Título: O Lobo da Estepe
Autor: Hermann Hesse
Editora: Best Bolso
Páginas: 252
Resumo do livro O Lobo da Estepe
Publicado em 1927, O Lobo da Estepe é um livro que altera, que subverte a estrutura psíquica do leitor e se coloca além do tempo e de suas influências. Hermann Hesse critica a superficialidade e o conformismo da sociedade moderna, enquanto também explora o caminho da autodescoberta e da aceitação pessoal. O protagonista, Harry Haller, embarca em uma jornada de autoconhecimento que desafia e reconfigura suas perspectivas de vida.
O Lobo da Estepe – História
O livro é multifacetado. A princípio podemos identificar três narradores: o primeiro, o sobrinho da senhoria do Lobo da Estepe relata o breve conhecimento que teve do hóspede. É a narrativa típica de um burguês que vê com estranheza a proximidade de um indivíduo singular, de hábitos conflitantes com os seus, os quais julga os únicos apropriados ao ser humano.
A segunda narrativa é do próprio personagem, Harry Haller, cujo nome já é uma insinuação de ser ele o alter ego do autor. Na verdade, grande partes da história, em especial a evocação da juventude de Haller, são de cunho autobiográfico. Além disso, a propensão de Harry para viver em ambientes burgueses, embora bomine a burguesia, torna seu perfil bastante próximo da idealização que dele faz o sobrinho da locadora. E a terceira narrativa, atribuída ao desconhecido autor do panfleto Tratado do Lobo da Estepe, que o personagem recebe na rua, contém o comportamento de um lobo da estepe, que é o retrato em corpo e alma inteiros dele mesmo.
“Convenci-me de que Haller era um gênio do sofrimento; que ele, no sentido das várias acepções de Nietzsche, havia forjado dentro de si uma capacidade de sofrimento genial, ilimitada e terrível. Também me apercebi de que a base de seu pessimismo não era o desprezo do mundo, mas antes o desprezo de si mesmo, pois, podendo falar sem indulgência e impiedosamente das instituições e das pessoas, nunca excluía a si próprio.”
Essa tríplice exposição também se repetirá nos outros personagens, Hermínia, Maria e Pablo, que são desdobramentos da personalidade de Harry. Hermínia afirma ser o espelho de Harry, e o modo quase magistral com que se expressa convém muito mais à formação cultural de Harry do que a uma garota de programa, atividade dela. Hermínia é o componente feminino de Haller. Maria, por sua vez, é apenas o corpo que se entrega, a parte disponível de Hermínia. Já Pablo é a sua versão masculina, aquele que gostaria de ser, e por isso suas referências guardam necessariamente um caráter masturbatório, ou seja, o ser copulando consigo mesmo.
Quando a história começa, o personagem é assolado por reflexões sobre sua inadequação para o mundo das pessoas comuns e cotidianas, especificamente para a frívola sociedade burguesa. Em suas andanças sem rumo pela cidade, ele encontra uma pessoa carregando um anúncio de um teatro mágico que lhe dá um pequeno livro, Tratado do Lobo da Estepe. Esse panfleto é um discurso sobre um homem que acredita ser de duas naturezas: uma alta, a natureza espiritual do homem; a outra é baixa e animalesca, um lobo das estepes. Este homem está enredado em uma luta irresolúvel, nunca contente com nenhuma das naturezas porque não consegue ver além desse conceito criado por ele mesmo. O panfleto dá uma explicação da natureza multifacetada e indefinível da alma de cada homem, mas Harry é incapaz ou não quer reconhecer isso.
“O Lobo da Estepe vivia, segundo seu próprio entendimento, inteiramente à margem do mundo convencional, pois não conhecera nem a vida de família nem as ambições sociais.”
Harry então encontra com Hermínia, uma prostituta que apresenta a vida burguesa para ele. Apesar de ser muito crítico do modo de vida burguês, Harry se deixa levar por Hermínia. Com as tentativas dele de um relacionamento mais íntimo. Hermínia o apresenta para Maria. Com ela, Harry tem as maiores aventuras sexuais que poderia imaginar. Porém, apesar de se intregar por completo, Maria não é só dele, e deixa bem nítido que Harry é apenas mais um de seus clientes.
Hermínia também apresenta Harry a um misterioso saxofonista chamado Pablo, que parece ser o oposto do que Harry considera um homem sério e pensativo. Depois de comparecer a um luxuoso baile de máscaras, Pablo leva Harry ao seu metafórico teatro mágico, onde as preocupações e noções que atormentavam sua alma se desintegram enquanto ele interage com o etéreo e o fantasmagórico. O Teatro Mágico, uma metáfora para drogas, é um lugar onde ele experimenta as fantasias que existem em sua mente. O Teatro é descrito como um longo corredor em forma de ferradura com um espelho de um lado e um grande número de portas do outro. Harry entra em cinco dessas portas rotuladas, cada uma das quais simboliza uma fração de sua vida.
“O homem não é uma forma fixa e duradoura, é antes um ensaio e uma transição, não é outra coisa senão a estreita e perigosa ponte entre a Natureza e o Espírito.”
O final do livro é complexo, simbólico e aberto a interpretações, deixando o leitor com uma sensação de ambiguidade. Após a série de experiências intensas e transformadoras no Teatro Mágico, Harry passa por uma espécie de julgamento em que confronta sua própria alma e os conflitos internos que o perseguem ao longo da narrativa. Harry percebe que sua autodestruição e seu sofrimento foram, em grande parte, escolhas suas. Ele se dá conta de que viver com leveza e alegria é possível, mas requer uma mudança de perspectiva.
O livro termina com Harry tendo uma visão de que a vida é uma espécie de jogo que ele ainda não sabe jogar. Ele percebe que o sofrimento que experimentou ao longo da vida foi consequência de sua própria visão limitada e que, embora ele tenha falhado no passado, ainda há tempo para recomeçar e aprender. Essa conclusão sugere uma nova abertura, um recomeço possível, mas não uma resolução clara.
O Lobo da Estepe – Conclusão
O principal no livro é sem dúvida o conflito entre os impulsos naturais do ser e as contenções espirituais de sua contraparte. Mas Hesse reconhece que a dualidade homem-lobo é por demais simplificadora, que dentro de cada ser há centenas, milhares de outros seres, enfim, que a personalidade humana está sujeita a uma infinidade de atitudes, que encerra toda espécie de labirintos.
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