Cândido ou O Otimismo
Cândido ou O Otimismo

Cândido ou O Otimismo

Candido

Título: Cândido ou O Otimismo
Autor: Voltaire
Editora: Antofágica
Páginas: 295

Resumo do livro Cândido ou O Otimismo

Para poder captar as nuances desse livro é importante conhecer duas figuras proeminentes. Voltaire foi um escritor, historiador e filósofo iluminista francês. Ele era famoso por sua sagacidade e suas críticas ao cristianismo e à escravidão. Voltaire era um defensor da liberdade de expressão, liberdade de religião e separação entre igreja e estado. Por outro lado, Leibniz foi um filósofo alemão e figura central na história da matemática e na história da filosofia. Leibniz é mais conhecido por seu otimismo, por sua conclusão de que nosso universo é, num sentido restrito, o melhor de todos os mundos possíveis que Deus poderia ter criado. Essa ideia muitas vezes foi satirizada por outros pensadores. Voltaire foi um deles e esse livro é o resultado dessa crítica.

Cândido ou O Otimismo – História

O livro conta a história de Cândido, um homem que vivia em um castelo da Vestfália, Alemanha. Apaixonado por Cunegunda, filha do barão e dono do castelo. Cândido era educado por Pangloss, o filósofo e sábio do castelo, que havia lhe dito que o mundo era o melhor de todos os mundos possíveis que Deus poderia ter criado. Porém, quis o destino que, ao ser pego beijando Cunegunda, Cândido fosse expulso do castelo, indo parar no meio do conflito entre búlgaros e ávaros. Após ser expulso do paraíso do castelo, Cândido vai ao inferno.

Ele é açoitado e obrigado a lutar contra os ávaros. Participa de batalhas sangrentas e vê o píor do ser humano. Mas Cândido consegue fugir para a Holanda. Lá reencontra com Pangloss, agora um mendigo com sífilis. Ele conta a Cândido que o castelo fora destruído e que Cunegunda estava morta. O encontro com Pangloss reaviveu o otimismo de Cândido, apesar da perda de sua amada. Eles decidem ir para Lisboa, passam por um naufrágio e chegam na cidade no momento em que um grande terremoto reduziu a cidade à ruínas. 

“Ele pediu esmola a várias pessoas sisudas, e todas responderam que, se continuasse naquele ofício, seria preso em uma cada de correção para aprender a viver.”

Pangloss e Cândido encontram um inquisidor e discutem com ele sobre religião e sobre Deus. O inquisidor manda prender os dois. Após várias torturas, a sentença foi promulgada: ambos seriam mortos em um auto de fé. Cândido viu Pangloss ser enforcado e quando finalmente chegara a sua vez, outro terremoto criou uma confusão permitindo que Cândido fugisse. Ele se abrigou na casa de uma velha senhora. Para surpresa de Cândido, Cunegunda morava nessa casa e era disputada por dois homens: um judeu e o inquisidor que havia prendido Cândido.

Em um acesso de medo, Cândido matou os dois homens. Como seria perseguido e morto, decidiu partir para a América do Sul com Cunegunda e a velha senhora. Ao chegar a Buenos Aires, Cândido novamente perdeu sua amada Cunegunda para o governador da província. Jurando vingança, Cândido fugiu cm seu criado Cacambo para o Paraguai para se juntar aos inimigos do governador. No Paraguai, após algumas confusões, Cândido matou um jesuíta, que por coincidência era irmão de Cunegunda.

“Vi, nos países que o destino me fez percorrer e nos cabarés em que trabalhei, um número prodigioso de pessoas que existiam em meio à aversão profunda de si mesmas.”

Novamente em fuga, Cândido e Cacambo decidem fugir para o norte. O objetivo era chegar ao Suriname para voltar para a Europa. No meio do caminho eles chegam ao El Dorado, a cidade mítica onde tudo era feito de ouro e pedras preciosas. Cândido e Cacambo saem de lá carregados com as maiores riquezas, que ali não valiam nada. Na viagem de volta, Cândido conhece Martinho, um pensador maniqueísta, com o qual iria travar longas conversas filosóficas.

Cândido então passa por Paris, Londres e Veneza. Seu destino final é Constantinopla, onde Cunegunda o aguarda, junto da velha senhora. Além disso, por ordem do destino, Pangloss ainda estava vivo e acompanhava Cândido, assim como o irmão jesuíta que Cândido havia assassinado no Paraguai. Chegando à Constantinopla, Cândido descobre que Cunegunda ficara terrivelmente feia e velha. Mesmo assim, pretendeu casar com ela. O livro encaminha para reflexões filosóficas satíricas e, no final, Cândido ignora a insistência de Pangloss de que tudo acabou por correr bem por necessidade, dizendo-lhe em vez disso  que devemos cultivar o nosso jardim. 

“É o costume. Nós recebemos um calção de lona como roupa duas vezes por ano. Quando trabalhamos nas usinas de açúcar e o moinho prende o nosso dedo, a nossa mão é cortada. Quando tentamos fugir, a nossa perna é cortada. Eu fui pego nos dois casos. É por este preço que vocês comem açúcar na Europa.”

O principal método da sátira de Cândido é contrastar ironicamente a grande tragédia e a comédia. A história não inventa nem exagera os males do mundo — ela exibe os males reais de forma gritante, permitindo que Voltaire simplifique filosofias sutis e tradições culturais, destacando suas falhas. Assim, Cândido ridiculariza o otimismo, por exemplo, com um dilúvio de eventos horríveis, históricos sem qualidades redentoras aparentes.

Cândido ou O Otimismo – Conclusão

O livro não só auxilia a compreender os debates e as polêmicas do século 18, mas também é uma obra literária provocativa, engenhosa e instigante. O mais impressionante é que essa obra, de uma época tão distante da nossa, convida-nos a refletir sobre a vaidade humana, o papel fundamental do conhecimento baseado em fatos comprováveis em detrimento de crenças e fanatismos, a importância de cultivarmos um espírito crítico e o respeito às diferenças. Esse livro também abrange temas como os desafios da ação efetiva pelo bem social e da busca pela felicidade. Um livro genial.

No Brasil, Machado de Assis faz reiteradas referências ao dr. Pangloss em Memórias Póstumas de Brás Cubas e em Quincas Borbas. O caipira Candinho, interpretado por Mazzaropi, não esconde sua desconfiança da empáfia e do palavreado de Pancrácio, versão brasileira de Pangloss. E assim também com diversos outros personagens da literatura e do cinema mundial, igualmente inspirados nos personagens desse livro.

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