O Nome da Rosa
O Nome da Rosa

O Nome da Rosa

Capa O Nome da Rosa

Título: O Nome da Rosa
Autor: Umberto Eco
Editora: Círculo do Livro
Páginas: 518

Resumo do livro O Nome da Rosa

O que falar de um livro com tantos significados, tantas interpretações? Um livro sobre livros? Signo do signo? 

Um assassinato foi cometido, e outros em sequência, em uma Abadia no interior da Itália em pleno ano de 1327, no meio de uma guerra, nem tão santa, entre o Papa João XXII e o Imperador Ludovico. O Frei franciscano Guilherme de Baskerville é chamado para tentar solucionar o crime e com ele um ajudante, o noviço Adso de Melk. A Abadia é famosa em todo o mundo cristão por possuir a maior e mais completa biblioteca que se tem notícia.

O Nome da Rosa – Significados

Olhando detidamente, O Nome da Rosa segue uma receita conhecida dos amantes de Arthur Conan Doyle e de Sherlock Holmes. Um crime é cometido, o ‘herói’ que chega para solucionar o caso possui argúcia e inteligência, além de excelentes poderes de dedução lógica. Tais qualidades deixam estupefato o assistente, que decide, anos depois, narrar em suas próprias palavras o que realmente aconteceu. O sobrenome de Guilherme, Baskerville, faz alusão a um dos livros de Holmes, O Cão dos Baskerville. Em O Nome da Rosa há a história do crime, que o detetive tenta reconstruir pelas provas à disposição, trabalhando do efeito à causa, e há a história da própria investigação, que procede da causa ao efeito. Contudo, destoando dessa receita de ficção policial, Umberto Eco não traz a vitória do bem. O bem não vence, como não haveria de vencer em mundo tão desordenado. E isso nos leva à segunda interpretação.

“Pois três coisas concorrem para criar a beleza: primeiro a integridade ou perfeição, e por isso achamos feias as coisas incompletas; depois a devida proporção ou a consonância; enfim a claridade e a luz, de fato achamos belas as coisas de cor nítida. E uma vez que a visão do belo comporta a paz, e para o nosso apetite é a mesma coisa acalmar-se na paz, no bem e no belo, senti-me invadido por grande consolo e pensei o quanto devia ser agradável trabalhar naquele lugar.”

Outra categoria de leitores se apaixonarão por O Nome da Rosa pelo debate de ideias e procurará estabelecer conexões com o presente. A perseguição aos franciscanos que defendem a pobreza de Cristo, tidos como hereges e desvirtuados do ensinamento bíblico, muito se assemelha, em seu núcleo, ao linchamento virtual que minorias ou dissidentes recebem atualmente. A defesa que a inquisição fez, supostamente sobre os auspícios teológicos, recebe críticas por defender não o zelo religioso, mas o poder e a autoridade temporal da Igreja oficial contra qualquer tipo de individualismo.

Além disso, há uma leitura filosófica de O Nome da Rosa. Como não se encantar com o debate acerca do riso, fazendo citação a um suposto segundo livro dA Poética de Aristóteles. No Novo Testamento Cristo não sorri, o que levanta a teoria de que ele não o fazia. Ao ser perguntado sobre o perigo do riso, um monge ancião responde que o riso pode converter a inversão temporária da ordem hierárquica da luxúria e do pecado em um estado permanente de liberalismo radical.

“Sim, há uma luxúria da dor, como há uma luxúria da adoração e até uma luxúria da humildade. Se bastou tão pouco aos anjos rebeldes para mudar o seu ardor de adoração e humildade em ardor de soberba e revolta, o que dizer do ser humano? Bem, agora o sabes, foi este pensamento que me colheu no curso de minhas inquisições.”

O Nome da Rosa – História

E mais ainda: O Nome da Rosa acompanha os 7 dias em que Frei Guilherme ficou hospedado na Abadia para encontrar o assassino, tal qual os 7 dias da criação, conforme o Gênesis. As mortes foram arranjadas de forma que fizessem referência aos sinais da vinda do Anticristo, soados pelas trombetas do Apocalipse de João. E assim, poderíamos falar de tantas e tantas outras interpretações e significados que O Nome da Rosa possui. Entretanto, vamos ao enredo.

Todos os crimes estão ligados de alguma forma à biblioteca. Um livro é feito de signos que falam de outros signos. Sem olhos que o leiam, um livro não produz conceitos e, portanto, é mudo. Apesar de ser um local de sabedoria e de salvaguarda dos livros, a biblioteca da Abadia se tornara uma sepultura do conhecimento. Construída em forma de labirinto, era um local para poucos, apenas o bibliotecário e seu ajudante poderia entrar e pegar os livros e somente eles teriam o conhecimento do catálogo completo.

“A biblioteca nasceu segundo um desenho que permaneceu obscuro a todos durante séculos e que a nenhum dos monges é dado conhecer. Somente o bibliotecário recebeu recebeu o bibliotecário que o precedeu, e o comunica, ainda em vida, ao ajudante-bibliotecário, de modo que a morte não o surpreenda, privando a comunidade desse saber. E os lábios de ambos estão selados pelo segredo. Somente o bibliotecário, além de saber, tem o direito de mover-se no labirinto dos livros, somente ele sabe onde encontrá-los e onde guardá-los, somente ele é responsável pela sua conservação.”

Livros proibidos eram procurados por copistas e miniaturistas que diariamente procuravam pelas maiores obras de arte do mundo cristão e não-cristão. Conforme os assassinatos ocorriam, mais certeza tinha Frei Guilherme que eles estavam ligados aos livros, sem contudo poder provar. Dentre os monges anciãos estava Jorge, cego e antigo bibliotecário, que possuía todos os segredos da biblioteca e era o verdadeiro guardião de seus segredos.

Com muito raciocínio e muita inteligência, Guilherme e Adso conseguem entrever um grande trama que envolvia deixar ocultos livros raros e belíssimos do ponto de vista do pensamento humano, como o segundo livro dA Poética de Aristóteles. Atrás de todos os assassinatos estava o desejo de um velho monge cego de tornar o conhecimento sepultado em uma velha biblioteca, longe de olhos que pudessem fazer melhor uso daquela sabedoria. No fim, infelizmente, o bem não triunfa e resta apenas contemplar a destruição de tamanho conhecimento.

“O riso é a fraqueza, a corrupção, a insipidez de nossa carne. É o folguedo para o camponês, a licença para o embriagado, mesmo a igreja em sua sabedoria concedeu o momento da festa, do carnaval, da feira, essa ejaculação diurna que descarrega os humores e retém de outros desejos e de outras ambições. Mas desse modo o riso permanece coisa vil, defesa para os simples, mistério dessacralizado para a plebe.”

O Nome da Rosa – Conclusão

Para além das linhas de O Nome da Rosa, poderíamos debater sobre inúmeras outras percepções e nuances. Deixo isso a cargo dos leitores que já experimentaram essa obra de arte.

Indico o filme Der Name der Rose de 1986, estrelado por Sean Connery.

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O Nome da Rosa

Até a próxima!