Título: Ensaio Sobre a Cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 310
Resumo do livro Ensaio Sobre a Cegueira
José Saramago foi um escritor português ganhador do Prêmio Camões em 1995 e do Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Com um estilo próprio, o autor escreveu inúmeros livros de grande destaque na literatura mundial, incluindo Ensaio Sobre a Cegueira, publicado em 1995. José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo onde a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos dos personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento.
“Ainda que seja evidente o muito que de nuvem há em Juno, não é lícito, de todo, teimar em confundir com uma deusa grega o que não passa de uma vulgar massa de gotas de água pairando na atmosfera.”
Ensaio Sobre a Cegueira – História
Acompanhamos a epidemia de uma cegueira branca na humanidade. Tratando dessa forma, o livro poderia muito bem estar nas prateleiras da sessão de ficção científica, se não fosse pelo tratamento ímpar dado pelo autor. Saramago consegue colocar o Homem no centro de sua reflexão, toma conta de seus anseios e angústias, acompanha suas dores e suas lutas diante de tão grande adversidade, e mesmo assim, esse livro não nomeia nenhum personagem. Parece que Saramago não nomeia seus personagens para não encerrá-los em si mesmos, para proporcionar que o leitor se veja no ‘primeiro cego’, no ‘velho da venda preta’, ou no ‘garoto estrábico’.
A cegueira branca acometeu a humanidade aos poucos. Primeiro, em um motorista no trânsito, depois no médico que o examina e em todos os seus pacientes, até que uma massa de pessoas desesperadas se tornaram, de uma hora para outra, cegas. As autoridades decidiram então isolar os infectados em instituições abandonadas, e um grupo foi levado para um antigo manicômio. Lá, divididos em alas, os cegos, passados os primeiros sustos e incertezas, iniciaram o processo de se organizarem e constituírem ali o mínimo de civilidade. Mas como faz em tudo, o Homem falha miseravelmente quando o assunto é manter a civilidade.
“Tão longe estamos do mundo que não tarda que comecemos a não saber quem somos, nem nos lembrarmos sequer de dizer-nos como nos chamamos, e para quê, para que iriam servir-nos os nomes, nenhum cão reconhece outro cão, ou se lhe dá a conhecer, pelos nomes que lhe foram postos, é pelo cheiro que identifica e se dá a identificar, nós aqui somos como uma outra raça de cães, conhecemo-nos pelo ladrar, pelo falar, o resto, feições, cor da pele, dos olhos, do cabelo, não conta, é como se não existisse.”
Por mais incrível que pareça, a mulher do médico foi a única que ainda manteve a visão, mas ela mentiu sobre a sua condição para poder acompanhar seu marido. Mesmo enxergando, ela nada pôde fazer diante do horror e da violência que acometeu todos naquele manicômio. Um grupo de homens se apossou da comida e primeiro cobrou os objetos de valor em troca da alimentação, e depois cobraram as mulheres das alas para saciar suas vontades primitivas. O relato dos estupros coletivos me levou a querer pular as páginas, mas consegui manter a leitura apesar de sentimentos angustiantes terem invadido minha cabeça.
Ensaio Sobre a Cegueira – Conclusão
Eles finalmente conseguiram fugir do manicômio depois de um incêndio, apenas para descobrir que o mundo todo havia ficado cego e que a barbárie tinha tomado conta da humanidade. A busca por água e comida se tornou o motivo de sobrevivência da humanidade e o pequeno grupo que acompanhamos sofreu e suportou muitas adversidades. Tentaram manter um pouco de civilidade através de gestos simples, como um banho de chuva, e jantar sentados à mesa. Da mesma forma que a cegueira chegou, ela se foi.
“Estar cego não é estar morto, Sim, mas estar morto é estar cego.”
O Homem é tratado como ele é, um animal. E os instintos do animal Homem são muito bem mostrados nessa obra. Saramago nos incomoda mostrando o óbvio: o Homem controla a sua selvageria quando vive em sociedade, mas basta que o aspecto social sofra algum distúrbio e a natureza selvagem e primitiva do Homem se mostra.
Indico o filme Blindness, de 2008.
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Ensaio Sobre a Cegueira
Até a próxima!
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