Mênon

Menon

Título: Mênon
Autor: Platão
Editora: Ediouro
Páginas: 34

Resumo do livro Mênon

Na tradição filosófica ocidental os diálogos de Platão basicamente se dividem em três ‘momentos’ da vida do filósofo ateniense: os primeiros escritos estão na categoria ‘diálogos socráticos’ onde o personagem principal é o filósofo Sócrates e a principal característica é a aporia, ou seja, a dúvida. São diálogos que buscam a explicação para perguntas que começam com ‘O que é…’.

No segundo grupo estão os ‘diálogos da maturidade’, onde Platão inicia um processo de moldar a própria forma de pensar. Sócrates ainda é o principal personagem, mas o pensamento de Platão se torna mais visível, mesmo nas palavras do personagem Sócrates. O terceiro e último grupo é conhecido como ‘diálogos da velhice’ onde Platão já quase não utiliza Sócrates como personagem e o seu pensamento está amadurecido. É o momento onde Platão tece as suas principais teorias, como a imortalidade da alma, como a criação e formação do mundo, e sobre o melhor governo. Mas é importante lembrar que essa divisão é um debate quase antigo quanto as obras de Platão.

Esse diálogo que trago é do primeiro grupo, é um diálogo socrático que busca resposta para a pergunta: ‘O que é virtude?’.

“Mênon – Podes dizer-me, Sócrates: a virtude é coisa que se ensina? Ou não é coisa que se ensina mas que se adquire pelo exercício? Ou nem coisa que se adquire pelo exercício nem coisa que se aprende, mas algo que advém aos homens por natureza ou por alguma outra maneira?”

E Sócrates então colocou em prática o seu famoso método socrático. Através de um jogo de perguntas, levou seu interlocutor a colocar em dúvida todas as suas certezas. Antes de dizer o que é virtude, ele propõe pensar se a virtude é algo que se ensina. Para que seja algo a se ensinar a virtude precisa de mestres versados naquilo que ele chama de conhecimento sobre o que é virtude. Passam a limpo alguns nomes, e Sócrates, com pitadas de ironia e espetadas em seus maiores críticos, mostrou para Mênon que não existem mestres em virtude naquela cidade.

A questão continua a ser debatida e Sócrates então propôs outra perspectiva. Ele afirmou ser possível que a virtude seja natural ao homem, pois como alguns buscam sempre o bem e outros não, é possível que a alma já tenha apreendido, através de suas inúmeras transmigrações, inclusive através do Hades, o que seja a virtude, e tenha internalizado suas prerrogativas. E nesse momento, Sócrates quis mostrar a Mênon que o que fazemos não é aprender e sim rememorar. Inicia um dos mais conhecidos trechos do diálogo.

Sócrates pediu a Mênon que chamasse um de seus escravos, e Sócrates, novamente através de perguntas, fez o escravo perceber um conhecimento sobre geometria que antes da conversa com Sócrates ele julgava não ter. A versão do diálogo que li conta com uma explicação detalhada dos desenhos que Sócrates vai descrevendo durante a conversa com o escravo de Mênon, e é simplesmente sensacional acompanhar o raciocínio que Sócrates propõe. Ao final, e como é bem comum nos diálogos socráticos, Sócrates e seu interlocutor não conseguem responder a pergunta inicial. E talvez você se pergunte: então o livro não tem fim? E eu te respondo: Não!! E é ótimo não ter fim.

“Mênon – E de que modo procurarás, Sócrates, aquilo que não sabes absolutamente o que é? Pois procurarás propondo-te procurar que tipo de coisa, entre as coisas que não conheces? Ou, ainda que, no melhor dos casos, a encontres, como saberás que isso que encontraste é aquilo que não conhecias?”

Platão deixa para você, leitor, a tarefa de pensar o que é a virtude. A Filosofia não é um saber em si, ela não se fecha em suas teorias. Se você achar uma resposta para uma questão ela nunca será a palavra final. Na minha opinião, Filosofar não é ter devaneios, não é ficar pensando em demasia e esquecer a realidade, não é fazer perguntas vazias. Filosofia é uma atitude diante da vida.

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Mênon

Até a próxima!