Título: Carta Sobre a Felicidade
Autor: Epicuro
Editora: UNESP
Páginas: 52
Resumo do livro Carta Sobre a Felicidade
O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade, estado caracterizado pela ausência de dor física e imperturbabilidade da alma. Ele utilizou a teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações. A morte física seria o fim do corpo, que era entendido como somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem. Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estariam livres para constituir outros corpos. Essa teoria, exaustivamente trabalhada, tinha a finalidade de explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou não, e principalmente extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses.
Carta Sobre a Felicidade – História
A doutrina de Epicuro entende que o bem reside no prazer. O prazer de que fala Epicuro é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa medida e não dos excessos. Esse livro, para além de sua significação intrínseca, não deixa de ser um documento decisivo para desfazer o equívoco de uma tradição que costuma associar à doutrina epicurista, quase sempre confundida com o gozo imoderado dos prazeres mundanos dos hedonistas.
A carta começa com uma decidida exortação ao exercício da filosofia, considerada desde logo como uma disciplina cuja única meta é justamente tornar feliz o homem que a pratica, de tal modo que este homem deve cultivá-la durante toda a sua existência. O filósofo passa então a transmitir para o discípulo os tópicos que considera essenciais para essa busca permanente da felicidade, a começar pela crença na existência dos deuses, considerados entes imortais e bem-aventurados.
“Acostuma-se à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminado o desejo de imortalidade.”
Então, Epicuro fala sobre a morte, apresentada como o mais aterrador dos males. Torna-se absolutamente necessário vencer esse medo da morte; ninguém deve temê-la, uma vez que não há nenhuma vantagem em viver eternamente o que importa não é a duração, mas a qualidade da vida. Desfilam, em seguida, as várias modalidades de desejo, acompanhadas da necessidade imperiosa de controlá-lo, tendo como objetivo tanto a saúde do corpo quanto a tranquilidade do espírito, o que, por outro lado, não deixa de ser também uma boa definição do próprio prazer, tal como Epicuro o concebe.
O prazer como bem principal não é algo que deva ser buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em dor. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer. De qualquer manira, Epicuro recomenda uma conduta comedida em relação aos prazeres, valendo, para esse caso, aquele mesmo princípio da qualidade em detrimento da quantidade.
“A prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia. é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade.”
Finalmente, para Epicuro, o homem sábio deve acreditar cegamente no destino e na sorte como se estes fossem fatalidades inexoráveis e sem esperança, parecendo despontar aqui aquela sua crença na vontade e na liberdade do homem. Epicuro exorta Meneceu a procurar uma prática correta para tais ensinamentos, garantindo que esses ensinamentos serão capazes de não só levá-lo à mais completa felicidade, mas até mesmo a sentir-se como um deus imortal entre os homens mortais.
Carta Sobre a Felicidade – Conclusão
No entanto, a caminho da busca da felicidade, ainda estão as dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Mas Epicuro faz questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. Tal como foi originalmente criado, sem qualquer outra contribuição posterior, o epicurismo sobreviveu por sete séculos no mundo greco-romano, com Sêneca e Cícero como seus mais ilustres discípulos.
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