Título: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
Editora: Ateliê Editorial
Páginas: 309
Resumo do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas
Livro publicado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas é um marco na literatura brasileira. Críticos e historiadores literários consideram essa obra como o marco do Realismo nacional. A narrativa não é linear para retratar a cidade do Rio de Janeiro do final do século XIX com ironia, pessimismo e indiferença. O autor mantém traços de seu estilo literário, contudo, também aproveita um novo estilo para criticar a escravidão, o cientificismo, as classes sociais e até mesmo uma sátira ao darwinismo social, através da pretensa filosofia do Humanitismo, que será desenvolvida posteriormente no livro Quincas Borba.
O livro é considerado uma das obras mais revolucionárias e inovadoras da literatura nacional, traduzido para diversos idiomas, que influenciou, e influencia até hoje, inúmeros autores nacionais e internacionais.
“Usualmente, quando perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte e a contá-las assim:
– Outra de menos…
– Outra de menos…”
Memórias Póstumas de Brás Cubas – História
O personagem principal é Brás Cubas. Um membro da elite carioca do final do século XIX que, após a sua morte, se dispõe a escrever uma autobiografia. Ele próprio se intitula um ‘defunto autor’. Brás Cubas tenta traçar uma história de sua vida, revendo e revisitando os principais acontecimento de sua trajetória. A sua infância foi abastada, se comparada com tantas outras, e já se antevia um futuro promissor. Brás Cubas podia fazer tudo e apesar de pedir perdão pelos pecados antes do café da manhã e após a janta, cometia todo tipo de abusos e brincadeiras entre esses momentos. Mas a juventude trouxe o verdadeiro motivo da atenção de Brás Cubas: as mulheres.
O primeiro amor de Brás Cubas é Marcela. Prostituta de luxo que cobrava de Brás Cubas atenção e presentes caros. Uma paixão efêmera que durou “quinze meses e onze contos de réis.” Para salvaguardar as economias da família, Brás Cubas foi enviado para estudar em Coimbra, onde se formou em Direito e deu vazão aos seus desejos juvenis nas noites portuguesas.
“Vós que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói a natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
Em seu retorno, Brás Cubas iniciou um romance com a filha de uma criada, mas que logo foi afastada do caminho de Brás Cubas por ser coxa. Novamente, a vida de Brás Cubas sofreu uma intervenção da família. O pai, com o desejo de iniciar o filho na vida política do país, arranjou o casamento com Virgília, filha do Conselheiro Dutra, que apadrinharia o futuro genro. Porém, o noivado terminou sem a consumação do casamento. Virgília casou-se com o político Lobo Neves e Brás Cubas ficou novamente solteiro.
O tempo passou e Brás Cubas encontrou-se novamente com Virgília, e o sentimento morno do noivado deu lugar uma paixão avassaladora. Virgília e Brás Cubas amavam-se verdadeiramente e nada poderia atrapalhar o furor daquela paixão. Brás Cubas conseguiu alugar uma casa para poder encontrar-se com Virgília e juntos passaram muitas e muitas tardes acaloradas. O relacionamento entre os dois foi o mais longínquo na vida de Brás Cubas, amaram-se verdadeiramente, apesar da proibição e dos segredos que precisavam guardar. Mas como tudo na vida, acabou. Brás Cubas então voltou para o seio da sociedade carioca da segunda metade do século XIX e chegou mesmo a alcançar cargos de grande vulto na política, até que se reencontrou com um grande amigo: Quincas Borba.
“E aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto que induz o homem a arrancar à morte um farrapo a menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum. parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.”
Quincas Borba mostrou a Brás Cubas o Humanitismo, uma filosofia de vida nova. A substância da qual emanam e para qual convergem todas as coisas. O Humanitismo se proclamava a única verdade. E essa verdade encontrou terreno fértil nos pensamentos de Brás Cubas. Aos poucos o personagem principal adquiriu a consciência da vida que a idade avançada proporciona. Se manteve solteiro, apesar de ter sido um amante inveterado durante toda a vida. Decidiu criar o “emplasto Brás Cubas”, um remédio que curaria todas as doenças. Ironicamente, numa de suas saídas à rua para cuidar de seu projeto, molhou-se na chuva e pegou uma pneumonia, da qual veio a falecer, aos 64 anos.
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Conclusão
Revendo antigos amores e revivendo antigos pensamentos, Brás Cubas se encontrou com a morte e o livro fechou seu ciclo. Conhecemos assim a Gênese e o Apocalipse de Brás Cubas e é possível começar de novo e de novo até que todos os seus sentidos sejam entendidos.
Um livro que possivelmente se mostra diferente para cada leitor. A proximidade da morte transformou Brás Cubas, e são suas ideias e sentimentos sobre esse momento da vida, que são as melhores passagens desse livro. Um livro que jamais se encerrará em qualquer resenha.
“Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito desse livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”
Indico o filme baseado no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 2001
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Memórias Póstumas de Brás Cubas
Até a próxima!
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