Holocausto Brasileiro
Holocausto Brasileiro

Holocausto Brasileiro

Holocausto brasileiro

Título: Holocausto Brasileiro
Autor: Daniela Arbex
Editora: Geração
Páginas: 230

Resumo do livro Holocausto Brasileiro

Daniela Arbex faz um trabalho primoroso nesse livro. Através de uma pesquisa séria, a autora entrou no Hospital Psiquiátrico de Barbacena-MG, chamado de Colônia, e desnudou todo o horror que teve lugar dentro daqueles muros. Os relatos são chocantes, as fotos impactantes. É difícil acreditar que tamanha barbaridade aconteceu no Brasil, com a anuência de consecutivos governos estadual, municipal e federal, com o apoio da Igreja Católica, e de renomadas Universidades Públicas, além da participação de um corpo médico permanente.

“Marlene foi surpreendida pelo odor fétido, vindo do interior do prédio. Nem tinha se refeito de tamanho mal-estar, quando avistou montes de capim espalhados pelo chão. Junto ao mato havia seres humanos esquálidos. Duzentos e oitenta homens, a maioria nu, rastejavam pelo assoalho branco como tozetos pretos em meio à imundície do esgoto aberto que cruzava todo o pavilhão.”

Através de depoimentos de ex-funcionários, conhecemos os meandros do Colônia. O despertar às 5 horas da manhã, a ida para o pátio mesmo nos dias mais frios, a péssima alimentação. Todas as manhãs, o capim que era colocado no chão para que os internos pudessem dormir era retirado para secar, e todos os dias pelo menos um corpo era encontrado sem vida. Aos pacientes mais violentos o tratamento era mais desumano, banhos frios, mesmo no inverno, e o terrível eletrochoque. Se o interno não era diagnosticado com algum distúrbio psicológico na entrada do Colônia, certamente adquiria algum durante o período de internação.

Para piorar o quadro, que por si só já era trágico, a autora nos conta a história de diversos pacientes, homens e mulheres, que foram levados para o Colônia sem qualquer tipo de problema psicológico. Mulheres que eram internadas porque engravidaram solteiras, porque eram amantes de pessoas importantes, porque haviam sido estupradas e estavam grávidas, ou por brigas na família. Homens que eram internados porque eram tristes e não se misturavam com os demais, por desentendimentos familiares, por perseguições políticas, e tantos outros motivos que chocam pelo absurdo, como autistas.

“Começara a trabalhar num campo de concentração travestido de hospital. Apesar de estar tomada pela indignação, sentiu-se impotente diante da instituição tradicional que mantinha, com o apoio da Igreja Católica, as portas abertas desde 1903. A estimativa é que 70% dos atendidos não sofressem de doença mental. Por isso, o Colônia tornou-se destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos.”

A semelhança com os campos de concentração nazista não ficava apenas dentro dos muros, havia uma estação de trem em Barbacena que se tornou a principal porta de entrada para todos os enviados ao Colônia. O “Trem de Doido”, como ficou conhecido, guarda em sua história a morbidez e o absurdo de sua existência. Excluídos sociais foram enviados ao Colônia de toda parte do Brasil através desse trem.

A conivência de uma parte da classe médica só não foi maior que uma outra parcela de médicos que lutou e trabalhou para transformar o tipo de tratamento que era dado no Colônia. Lutaram para que a lei anti-manicomial fosse aprovada. Depois de tantos anos, finalmente aqueles que possuíam algum distúrbio mental puderam ser tratados como seres humanos.

“Dentro do hospital, apesar de ninguém ter apertado o gatilho, todos carregam mortes nas costas.”

Os relatos do dia a dia do Colônia são nauseantes, e são agravados pelo fato de que é tudo verdade, aquelas situações realmente aconteceram, com pessoas reais que realmente morreram de frio, de fome, de diarreia, de inanição. Enfim, um livro para aqueles de estômago e corações fortes.

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Holocausto Brasileiro

Até a próxima!