Título: O Conto da Ilha Desconhecida
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 67
Resumo do livro O Conto da Ilha Desconhecida
Esse conto foi publicado em 1997. Traz a inconfundível escrita de Saramago, com toques de ironia, humor, e muita reflexão.
“Gostar é a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.”
O Conto da Ilha Desconhecida – História
Em um reino, haviam três portas. A porta das decisões, raramente utilizada. A porta dos obséquios, que vivia aberta, de onde as pessoas podiam ir ter com o rei para fazer a este os obséquios. E a porta das petições, que vivia fechada, já que para qualquer pedido, uma extensa burocracia fora montada. E foi à porta das petições que o homem foi bater, para pedir ao rei que lhe desse um barco.
O homem pediu à mulher da limpeza, que era a pessoa que abria a porta quando batiam. Dali o pedido seguiu por dezenas de pessoas até chegar ao rei, que negou o pedido. O homem não se deu por vencido e disse que dormiria em frente à porta das petições até que seu pedido fosse atendido. Dias se passaram, e como o homem ficasse deitado frente à porta, o rei veio ter com ele.
“Tens com certeza um mester, um ofício, uma profissão, como agora se diz, Tenho, tive, terei se for preciso, mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver, Não o sabes, Se não sais de ti, não chegas a saber quem és, O filósofo do rei, quando não tinha que fazer, ia sentar-se ao pé de mim, ao ver-me passajar as peúgas dos pajens, e às vezes dava-khe para filosofar, dizia que todo homem é uma ilha.”
Perguntado sobre o objetivo do barco, o homem disse que estava a procurar por uma ilha desconhecida. Mesmo com as tentativas do rei em negar o pedido, o homem se manteve firme. O rei, por fim, deu-lhe um barco, parecido com uma velha caravela. A mulher da limpeza, já cheia de limpar castelos, decidiu que seria melhor limpar barcos, já que água não faltaria. E partiu atrás do homem para fazer parte da tripulação. Ela começou a fazer a limpeza do barco, enquanto o homem saiu em busca de uma tripulação que o ajudasse a encontrar a ilha desconhecida.
Contudo, o homem não encontrou ninguém que quisesse sair ao mar com ele em tal empreitada. Desanimado com o fracasso iminente, o homem foi dormir no barco, em um quarto separado da mulher. Ele sonhou que empreendia sua viagem, com muitas pessoas à bordo, homens e mulheres. Haviam também animais, flores e árvores, que ele estava levando para a ilha desconhecida para facilitar a colonização quando chegasse. Mas tudo não passou de um sonho.
“O homem nem sonha que, não tendo ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já leva atrás de si a futura encarregada das baldeações e outros asseios, também é deste modo que o destino costuma comportar-se conosco, já está mesmo atrás de nós, já estendeu a mão para tocar-nos o ombro, e nós ainda vamos a murmurar, Acabou-se, não há mais que ver, é tudo igual.”
Ao acordar, o homem estava abraçado à mulher. Com os primeiros raios de sol, pintaram o casco do barco, deram-lhe um nome, e saíram com o Ilha Desconhecida ao mar, à procura de si mesmos.
O Conto da Ilha Desconhecida – Conclusão
O conto é uma metáfora sobre o ser humano. No início, o autor faz uma crítica à burocracia, encorpada pelas portas do castelo e pelo rei, que só está presente na porta dos elogios e nunca nas portas das petições e decisões. Também há uma metáfora sobre os desejos e anseios do Homem, na vontade que o homem do conto demonstra ao esperar pacientemente pela presença do rei. E no fim, uma metáfora sobre as frustrações e a superação dos obstáculos da vida. O homem não conseguiu uma tripulação, mas sua vontade em sair ao mar para procurar uma ilha desconhecida era tão intensa, que mesmo assim ele acordou com a disposição necessária para dar vazão ao seu sonho e partiu.
A mulher da limpeza também traz uma importante lição. Quando soube do pedido do homem, a mulher fez uma análise sobre sua vida e resolveu partir com ele nessa aventura. Estava tão resoluta que passou pela porta que nunca se abria naquele reino, a porta das decisões. Quantas portas não temos em nossa vida? Por quantos sonhos, frustrações e realizações já passamos? Às vezes é necessário se lançar ao desconhecido para nos encontrar.
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