Opúsculo Humanitário
Opúsculo Humanitário

Opúsculo Humanitário

Título: Opúsculo Humanitário

Autora: Nísia Floresta

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 125

Resumo do livro Opúsculo Humanitário

Nísia Floresta (pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto) foi uma das primeiras intelectuais feministas do Brasil. Nascida no Rio Grande do Norte, destacou-se como escritora, educadora, tradutora e defensora dos direitos das mulheres e dos povos indígenas. Ela viveu em um período marcado por profundas desigualdades sociais e pela escravidão, e sua obra reflete um forte compromisso com a educação, a justiça social e a emancipação feminina.

Opúsculo Humanitário – História

Em Opúsculo Humanitário, a autora propõe uma reflexão profunda sobre a condição da mulher e o papel da educação em uma sociedade que ainda a restringia aos espaços domésticos e às futilidades da vida de corte. Antes de entrar diretamente no tema da instrução feminina, Nísia realiza uma comparação entre a sociedade brasileira de meados do século XIX e outras nações, como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos.

O contraste não é favorável ao Brasil: enquanto esses países demonstravam avanços em ciência, indústria e organização social, o Brasil permanecia marcado pela desigualdade, pela escravidão e pela falta de atenção à educação, especialmente no que dizia respeito às mulheres. Essa análise inicial já revela o caráter crítico e inovador de Nísia, que não hesitava em expor o atraso do país diante das nações mais desenvolvidas.

“Em todos os tempos, e em todas as nações do mundo, a educação da mulher foi sempre um dos mais salientes característicos da civilização dos povos.”

Ao tratar diretamente da educação, a autora é incisiva em suas críticas às instituições de ensino do Império. As escolas públicas, segundo ela, padeciam da ausência de métodos adequados de ensino, incapazes de formar cidadãos preparados para o progresso. Já as escolas particulares sofriam de outro mal: a escolha de professores sem critérios claros, muitas vezes movida por conveniências sociais em vez de competência.

Mas a crítica de Nísia não se restringe ao sistema educacional. Ela aponta também para a própria sociedade brasileira, onde as mães costumavam limitar a educação das filhas ao aprendizado de frivolidades, como dançar, bordar e se portar bem em ambientes sociais, enquanto os pais se preocupavam exclusivamente com questões financeiras, negligenciando o dever de formar intelectualmente seus filhos e filhas.

“Quanto mais ignorante é um povo, tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu ilimitado poder.”

Nísia reflete sobre a educação das mulheres indígenas, reconhecendo nelas a possibilidade de um aprendizado diferente, ainda que marcado pelas condições culturais próprias. No entanto, chama a atenção o silêncio da autora em relação às mulheres escravizadas, cuja situação extrema de exploração e opressão não recebe a mesma abordagem.

Ainda assim, sua defesa é clara: a mulher deve ter acesso a uma educação ampla, sólida e de qualidade, equivalente àquela oferecida aos homens. Para ela, apenas por meio da instrução seria possível garantir não apenas a emancipação feminina, mas também o progresso da nação.

“Uma só coisa censuramos às atuais gerações, e muito particularmente à nossa: é o não tirarem da experiência, que nos fornecem os erros dos nossos antepassados, o antídoto precioso para minorar os nossos.”

Opúsculo Humanitário – Conclusão

O Opúsculo Humanitário é, portanto, um livro visionário, que ultrapassava em muito o pensamento dominante do século XIX. Nísia Floresta antecipava discussões que só se tornariam mais presentes no Brasil décadas depois, apontando a educação como caminho central para a igualdade de gênero e para a construção de uma sociedade mais justa.

No entanto, a leitura atual da obra revela também um incômodo: passados mais de 170 anos de sua publicação, ainda persistem no país os mesmos problemas denunciados pela autora — uma educação marcada por desigualdades, um sistema social excludente e preconceituoso, e uma cultura que insiste em subestimar as capacidades da mulher. Assim, o livro permanece atual, tanto como denúncia quanto como inspiração.

Acompanhe o blog também no Instagram, Facebook, Youtube e Spotify

Se você chegou até aqui e gostou da resenha, adquira a obra através do link abaixo e apoie o Resumo de Livro.

Compre na Amazon

Para mais resenhas como essa, acesse: Resumo de Livro

Até a próxima!