Título: O Mito de Sísifo
Autor: Albert Camus
Editora: Record
Páginas: 160
Resumo do livro O Mito de Sísifo
Além de romances, peças de teatro, artigos jornalísticos e novelas, Albert Camus também escreveu ensaios filosóficos. O Mito de Sísifo se insere, assim, dentro da profícua produção literária do autor franco-argelino. Esse livro foi publicado em 1942, mesmo ano de uma de suas principais obras, O Estrangeiro.
“Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a questão fundamental da filosofia.”
O Mito de Sísifo – História
Albert Camus parte da ideia de que qualquer questão filosófica, por mais interessante, complexa ou importante que seja, só tem algum significado se primeiro resolvermos a questão do suicídio. Nesse livro, Camus faz o mais nobre esforço analítico e filosófico para resolver essa questão. A ideia é se debruçar de verdade sobre o problema e explicar por que a vida vale a pena ser vivida. Para isso, ele explora o absurdo que é viver. O absurdo não está na existência do ser humano nem na existência do universo, mas sim no encontro entre o ser humano e o universo, e no conflito entre a necessidade que o ser humano tem de atribuir significado a tudo que existe e a incapacidade de fazê-lo nesse caso. Isso faz com que questionemos qual o sentido da vida e por que valeria a pena viver caso não exista sentido algum.
“Há muitas causas para um suicídio e, de um modo geral, as mais aparentes não têm sido as mais eficazes. Raramente alguém se suicida por reflexão (embora a hipótese não se exclua).”
Para ele, existem três opções: o suicídio físico, o suicídio filosófico e a aceitação. O suicídio físico é o ato literal de se matar. Ao invés de resolver o problema, é só uma forma de escapar, e o ato em si se torna um problema ainda mais absurdo. Como acabar com a própria vida poderia resolver a questão principal da vida? O suicídio filosófico é o que ficou conhecido como o salto da fé. Quando uma crença religiosa, espiritual ou abstrata, diz que a solução está além do absurdo. É importante entender que para Camus, o problema não é crer em Deus ou ter fé, mas sim deixar de viver o presente por acreditar que o significado está no que vem depois, seja no pós-vida, numa sociedade perfeita do futuro ou em qualquer espécie de salvação que não encare o presente.
“É preciso separar tudo e ir direto ao verdadeiro problema. Uma pessoa se mata porque a vida não vale a pena ser vivida, eis sem dúvida uma verdade – improfícua, no entanto, pois não passa de um truísmo.”
Porém, isso também não responde o problema. Para o filósofo, a resposta é a aceitação do absurdo. E para explicar isso, Camus fala sobre o mito de Sísifo. Na mitologia grega, Sísifo era rei de Corinto, perdidamente apaixonado pela vida e considerado o mais inteligente dos mortais, mas por enganar os deuses, foi condenado a empurrar uma grande pedra até o topo de uma montanha, só para que quando chegasse lá, a pedra rolasse montanha abaixo e ele fosse obrigado a recomeçar o trabalho, por toda eternidade. Mas por que essa punição nos parece tão trágica? Exclusivamente pela consciência de prestar trabalho em vão, sem significado algum.
Por isso, Camus diz que é durante o retorno à base da montanha que Sísifo mais interessa. É nesse momento que ele toma consciência do absurdo. Surge então o paralelo entre Sísifo e a condição humana. Subimos a montanha de segunda a sexta, descemos no fim de semana. Subimos a montanha durante toda a vida para que tudo acabe no final. E se formos mais longe, subimos a montanha como humanidade para que, no fim, o universo se reduza à nada. Como o filósofo diz, não é enquanto empurramos a pedra que contemplamos o suicídio, mas sim quando paramos para refletir sobre por qual razão vale a pena continuarmos fazendo isso.
“Estranho diante de mim mesmo e diante desse mundo, armado de todo o apoio de um pensamento que nega a si mesmo a cada vez que afirma, qual é essa condição em que só posso ter paz com a recusa de saber e de viver, em que o desejo da conquista se choca com os muros que desafiam seus assaltos? Querer é suscitar os paradoxos.”
E não importa qual é o nosso trabalho, se gostamos dele ou não, uma hora ou outra, na descida da montanha, qualquer um pode entrar nesse questionamento existencial, tentando entender qual o sentido em continuar. Isso pode parecer desesperador. Mas para Camus, a própria consciência que nos faz questionar essa condição é o que nos salva dela. Se a vida é ou nos parece absurda, somos livres para criar nosso próprio significado. Veja bem, não para encontrar significado no universo, mas sim criar nosso próprio e único significado. Assim, podemos extrair do absurdo três consequências, nossa revolta, nossa liberdade e nossa paixão. Apenas com o jogo da consciência, transformamos em regra de vida o que era convite à morte e recusamos o suicídio.
“Existe um fato evidente que parece inteiramente moral: é que um homem é sempre a presa de suas verdade. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas.”
Camus ilustra uma moral de grande discernimento, mas também mostra o caminho do absurdo. Obedecer à chama é ao mesmo tempo o que há de mais fácil e de mais difícil. É bom, contudo, que o homem, confrontando-se com a dificuldade, se julgue de vez em quando. Pois então, por acaso o absurdo da vida faz com que a arte seja menos bela, a comida menos saborosa, o sorriso menos contagiante, a felicidade de quem amamos menos deliciosa, a virtude menos admirável, o sexo menos prazeroso? Não, Não faz. Aliás, o próprio Camus diz que se o mundo fosse claro, a arte não existiria. Então nos revoltamos contra esse absurdo e ousamos viver ao máximo, empurrando a nossa pedra metafórica, que para cada um tem um significado específico, com toda vivacidade possível, e encarando de frente o momento presente. Criamos o nosso próprio significado, até na condição mais absurda, até na total ausência ou aparente ausência de sentido.
O Mito de Sísifo – Conclusão
O maior aprendizado desse livro é: não tema, a sua vida é muito importante, e vale muito a pena ser vivida. Abrace o absurdo da existência e viva!
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