Título:
Editora: Zahar
Páginas: 127
Resumo do livro
Molière é um dos maiores talentos que o teatro já conheceu. Isso não significa que sua genialidade tenha sido desde logo reconhecida. Ele teve um início difícil, ficando preso por um tempo por causa de dívidas contraídas para produzir algumas peças. Depois desse episódio, Molière excursionou pelo interior da França por quinze anos. Quando retornou à capital, Molière conseguiu o reconhecimento que tanto merecia. Foi um sucesso de público e crítica. Desde as suas primeiras peças ficam marcantes os dois aspectos que estão no âmago de seu sucesso: a capacidade para criar personagens e situações divertidos e observar as fraquezas e vícios do mundo em que vivia.
– História
A peça é centrada em Alceste, um misantropo. Misantropia é a qualidade de quem tem antipatia ou desconfiança do ser humano, aquele que só enxerga os defeitos do Homem e o odeia por isso. Alceste, assim, é um homem que olha apenas para os maus comportamentos e atitudes daqueles que o rodeiam. Logo no início da peça conhecemos mais afundo o personagem. Seu amigo, Philinte se aproxima de Alceste para ter com ele uma conversa descompromissada.
Alceste, então, começa a destilar o seu fel. Condena Philinte por ser cortês com quem o trata bem na sociedade, ainda que não conheça direito o indivíduo, ou quando insiste em fazer ponto de honra. Philinte é tratado como um falso, pois oferece sua amizade a todos que o rodeiam, sem fazer distinção entre os mais queridos e os mais apartados do convívio.
“Alceste – O céu não me dotou, ao escolher-me a sorte,
De alma compatível com os ares da corte;
As más virtudes necessárias não me deu
Para fazer lá sucesso, e cuidar do que é meu.”
Depois é a vez de Oronte. Diante de Philinte e Alceste, Oronte declama o seu mais novo poema. Enquanto que Philinte rasga elogios à obra, Alceste proclama que não ouvira nada de tão ruim em sua vida. Vai além, e diz que não sabe como Oronte tem tanta capacidade para escrever algo tão ruim. Mas enquanto que as críticas de Alceste passam batido por Philinte, Oronte não deixará barato. Ele está disposto a salvar a sua honra, e leva o caso até à justiça.
Algum tempo depois ele recebe o recado de que o julgamento ocorrerá em breve, mas que ele poderia ficar à salvo se pagasse uma quantia em dinheiro. Nada mais contrário aos pensamentos de Alceste. Ele prefere perder o julgamento a contribuir para a corrupção da justiça.
“Alceste – O amor que sinto por essa viúva bela
Não me cegam aos vícios que eu encontro nela.”
Alceste é apaixonado por Célimene, uma mulher namoradeira e dissimulada. Alceste também não pode suportar o comportamento de Célimene. Mas o autor, nesse ponto, de forma elegante, mostra o paradoxo que é o romance entre personalidades tão distantes, Alceste e Célimene. Apesar de ser tão contrário ao comportamento de Célimene, Alceste não consegue ter com ela o mesmo tipo de conversa que tem com outros personagens. Primeiro porque não consegue se fazer entender, e segundo porque Célimene não se dobra às suas críticas.
Alceste, com sua inflexibilidade, acaba isolado e condenável por se sentir um tanto acima dos que fazem concessões mínimas em favor da harmonia no trato social. Mas Molière, quando critica seu protagonista, está, ao mesmo tempo, denunciando maus hábitos da corte e da alta burguesia do tempo de Luis XIV. Até a integridade em excesso pode merecer o riso crítico da comédia, mas os vícios continuam merecendo condenação.
– Conclusão
Toda a obra de Molière é rica de solidariedade humana e bom senso, mesmo que ele julgasse que – como nada neste mundo está fora do alcance da corrupção humana, e como ser exposto ao ridículo é o melhor caminho para denunciar e corrigir erros e vícios – nenhum tema deve ficar de fora do âmbito da comédia. Em O Misantropo a questão é sutil. O personagem é criticado por levar sua integridade a excessos que prejudicam seu relacionamento com o mundo em que vive. O autor critica a sociedade e a hipocrisia das pessoas, mas mostra que em tudo devemos manter equilibrio, principalmente entre pensamentos e ações.
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- O Avarento
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