Dom Casmurro
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Título: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
Editora: Edições Câmara
Páginas: 287

Resumo do livro Dom Casmurro

Dom Casmurro é um dos maiores livros da literatura brasileira. A obra, publicada em 1899, faz parte da fase realista do autor, onde os personagens ganham atitudes críticas aliada à densidade psicológica e filosófica. O livro é escrito em primeira pessoa por Bento Santiago, carioca de 54 anos, advogado solitário, que resolve passar sua vida a limpo. Para escrever sua vida em livro, Bentinho se inspira em imperadores romanos que mataram suas esposas adúlteras: César, Augusto e Nero. Já aqui o leitor começa a perceber o tema principal do livro.

Dom Casmurro – História

Morador da Rua Matacavalos, no Centro do Rio de Janeiro, Bentinho morava confortavelmente com sua mãe, seu tio Cosme, sua prima Justina e o agregado da família, José Dias. Além de escravos. O quintal de sua casa fazia vizinhança com o quintal da família do Sr. Pádua e da Dona Fortunata, que tinham como filha Capitolina, Capitu como a chamavam. Entre uma brincadeira e outra, ainda na infância, Bentinho viu surgir uma fagulha de amor em seu jovem coração.

“As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham…”

Logo percebeu que amava incondicionalmente Capitu. De um primeiro beijo tímido e rápido, Capitu e Bentinho rapidamente passaram às juras de amor eterno. Mas uma promessa feita pela mãe de Bentinho repentinamente mudou os planos do jovem casal. Dona Glória havia prometido que Bentinho entraria no seminário para virar padre. Promessa feita, nada haveria de mudar o destino de Bentinho, nem mesmo o amor. Mas as juras de amor não eram proibidas, e os jovens juraram que iriam se guardar para quando o seminário acabasse. Nesse meio tempo, Bentinho confidenciou ao agregado José Dias o seu amor por Capitu, o que significava que a promessa de sua mãe nunca se cumpriria. Bentinho, então, encontrou em José Dias um aliado.

Durante o período do seminário, Bentinho conheceu aquele por quem manteria os mais sinceros sentimentos e nutriria a mais verdadeira amizade de sua vida: Ezequiel Escobar, ou somente Escobar. Escobar era filho de um advogado de Curitiba com pretensões de se tornar comerciante. Ambos compartilhavam, assim, os seus desejos de sair do seminário sem a ordenação que suas famílias tanto desejavam. Nas visitas para casa, Bentinho sempre levava Escobar. Dessa forma, Escobar logo ficou conhecido por todos, inclusive por Capitu. Com o fim do seminário, Escobar se tornou comerciante e Bentinho foi estudar Direito. O destino novamente cruzou a vida dos dois amigos. Escobar casou-se com Sancha, amiga íntima de Capitu. E em 1865, chegou a vez do tão esperado matrimônio entre Capitu e Bentinho.

“Estou que empalideci; pelo menos senti correr um frio pelo corpo todo. A notícia de que ela vivia alegre, quando eu chorava todas as noites, produziu-me aquele efeito, acompanhado de um bater de coração, tão violente, que ainda agora cuido de ouvi-lo. Há alguma exageração nisto; mas o discurso humano é assim mesmo, um composto de parte excessivas e partes diminutas, que se compensam ajustando-se. A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante.”

Escobar e Sancha tiveram uma menina, Capitolina. Bentinho e Capitu, um menino: Ezequiel. Apesar de exímio nadador, Escobar morreu afogado. Em seu enterro, Bentinho reparou que tanto Sancha quanto Capitu lançavam o mesmo tipo de olhar ao defunto. E o monstro do ciúme, que já vinha sendo alimentado há muito tempo por Bentinho, acabou por fisgá-lo. A partir desse momento, de forma mais contundente, Bentinho passou a desconfiar que Ezequiel e Capitu o traíam. Com o crescimento de seu filho Ezequiel, cresceu também a desconfiança de Bentinho. Ezequiel cada vez mais se parecia com Escobar. No olhar e nos trejeitos, a cada ano que passava, Ezequiel se tornava Escobar.

Não podendo suportar a suposta traição, Bentinho pensou até em matar seu filho, que nesse momento já tinha certeza que não era seu. Ele falou com Capitu sobre as suas desconfianças. Para que o divórcio não prejudicasse a sua carreira, levou Capitu e Ezequiel para morar na Europa, e aos poucos foi se afastando até que nunca mais saiu do Rio de Janeiro. Anos depois, já consolidado como advogado, Bentinho recebeu a visita de Ezequiel. Olhava para Ezequiel e só via Escobar. Nem a morte de Capitu trouxe algum ressentimento ou lembrança do lindo amor que sentiu pela ex-esposa. Pouco tempo depois, soube da morte de Ezequiel, e nem isso mudou a forma como enxergava o seu passado e a traição pela qual passara.

“Li a carta, mal a princípio e não toda, depois fui lendo melhor. Fugia-lhe, é certo, metia o papel no bolso, corria a casa, fechava-me, não abria as vidraças, chegava a fechar os olhos. Quando novamente abria os olhos e a carta, a letra era clara e a notícia claríssima.”

Dom Casmurro – Conclusão

Dom Casmurro é um livro singular. Cheio de significados e de nuances, paira até os dias de hoje a dúvida se Capitu de fato traiu Bentinho ou não. Primeiro é importante perceber que Capitu é uma personagem dúbia. Se mostra dona de si, cheia de certezas na vida, ao mesmo tempo em que jura esperar pelo tempo do seminário de Bentinho. Capitu se mostrou uma mulher forte, quebrando o paradigma do século XIX, e não esboçou reações adversas quando Bentinho falou-lhe sobre a desconfiança de uma traição. Seria um sinal de que foi finalmente descoberta? Como explicar que o filho de Escobar tivesse o seu nome, e que seu próprio filho tivesse as mesmas feições que Escobar?

Lembro-me de Otelo, de Shakespeare. Pela suposição de que Desdêmona o havia traído, Otelo a matou. Pela suposição de que Capitu o havia traído, Bentinho se separou de Capitu. Debater se a traição ocorreu ou não seria tema para um livro inteiro. Bentinho foi um homem fiel às suas convicções. Amou Capitu de forma ardente. Amou seu filho o quanto coube. Mas o ciúme também se tornou uma de suas convicções. Bentinho amou, enciumou, encolerizou, separou. E com a ruptura, apesar de andar para frente com a sua vida, Bentinho foi um homem traído.

“Pois até os defuntos! Nem os mortos escapam aos seus ciúmes.”

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Até a próxima!

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