Declínio de um Homem
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Declínio de um Homem

declínio de um homem

Título: Declínio de um Homem
Autor: Osamu Dazai
Editora: Estação Liberdade
Páginas: 152

Resumo do livro Declínio de um Homem

Osamu Dazai, pseudônimo de Shuji Tsushima, foi um autor japonês considerado um dos maiores escritores da literatura japonesa do século XX. Ele é conhecido por seu estilo de escrever tipicamente irônico e pessimista, incorporando elementos autobiográficos, e tratando de temas como o suicídio e o alcoolismo. Sua obra mais famosa é o livro Declínio de um Homem.

Declínio de um Homem – História

O livro segue a trajetória de vida de Yozo, em suas próprias palavras. Revivendo suas memórias, Yozo retorna à sua infância para traçar um perfil de si próprio. Busca no interior de sua alma a resposta para seus anseios e angústias. Desde muito jovem, Yozo descobriu que não era um garoto como os outros que conhecia. A proximidade de outro ser humano o angustiava. Conversar com amigos era um fardo para ele, já que não considerava ninguém de seu círculo como amigo. No seio de sua família tudo era pior. Sendo o mais novo de uma família numerosa, sempre foi deixado à margem das coisas. Era o último a se sentar para as refeições e sentava sempre distante dos outros. Com o pai ausente por conta do trabalho, Yozo logo descobriria que seria solitário.

“Recebia qualquer pequena reprovação como um trovão que reverberava a ponto de me deixar atônito. Longe de querer responder a uma reprimenda, achava que aquilo era, sem dúvida, a voz da “Verdade” humana fazendo-se ouvir ao longo dos séculos, e que se talvez, eu não era capaz de agir de acordo com essa verdade, eu estava desqualificado para viver em sociedade. Por esse motivo, não conseguia discutir, nem me justificar. Sempre que ouvia alguma crítica, acreditava que, de fato, eu tinha entendido tudo completamente errado, e recebia o impacto em silêncio, enquanto por dentro o mesmo quase me fazia perder a cabeça.”

Para esconder sua timidez e seu medo, Yozo utilizava a comédia. Sua vida se resumia a fazer palhaçadas e brincadeiras para entreter as pessoas, para que, assim, ele não precisasse ter que encará-las. Yozo foi levando sua vida dessa forma até que um de seus amigos da escola, Horiki, descobriu que tudo o que Yozo fazia era proposital. A máscara de Yozo havia caído. Para fugir dos julgamentos alheios, Yozo se aproximou de Horiki. Por mais peculiar que fosse aquela amizade, Yozo e Horiki mantiveram a amizade por longos anos.

Mas logo a fase adulta se avizinhou e Yozo procurou estudo e trabalho em Tóquio. Ele ficou deslumbrado com a cidade que viu. A imensidão daquele espaço e a frieza das pessoas o angustiou ainda mais. Ele largou os estudos, apesar de desenhar muito bem, e vivia de pequenos serviços. Todo o dinheiro que ganhava era destinado aos vícios que Yozo adquiriu na capital. Mulheres, cigarros e álcool. Para fugir da realidade que o cercava e oprimia, Yozo passou a fumar muito, a ter sempre uma prostituta a lhe saciar, e também a beber de forma cada vez mais descontrolada.

“Com o tempo aprendi que bebidas, cigarros e prostitutas eram os instrumentos de que dispunha, ainda que de forma temporária, para dissipar meu pavor dos seres humanos. Mesmo se precisasse vender tudo que possuía para dispor desses instrumentos, eu o faria de bom grado.”

Entre uma bebedeira e outra, Yozo e Horiki se divertiam nas noites japonesas. Entrando em uma condição de torpor pela sua existência, Yozo passou a frequentar as reuniões clandestinas do Partido Comunista Japonês. Logo, ele era convocado para fazer algum trabalho para o grupo, e se tornou, em pouco tempo, um dos membros mais ativos. O perigo da repressão e o risco de ser preso fizeram Yozo vivo novamente. Porém, como tudo para Yozo, até mesmo aquela importância atribuída a ele era efêmera. E novamente entregue aos vícios do cigarro e do álcool, Yozo foi ao fundo do poço mais uma vez.

E novamente ele viu uma saída para aquela situação. Conheceu Shizuko, uma mulher que entendia as angústias de Yozo. Eles passaram a morar no mesmo apartamento, junto de Shigeko, filha do primeiro casamento de Shizuko. Yozo voltou a desenhar e com a ajuda de Shizuko começou a vender seus mangás. Durante esse período, Yozo conseguiu se afastar um pouco de seus vícios, mas logo essa realidade voltou a oprimí-lo. Um dia, retornando para casa, Yozo abriu a porta devargar e viu Shizuko e Shigeko brincando com um coelho que haviam comprado. Vendo a felicidade estampada no rosto das duas, Yozo virou as costas e nunca mais retornou.

“A vida humana está repleta de seres humanos enganando uns aos outros sem sequer se magoar por isso, como se nem mesmo percebessem que estão se enganando mutuamente. Exemplos vívidos, puros, alegres e serenos de insinceridade. Não tenho, no entanto, nenhum interesso em enganos mútuos. Eu mesmo passava o dia todo, da manhã à noite enganando as pessoas com minhas palhaçadas.”

Novamente, a vida o sufocava. Suas angústias com a existência só aumentavam. Quando decidiu parar de fumar, depois de cuspir sangue, Yozo passou de um extremo a outro. Trocou o vício em cigarro pelo vício em morfina. A mulher que trabalhava na farmácia, com pena da condição miserável de Yozo, cedia os frascos do entorpecente. Yozo se drogava para fugir da realidade que o rodeava. Ele queria fugir de si mesmo, pois sempre que se olhava no espelho, enxergava o vazio de sua alma.

Sem muitas motivações para viver, Yozo foi encontrado pelo irmão mais velho. Ele soube, então, que era a vergonha da família. Yozo recebeu a ajuda do irmão mais velho. Foi levado para uma casa afastada de Tóquio, próximo à costa. Uma casa grande e velha. Yozo passou a ser acompanhado por uma idosa de 60 anos que foi contratada para cuidar dele. Mesmo aos 27, Yozo tinha os cabelos completamente brancos e aparentava ter 40 anos. Suas dores no peito aumentaram e ele passou a sangrar mais.  A morte de seu pai o esvaziou por completo. Sozinho na casa como na vida, Yozo era apenas uma casca. Diante da finitude da vida, Yozo chegou ao limite de sua existência e entendeu que a partir daquele momento, o resto seria silêncio.

“Já não há mais felicidade ou infelicidade para mim. Tudo passa. Apenas isso. Essa é a única coisa próxima a uma verdade que encontrei no mundo dos chamados “seres humanos”, o inferno onde eu tenho vivido até agora. Tudo passa.”

Declínio de um Homem – Conclusão

Declínio de um Homem é um livro forte. Inevitavelmente, cada ser humano encara a vida a seu modo peculiar. Alguns conseguem passar pelas adversidades de forma mais tranquila, outros se veem navegando em mares sempre revoltos. A densidade do livro está no fato de que, ao conhecermos a vida do autor, percebemos que Yozo é um alter ego de Osamu Dazai. A vida de Yozo é a vida de Osamu. Ambos mantiveram seus vícios em álcool e cigarro até o fim de suas vidas; ambos lutaram contra uma depressão profunda; mas, infelizmente, ambos sucumbiram às angústias e à solidão da existência.

A história e o personagem são profundos. Repletos de reflexões importantes sobre o mundo e as pessoas que nos rodeiam. O livro pode servir de gatilho para alguns leitores, então, recomenda-se moderação. Apesar das dificuldades da vida, sempre há uma saída. Amanhã será sempre um novo dia.

“Por volta do amanhecer, ela pronunciou pela primeira vez a palavra “morte”. Aquela mulher também parecia estar esgotada da condição de ser humano; e sempre que eu pensava sobre os meus temores mundanos, como dinheiro, o movimento, mulheres, estudos, parecia-me impossível continuar vivendo e tendo de suportar tudo aquilo. Aceitei sua proposta sem cerimônia.”

Indico o filme Ningen Shikkaku, de 2010. Uma adaptação direto do livro.

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Declínio de um Homem

Até a próxima!