Título: Corpo a Corpo
Autor: Oduvaldo Vianna Filho
Editora: Temporal
Páginas: 101
Resumo do livro Corpo a Corpo
Escrita em 1970, a peça Corpo a Corpo traz ao palco a instabilidade daquele momento da história do Brasil. Acompanhamos um retrato das contradições de parte da intelectualidade da esquerda política brasileira. O texto lança luz sobre um homem dividido entre a solidariedade e a ambição, a liberdade e a monogamia, o compromisso com seu próprio país e as promessas de sucesso no exterior.
Corpo a Corpo – História
A peça é praticamente um monólogo do sociólogo e publicitário Luiz Vivacqua. Cansado de seu trabalho na agência de publicidade, onde dirige comerciais para a televisão de produtos do cotidiano, Vivacqua se indigna com a demissão de um colega de trabalho durante a madrugada. E isso é o estopim para uma série de atitudes controversas, egoístas e reflexivas sobre sua vida. Toda a cena se passa em uma madrugada.
De início, Vivacqua trava uma discussão com Suely, sua noiva. Essa situação já coloca o conflito em primeiro plano, mostrando que o personagem está com os nervos à flor da pele, no limite de suas faculdades mentais. Indignado com a demissão de seu colega, Vivacqua decide sair da agência, mas um turbilhão de novos sentimentos se apodera dele. O que ele faria depois que saísse da agência? O que ele sabia fazer? Como iria se sustentar?
“que propaganda, pelo amor de Deus? propaganda pras pessoas serem o que não podem ser? O que não têm jeito de ser e ficarem se roendo, os olhos amarelos de inveja? Passar a vida vendo se o vizinho tem geladeira de quantos pés?”
Vivacqua sentiu que estava sendo deixado de lado pelo seu patrão, sendo preterido por Aureliano e Fialho. Mas realizou em sua cabeça que ainda se mantinha empregado por ser genro e alcoviteiro do dono da empresa. Vivacqua concluiu que nada estava fazendo sentido em sua vida. Havia desrespeitado sua noiva, brigara com seus colegas de trabalho, descobrira que não tinha mais utilidade no emprego. Vivacqua, assim, mergulhou no álcool e na cocaína.
Durante seu entorpecimento, Vivacqua passou a ligar para todos. Ligou para Aureliano, para Fialho e para Soninha, uma mulher com quem se relacionara. Diante do fracasso em falar com esses personagens no alto da madrugada, Vivacqua recorre ao rádio amador. Acaba falando com um boliviano que quer conhecer o Rio de Janeiro. Insatisfeito com o rumo da conversa, Vivacqua desliga. Liga então para o tio, e recebe a informação de que sua mãe estava muito doente, e que iria fazer uma cirurgia no dia seguinte.
“você é tão moço… puxa, que tarefa arranjaram pra tua geração, garoto… se juntar com o povo que eu não vejo, que eu não entendo, que tem um ritmo tão ralentado… e minha geração podia decidir, depende dela… mas a minha cabeça entende, mas a minha alma é outra, é outra rotação…”
Vivacqua havia esquecido uma carta que sua mãe enviara dias antes. Após se sentir arrependido com o que leu, Vivacqua decidiu partir naquela mesma manhã para acompanhar a cirurgia da mãe. Mas uma ligação de seu chefe mudou completamente seus planos. Ele recebeu a informação de que uma empresa norte americana havia gostado muito do seu comercial sobre Cera. A agência onde Vivacqua trabalhava estava fechando uma parceira para que ele fizesse alguns comerciais para essa empresa. Para isso, Vivacqua deveria embarcar para os Estados Unidos naquela manhã
Sem qualquer remorso ou arrependimento, Vivacqua redigiu um telegrama para sua mãe, dizendo que não poderia estar com ela naquele momento e que assim que estivesse resolvido seus problemas, faria de tudo para estar com a mãe. Ligou também para Suely. Fingindo que nada acontecera, pediu a noiva para avisar a uma revista o trabalho que ele estava prestes a realizar. Chamou-a de meu amor e disse que a levaria para conhecer sua mãe.
Corpo a Corpo – Conclusão
Como num passe de mágica, Vivacqua saiu de um entorpecimento profundo pela sua carreira e pela sua vida para uma postura altiva e soberba diante do futuro profissional promissor que se abria diante dele. A postura de Vivacqua mostra a hipocrisia do ser humano, eivado de egoísmo e de vaidade.
Além disso, contextualizando historicamente a peça, podemos perceber diversos traços da crítica que o autor faz à intelectualidade de esquerda no Brasil diante do Regime Militar. O autor entendia o teatro como uma construção de simulacros e produtora de sentidos e significados sociais. Vianna coloca no seu personagem principal um antagonismo estrutural. Vivacqua passou a vivenciar um cotidiano coisificado, no qual a satisfação imediata dos sentidos justifica toda sorte de comportamentos e posturas. Vivacqua é ao mesmo tempo promotor e advogado de defesa de sua realidade.
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Até a próxima!