploratórios e segregadores que trouxeram do Planeta Azul.

Mas algo muda a perspectiva dos terráqueos em Marte: uma Guerra Atômica se aproxima, fazendo com que grande parte do seres humanos que moram em Marte retornem para a Terra. Com a guerra nuclear, o contato entre Marte e Terra é interrompido e os terráqueos que ficam em Marte ficam isolados.

“O senhor se lembra do que aconteceu com o México quando Cortez e seus belos amigos chegaram da Espanha? Toda uma civilização foi destruída por pessoas preconceituosas, gananciosas e donas da verdade. A história jamais perdoará Cortez.”

Na terceira parte, entre dezembro de 2005 e outubro de 2026, há os efeitos do pós-guerra e os poucos sobreviventes humanos que conseguiram escapar da guerra atômica retornam para Marte. A ironia de tudo é que esses seres humanos recém chegados se tornam os novos marcianos, além disso, essa parte faz uma ponte com a primeira parte da história e com isso há um retorno ao começo, como uma espécie de ciclo infinito de destruição e recomeço.

Além do enredo da história, como obra de ficção científica, ser excelente, As Crônicas Marcianas guarda algumas nuances críticas que aumentam seu valor literário. Em determinado momento na Terra, as pessoas decidem partir para Marte, em busca de novas oportunidades e de uma nova vida. A história mostra um homem, no interior dos Estados Unidos, achando inconcebível que os negros da cidade estavam partindo para Marte. Em sua mente, os negros não tinham motivos para abandonar os brancos, já que estes davam trabalho, moradia e até algumas moedas no final do mês!

“Os marcianos misturaram religião e arte e ciência porque, no fundo, a ciência não passa da investigação de um milagre que não conseguimos explicar, e a arte é uma interpretação desse milagre. Nunca deixaram a ciência esmagar a estética e o belo. Trata-se de uma questão de grau. Um homem da Terra pensa: ‘Naquele quadro, a cor não existe, na verdade. Um cientista pode provar que a cor é somente a maneira como as células são dispostas sobre um certo material para refletir a luz. Portanto, a cor não é parte integrante das coisas que por acaso enxergo’. Um marciano, muito mais inteligente, diria: ‘Este é um belo quadro. Saiu da mão e da mente de um homem inspirado. Sua ideia e sua cor foram tiradas da vida. É um bom trabalho’.”

As Crônicas Marcianas – Conclusão

Na parte final do livro, a realidade da Terra transformada pela Guerra Atômica, cria um paralelo com as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki.  A desolação das cidades, a falta de futuro e o horror do presente, fizeram as pessoas da Terra procurarem uma nova vida em Marte. Porém, sem dúvida, a maior crítica que As Crônicas Marcianas faz é em torno das violentas conquistas e subjugações perpetradas por diversas culturas ao longo do tempo. Em relação à nossa história sul americana, é impossível não ver em cada marciano morto por catapora um homem Maia, Asteca ou Inca; ou uma índia Tupinambá, Pataxó ou Guarani. Isso sem falar nos indios Norte Americanos, nos aborígenes Australianos ou nas inúmeras tribos africanas dizimadas pelo colonialismo europeu.

Um livro de ficção científica para entrar em qualquer lista de melhores livros, mas que também sabe tratar de assuntos que, infelizmente, não são ficção.

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As Crônicas Marcianas

Até a próxima!

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