Título: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Editora: Martin Claret
Páginas: 394
Resumo do livro Madame Bovary
Gustave Flaubert foi um escritor francês. Prosador importante, Flaubert marcou a literatura francesa pela profundidade de suas análises psicológicas, pelo seu senso de realidade, pela sua lucidez sobre o comportamento social, e pela força de seu estilo em grandes romances. Madame Bovary, sem dúvida o seu trabalho mais famoso, foi publicado em outubro de 1856. Resultado de cinco anos de trabalho, o romance é uma dura depreciação dos valores burgueses. Segundo alguns críticos conservadores, Flaubert ridiculariza sua própria condição social.
Apesar da suspensão da cena, a censura decidiu suspender a publicação da obra e processar o autor, sob a acusação de “imoralidade”. Em janeiro de 1857, Flaubert sentou no banco dos réus, mas foi absolvido. Muitos escritores imaginaram a continuação deste grande clássico da literatura do séc. XIX, como em Mademoiselle Bovary de Maxime Benôit-Jeannin e publicado em 1991. Esta sequência é a continuação oficial da obra prima de Flaubert.
“Como pudera ela (tão inteligente!) enganar-se uma vez mais? Afinal, por que deplorável cegueira enterrara assim a existência em contínuos sacrifícios? Lembrou-se de todos os seus desejos de luxo, de todas as privações de sua alma, da abjeção do casamento, dos trabalhos domésticos, de seus sonhos caídos na lama como andorinhas feridas, de tudo que desejara, de tudo de que se privara, de tudo que poderia ter obtido. E por quê? Por quê?”
Madame Bovary – História
A história começa com a entrada de Carlos Bovary na escola. Vindo de uma humilde família do campo, Carlos possuía o desejo de tornar-se médico. Apesar de sofrer todo tipo de preconceito pela sua origem, Carlos se formou e decidiu trabalhar pela saúde das pessoas. A história dá um salto de alguns anos e Carlos estava agora casado com uma velha viúva. O casamento dos dois foi arranjado pela família Bovary para prover Carlos de alguma renda. Carlos então visitou o Sr. Rouault e se apaixonou por sua filha Emma. Após a morte da esposa de Carlos, o casamento com Emma foi arranjado e o casal se mudou para Tostes.
Em Tostes, Carlos começou a trabalhar incansavelmente como médico, enquanto que Emma se tornou uma excelente dona de casa. Até que um dia, o casal recebeu um convite para um baile na casa do Marquês d’Andervilliers e todo aquele luxo da corte francesa deslumbrou Emma, que passou a sonhar com uma vida repleta de pompa e circunstância.
“O que a exasperava era Carlos não lhe dar o menor sinal de que suspeitasse de sua agonia. A convicção dele de que a fazia feliz parecia à moça um insulto imbecil, e sua segurança a maior das ingratidões. Para quem, pois, se conduzia ela ajuizadamente? Não era para ele, Carlos, o obstáculo de toda a sua felicidade, a causa de toda a sua miséria, e como que a fivela pontuda dessa complexa correia que a prendia de todos os lados?”
Com a cabeça cheia de fantasias românticas, Emma se deu conta de que a vida de casada não era aquele sonho maravilhoso retratado nos livros que lia. Nem mesmo o nascimento da filha conseguiu deixá-la menos entediada e frustrada com a vida que escolhera. Sentia-se infeliz, cansada do marido, pois sabia que Carlos jamais conseguiria satisfazer seus desejos de amor. Para satisfazer suas volúpias, Emma decidiu enveredar pelo caminho do adultério. O primeiro homem a tomar parte do amor incontrolável de Emma foi Rodolfo.
Emma não se conteve, amou tanto Rodolfo que decidiu fugir com ele. Contudo, Rodolfo tinha muito a perder e decidiu abandonar Emma no dia da fuga. Emma então se entregou à religiosidade. Tornou-se taciturna, passando grande parte do dia de joelhos em frente ao altar. Mas a paixão inflamável que habitava Emma se incendiou. Novamente, não encontrando meios de satisfazer seus desejos encontrou Leon, jovem que por ela também nutria sentimentos amorosos.
“Pela diversidade de seu caráter, alternativamente mística ou alegre, faladora, taciturna, arrebatada, indolente, despertava-lhe mil desejos, evocando instintos ou reminiscências. Emma era a apaixonada de todos os romances, a heroína de todos os dramas, a vaga ‘ela’ de todos os volumes de versos. Achava-lhe nos ombros a cor de âmbar da ‘odalisca do banho’; tinha o colete pontiagudo das castelãs feudais; assemelhava-se também à ‘mulher pálida de Barcelona’, mas era sobretudo um anjo!”
Emma e Leon tornaram-se amantes. Emma se entregou a ele como nunca havia se entregado a ninguém. O amor novamente floresceu no peito de Emma, mas novamente existia uma barreira: a idade. Leon logo se apaixonou por outra mulher mais nova. O fim de mais um amor tornou-se também a ruína de Emma. Não podendo mais amar, nem ser amada. Nem mesmo o marido fiel e a filha pequena conseguiram trazer à Emma o brilho dos olhos, o sorriso dos lábios, os carinho das mãos. No fim de tudo Carlos descobriu as cartas de Rodolfo e Leon, mas perdoou a querida e amada esposa por quem foi devoto durante tantos e tantos anos.
Madame Bovary – Conclusão
Mas nem só de amor e adultério é feito esse livro. É perceptível o direcionamento claro do autor à classe burguesa, a qual ele mesmo fazia parte, sem negar. Esta involuntária participação na sociedade de consumo que se formava no século XIX, impulsionada pela Revolução Industrial, criando necessidades pessoais de consumo, levou Flaubert a criticar sua dependência econômica e social neste meio. Emma, além de sonhadora, era uma mulher insatisfeita, mesmo não lhe faltando nada e tendo a possibilidade de comprar o que achasse necessário, afogou a família em dívidas feitas ao longo da trama.
“Mas ao escrever, tinha no espírito outro homem, um fantasma composto das suas mais ardentes lembranças, das suas leituras mais belas, das suas mais fortes ansiedades; e afinal este se tornava tão verdadeiro e acessível, que Ema palpitava por ele, maravilhada, sem contudo poder imaginá-lo claramente, tanto ele se perdia, como um Deus, na abundância dos atributos. Habitava na região azulada em que as escadas de seda se balouçam pendente dos balcões, ao aroma das flores e ao luar. Sentia-o junto de si, ia aparecer-lhe e arrebatá-la toda em beijo. Depois sofria uma grande queda e tudo se despedaçava; porque aqueles impulsos de amor vago a fatigavam mais que a lascívia da libertinagem.”
Um livro à frente de seu tempo, sem dúvida. Todos os sentimentos de Emma são viscerais. Desejos ardentes, amores intensos, adultério permissivo e uma crítica aos costumes consumistas da época. Flaubert nos brinda com uma obra prima da literatura mundial.
Indico a adaptação para o cinema de 2014, Madame Bovary.
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Madame Bovary
Até a próxima!