Título: Memorial de Aires
Autor: Machado de Assis
Editora: Ática
Páginas: 135
Resumo do livro Memorial de Aires
Joaquim Maria Machado de Assis é considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores, senão o maior nome da literatura brasileira. O autor escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. E quem nunca foi “obrigado” a ler Machado de Assis na escola? Um português difícil de entender, uma história “nada a ver”, e por aí vai. Contudo, me coloquei esse desafio de fazer uma releitura de Machado de Assis à luz da minha experiência de vida e de leitor. E preciso dizer que é uma bela leitura.
Memorial de Aires – História
Memorial de Aires é um diário, na verdade um período de pouco mais de um ano, do Sr. Aires, sexagenário que retorna ao Rio de Janeiro depois de se aposentar do serviço de diplomata, no qual serviu por toda uma vida. Ao retornar à sua residência no Catete, Aires retoma as amizades que ficaram e acompanha ao longe a situação do Império. Esse livro se passa entre os anos de 1888 e 1889.
“A vida, mormente nos velhos, é um ofício cansativo.”
Aires então reencontrou com sua irmã Rita e com o casal Aguiar e D. Carmo. Além disso, uma bela mulher chamou a sua atenção: Fidélia, viúva do Sr. Noronha. E logo uma aposta se fez entre Aires e Rita: será que a jovem viúva casaria novamente? Aires assim apostou, e gostaria que fosse com ele. As coisas pareciam se encaminhar bem para Aires, uma vez que Fidélia era como uma filha para o casal Aguiar, e sempre que podia jantava na casa destes no Flamengo. Aqui vale citar o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX, que o autor pincela com doses homeopáticas, entre um jantar e outro. Tudo pelas palavras escritas por Aires em seu diário.
“Ao vê-la agora, não a achei menos saborosa que no cemitério, e há tempos em casa de mana Rita, nem menos vistosa também. Parece feita ao torno, sem que este vocábulo dê nenhuma ideia de rigidez; ao contrário, é flexível. Quero aludir somente à correção das linhas, – falo das linhas vistas; as restantes adivinham-se e juram-se. Tem a pele macia e clara, com uns tons rubros nas faces, que lhe não ficam mal à viuvez. Foi o que vi logo à chegada, e mais os olhos e os cabelos pretos; o resto veio vindo pela noite adiante, até que ela se foi embora. Eu, depois de alguns instantes de exame, eis o que pensei da pessoa.”
Mas havia outro no caminho de Aires, o jovem Tristão. Tristão era o filho que o casal Aguiar não teve, e que passou a morar em Portugal. Para o azar de Aires, Tristão resolveu voltar para uma visita justamente no momento em que Fidélia se aproximava mais da família Aguiar. O encontro de jovens corações livres possui uma força que é difícil combater. Depois de alguns encontros e jantares, Tristão e Fidélia decidiram casar e se mudar para Portugal, onde Tristão se tornaria Deputado. Para Aires ficou o prêmio de consolação, já que ele apostou com a irmã que Fidélia casaria novamente.
Memorial de Aires – Conclusão
Mas o livro vai muito além da história de Aires. Acompanhamos um dos momentos mais importantes da história do Brasil. Aires comenta (de forma leve) a abolição da escravidão em maio de 1888. Ele não se coloca a favor nem contra, apenas incrédulo com a coragem do governo imperial em tomar tal ação, e com um leve toque de crítica ao relatar uma conversa com um grande fazendeiro que estava alforriando seus escravos antes da lei, por achar que os mesmos estavam lá por que gostavam e que com ou sem lei, eles ficariam na fazenda trabalhando para ele.
“Se alguém lesse achar-me-ia mau, e não se perde nada em parecer mau; ganha-se quase tanto como em sê-lo.”
Outra nuance interessante do livro é a forma como a velhice é tratada. Aires, já sexagenário, acredita ainda em sua virilidade, mas sabe que não é páreo para um jovem como Tristão, principalmente pela consciência de suas dores e do mal humor que sempre o acompanham. Além disso, com a partida de Fidélia e Tristão para Portugal, o casal Aguiar fica novamente sozinho e a melancolia que os acompanha no final do livro é marcante. O livro deixa algumas reflexões que gostei bastante. Todos ficaremos velhos, pois como disse Shakespeare: “A velhice é inevitável, mas a sabedoria é um ganho”, Aires aproveitou sua juventude para se dedicar àquilo que gostava, e agora aproveitava sua velhice com o que ela lhe proporcionava: dores, mal humor, amizades que morriam e o tempo que escorria por entre os seus dedos.
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Memorial de Aires
Até a próxima!
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