O Ateneu
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Título: O Ateneu
Autor: Raul Pompeia
Editora: Edições de Ouro
Páginas: 217

Resumo do livro O Ateneu

Raul Pompeia foi um importante escritor brasileiro do século XIX. Com uma sólida formação cultural, leitor em diversas línguas, Pompeia tinha acesso fácil ao pensamento europeu que chegava ao Brasil. De temperamento impávido, Raul Pompeia não fugia das grandes discussões e teve atrito com monarquistas e escravocratas. Era malvisto por seus professores da Faculdade pelas suas ideias republicanas e abolicionistas. Já na República, durante o governo de Prudente de Morais, Raul Pompeia fez um discurso inflamado no enterro do ex-presidente Floriano Peixoto, enaltecendo a figura do ex-presidente e tecendo críticas ferozes contra o presidente em exercício.

Por esse posicionamento, Pompeia teve um sério atrito com Olavo Bilac e Luís Murat. Este último escreveu um artigo chamado “Um Louco no Cemitério”, fazendo referência ao evento com Pompeia. Tais perturbações o levaram ao suicídio em 25 de dezembro de 1895, no escritório da casa em que morava com sua mãe, que assistiu à morte. Nunca se casou e nem teve filhos. Suas últimas palavras foram deixadas em um bilhete: “Ao jornal A Notícia, e ao Brasil, declaro que sou um homem de honra”. “O Ateneu” é a sua obra mais famosa.

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta. Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura, à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.”

O Ateneu – História

O romance é uma narrativa autobiográfica, apresentada como as memórias de Sérgio, um jovem que narra sua experiência na instituição educacional chamada “Ateneu“. A história se passa no Rio de Janeiro do final do século XIX e é contada em primeira pessoa, oferecendo uma visão intimista e detalhada da vida no internato. Sérgio descreve suas interações com colegas de classe, professores e funcionários, revelando as dinâmicas sociais e os conflitos que ocorrem dentro do ambiente escolar.

Um dos aspectos mais marcantes do livro é a descrição vívida e muitas vezes sombria do ambiente do Ateneu, com suas regras rígidas, hierarquias sociais e pressões acadêmicas. Raul Pompeia retrata o internato como um microcosmo da sociedade brasileira da época, onde as relações de poder, a influência da classe social e a busca pelo sucesso pessoal se entrelaçam de maneira complexa.

“Isto é multidão; é preciso força de cotovelos para romper. Não sou criança, nem idiota; vivo só e vejo de longe; mas vejo. Não pode imaginar. Os gênios fazem aqui dois sexos, como se fosse uma escola mista. Os rapazes tímidos, ingênuos, sem sangue, são brandamente impelidos para o sexo da fraqueza; são dominados, festejados, pervertidos como meninas ao desamparo.”

Ao longo da história, Sérgio se envolveu em diversas situações e relacionamentos que o moldaram e o afetaram profundamente. Ele lidou com questões como amizade, rivalidade, competição acadêmica e descobertas pessoais. O romance também aborda temas como corrupção, injustiça e a busca pelo sucesso a qualquer custo. Uma das aventuras mais marcantes de Sérgio é seu relacionamento com Barreto, um colega de classe que exercia grande influência sobre ele. Barreto é um personagem carismático e carregado de segredos. Ele introduziu Sérgio em um mundo de intrigas e confidências, tornando-o seu confidente e cúmplice em várias situações. Esse relacionamento teve um grande impacto na vida de Sérgio, influenciando suas escolhas e sua visão de mundo.

Outra aventura importante ocorreu quando Sérgio se viu envolvido em um confronto com o Sr. Egbert, um dos professores do Ateneu. O Sr. Egbert é retratado como uma figura autoritária e tirânica, que exercia seu poder de forma opressiva sobre os alunos. O confronto entre Sérgio e o Sr. Egbert representou um momento de rebelião e confronto com a autoridade, marcando um ponto de virada na jornada de Sérgio no internato.

“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo, o funeral para sempre das horas.”

O Ateneu – Conclusão

Sérgio torna-se um arauto. Através dele podemos ver o seu mundo. O medo ao entrar, pela primeira vez, no Ateneu. A solidão por não conhecer ninguém, os vínculos de amizade, honestidade e respeito que construiu. As injustiças que precisou superar, contra si e contra seus amigos. O amadurecimento pelo qual passou diante das necessidades que surgiram. Cresceu como aluno, mas, principalmente, como ser humano.

Uma das características mais marcantes de “O Ateneu” é a prosa exuberante e experimental de Raul Pompeia, que incorpora técnicas literárias inovadoras, como monólogos interiores e fluxo de consciência. Essa linguagem rica e poética contribui para criar uma atmosfera intensa e emocionante ao longo da narrativa. Apesar de ter sido escrito no século XIX, e estar repleta de críticas à sociedade da época, o livro ainda se mantém atual. Sua crítica social e suas reflexões sobre a educação e a formação do caráter continuam a ressoar com questões contemporâneas. Um clássico da literatura brasileira!

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