Esaú e Jacó
Esaú e Jacó

Esaú e Jacó

Título: Esaú e Jacó
Autor: Machado de Assis
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 253

Resumo do livro Esaú e Jacó

Esaú e Jacó foi publicado em 1904, e é o penúltimo livro de Machado de Assis. Porém, o personagem Conselheiro Aires, do livro Memorial de Aires, é também um dos personagens centrais dessa história. Segundo a maioria dos críticos, o livro se destaca por consolidar a maestria de Machado de Assis no domínio da narrativa. Esaú e Jacó se insere na segunda fase da produção literária do autor, conhecida como fase realista-psicológica. Essa fase é marcada por uma análise profunda da psicologia dos personagens, pela crítica social e pela ironia sutil.

Esaú e Jacó – História

A história gira em torno dos irmãos gêmeos Pedro e Paulo, filhos de Natividade e Santos. Desde o nascimento, eles mostram personalidades opostas: Pedro é mais impulsivo e voltado para a ação, enquanto Paulo é introspectivo e contemplativo. A narrativa acompanha a vida dos gêmeos desde a infância até a vida adulta, explorando suas diferenças e a rivalidade sutil que existe entre eles. Machado de Assis utiliza a metáfora bíblica de Esaú e Jacó para representar essa dualidade e conflito fraterno.

A vida dos irmãos se complica com a chegada de Flora, uma jovem por quem ambos se apaixonam. Flora, por sua vez, fica dividida entre os dois, alimentando a rivalidade entre eles. O triângulo amoroso se desenvolve com Flora indecisa, Pedro e Paulo competindo por sua atenção, e a tensão crescente entre os irmãos. Flora é uma mulher inexplicável, pois, como um pêndulo, oscila entre a amizade e o carinho dos irmãos, sem contudo chegar a uma decisão. A narrativa explora as complexidades do amor, do desejo e da rivalidade fraterna.

“Camões afirmou que de certo pai só se podia esperar tal filho, e a ciência confirma esta regra poética. Pela minha parte creio na ciência como na poesia, mas há excessões, amigo. Sucede, às vezes, que a natureza faz ouotra coisa, e nem por isso as plantas deixam de crescer e as estrelas de lu

O Conselheiro Aires, personagem já conhecido de outras obras de Machado de Assis, e que seria o personagem principal de Memorial de Aires, atua como observador e comentarista dos acontecimentos. Para alguns críticos é o próprio alter ego do autor. Ele reflete sobre a natureza humana, a sociedade e os dilemas dos personagens, oferecendo uma perspectiva filosófica e irônica sobre a história. Aires representa a visão cética e desencantada de Machado de Assis sobre a vida e a sociedade de sua época.

O livro se passa no período de transição do Império para a República no Brasil. Machado de Assis retrata esse momento histórico como um pano de fundo para a história dos personagens, mostrando como as mudanças políticas e sociais afetam suas vidas e seus relacionamentos. A transição é descrita de forma irônica e crítica, revelando as contradições e os conflitos presentes na sociedade brasileira da época. Para pontuar as disputas que estavam ocorrendo na sociedade, o autor divide os irmãos: Pedro era monarquista e Paulo republicano.

“Na mulher o sexo corrige a banalidade, no homem, agrava.”

A narrativa desmistifica ideais românticos e progressistas, revelando a fragilidade das convicções humanas e a natureza ilusória do progresso. A visão de mundo cética e irônica de Machado de Assis é um ponto central nas análises filosóficas do livro. O Conselheiro Aires, com seu olhar desencantado sobre a vida, é uma personificação desse ceticismo. A obra é vista como uma crítica à sociedade brasileira do século XIX, que passava por um período de transição turbulento. Machado de Assis utiliza a história dos gêmeos para satirizar as instituições, os costumes e as ideologias da época. Na dúvida se Paulo e Pedro são iguais ou diferentes, está contido o fato de que república e monarquia são mera questão partidária de interesses de grupos políticos, que desejam apenas a alternância do poder.

“O leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava, ou parecia estar escondida.”

Esaú e Jacó – Conclusão

O título Esaú e Jacó faz referência a uma passagem bíblica do livro de Gênesis. Na história bíblica, Esaú e Jacó são gêmeos que representam a dualidade e a rivalidade fraterna. Machado de Assis utiliza essa referência para simbolizar a relação conflituosa entre os personagens Pedro e Paulo, gêmeos que protagonizam o romance. A escolha do título também se relaciona com o contexto histórico do livro, que aborda a transição do Império para a República no Brasil. Assim como Esaú e Jacó representam forças opostas, o livro retrata as tensões e os conflitos presentes na sociedade brasileira durante esse período de mudança. Além disso, o título remete à ideia de que a história se repete, com os mesmos conflitos e rivalidades se manifestando em diferentes épocas e contextos.

“Não é a ocasião que faz o ladrão. O provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: A ocasião faz o furto, o ladrão nasce feito.”

O livro termina com uma reflexão sobre a natureza da vida, a passagem do tempo e a futilidade dos desejos humanos. Machado de Assis não oferece respostas fáceis, mas convida o leitor a refletir sobre as complexidades da vida. À primeira vista, a vida parece simples. Mas um olhar atento nos revelará a complexidade que permeia a existência. E Machado de Assis tem essa capacidade: nos mostrar como as relações humanas são profundas e labirínticas.

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