Estação Carandiru
Estação Carandiru

Estação Carandiru

Estação carandiru

TítuloEstação Carandiru
Autor: Drauzio Varella
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 230

Resumo do livro Estação Carandiru

O livro é o relato do Dr. Drauzio Varella sobre os anos que passou na Casa de Detenção de São Paulo, vulgar e mundialmente conhecida como Carandiru. Inicialmente, Drauzio entrou na cadeia para participar de uma campanha de conscientização dos presos para o risco da AIDS, que crescia assustadoramente entre os detentos. O terror que o doutor sentiu quando entrou na cadeia pela primeira vez e o portão atrás dele fechou significa muito. Primeiro, o fato óbvio de estar preso dentro de uma cadeia junto a diversos tipos de bandidos e malandros, de estupradores e assassinos até estelionatários e ladrões de galinha. E o segundo, mais sutil, de natureza humana: ficar sem sua liberdade.

Neste livro, procuro mostrar que a perda da liberdade e a restrição do espaço físico não conduzem à barbárie, ao contrário do que muitos pensam. Em cativeiro, os homens, como os demais grandes primatas, criam novas regras de comportamento com o objetivo de preservar a integridade do grupo.

Como o projeto tinha prazo de validade, ao seu fim Drauzio se viu na difícil missão de abandonar aquelas pessoas tão necessitadas de acompanhamento médico. Haviam médicos na cadeia, mas todos desmotivados. Ele decidiu então assumir uma das enfermarias do pavilhão 2 e atender quem precisasse. Dessa forma, começou um dos mais surpreendentes relatos sobre o dia a dia da maior cadeia da América Latina. Com o interesse e o respeito dos presos, Drauzio vai mostrando um pouco da vida de cada um dos presos que mais chamaram a sua atenção, seja pela malandragem, seja pela crueldade, seja pela humanidade presente em cada um deles.

Mataram meu irmão. Depois de uns dias, o assassino teve um encontro com a morte. A suspeita recaiu-se sobre a minha pessoa. Uns dizem que fui eu, mas não viram, e outros dizem que viram que eu não fui. E, nessa de uns achar que fui eu sem ver e outros ver que não, eu estou aqui na expectativa do que o juiz vai decidir.

Dr. Drauzio faz verdadeiros inventários sobre diversos aspectos da cadeia: a localização, o funcionamento, e o tipo de preso que havia em cada um dos 7 pavilhões; o funcionamento da limpeza dos pavilhões a cargo dos próprios presos; o funcionamento do dia de visitas. Porém, o aspecto humano é muito forte na obra. Ao contar como alguns presos haviam chegado à cadeia, o relato é desprovido de julgamento, o tratamento do doutor idem: sem julgamento. Mesmo no tratamento de travestis, estupradores ou evangélicos, o respeito e a medicina falavam mais alto.

Para começar, uma grande dificuldade, além da burocracia, eram as condições extremamente insalubres das celas. Ninhos de proliferação de sarnas, micoses, dermatites, viroses de todos os tipos, e tuberculose. Tudo aliado ao consumo excessivo de drogas, primeiro cocaína injetável depois crack, transformavam a enfermaria do pavilhão 2 em um verdadeiro hospital de guerra. Com muito tato e profissionalismo, Dr. Drauzio conseguiu trazer um pouco de humanidade àqueles que mais necessitavam.

Com mais de vinte anos de clínica, foi no meio daqueles que a sociedade considera como escória que percebi com mais clareza o impacto da presença do médico no imaginário humano, um dos mistérios da minha profissão.

E então ocorreu a rebelião, famosa, em 2 de outubro 1992, onde, pelas estimativas da PM, 111 homens perderam a vida. Pelas estimativas dos presos o número de mortos passou de 200, fora os feridos que nunca mais voltaram. Drauzio tinha o relato dos presos, ou seja, a sua visão dos acontecimentos. Ele não tenta empurrar goela a baixo do leitor quem está certo ou errado, mas o livro tem uma tendência a dignificar o preso na cadeia, que podemos também entender como humanizar o detento. 

Estação Carandiru – Conclusão

O livro marca um ponto importante na discussão sobre a população carcerária no Brasil, uma das maiores do mundo. Muitos “ladrões de galinha” estão presos, enquanto políticos que desviam milhões estão soltos. A quantidade de detentos no Brasil é um retrato de um judiciário falho e por vezes ausente. Mas também é uma consequência de um histórico de injustiças e preconceitos, aliado a uma marginalização dos pobres e oprimidos. Mas uma pergunta que não sai da minha cabeça é: será mesmo que todos têm direito a uma segunda chance?

Indico o filme Carandiru, de 2003, dirigido por Hector Babenco.

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Estação Carandiru

Até a próxima!