Título: Os Demônios de Loudun
Autor: Aldous Huxley
Editora: Círculo do Livro
Páginas: 334
Resumo do livro Os Demônios de Loudun
Além de ser um autor de ficção científica incrível, Huxley também se interessava por assuntos dos mais diversos, como misticismo e filosofia. E é combinando doses de misticismo, filosofia, história e extensões inexploradas da mente humana, que o autor escreveu essa obra. Aqui, então, temos uma discussão que esbarra na filosofia metafísica.
Os Demônios de Loudun – História
O cenário é a pequena cidade de Loudun, no interior da França em plena Idade Média, por volta de meados do século XVII. Acompanhamos a chegada do padre Grandier à Loudun em 1617. Grandier era considerado um homem atraente, além de rico e com uma boa educação. Esta combinação fez com que o padre chamasse a atenção das jovens de Loudun, incluindo Philippa Trincant, filha do solicitador do rei em Loudun. Grandier também cortejou abertamente Madeleine de Brou, filha do conselheiro do rei na cidade. A maioria da população achava que Madeleine era amante do padre depois de este ter escrito um documento contra o celibato dos padres. Com a gravidez de Philippa Trincant e a suposta paternidade de Grandier, a situação do padre em Loudun começou a se deteriorar.
“É difícil encontrar um escritor da Idade Média ou da Renascença que não tenha como certo que a maioria dos membros que compõem o clero, do mais poderoso prelado ao mais humilde frade, é profundamente libertina.”
Grandier era também um homem que possuía boas ligações e tinha grande importância no circulo político. Quando foi preso e considerado culpado de imoralidade a 2 de Junho de 1630, as suas ligações políticas colocaram-no de volta em seu lugar no mesmo ano. Mas o complô para retirar o padre da cidade estava montado, bastando apenas que o grupo encontrasse a motivação certa para atacar Grandier. Após alguns acertos, o bispo de Poitiers abordou o padre Mignon, confessor das freiras ursulinas, e foi elaborado um plano para persuadir algumas das irmãs a fingirem estarem possuídas para denunciar Grandier.
O padre Mignon convenceu imediatamente a madre superiora, Jeanne des Anges, e uma outra freira a participarem no plano. As duas afirmariam que o padre Grandier as tinha enfeitiçado, cedendo a ataques e convulsões, sustendo a respiração e falando em línguas estrangeiras. Jeanne afirmou que tinha sonhos pecaminosos com o padre Grandier, que lhe aparecia na forma de um anjo radiante. Na forma de anjo, seduzia-a para que participasse em atos sexuais, algo que a fazia gritar em delírio à noite. Assim, o padre Mignon e o seu ajudante, o padre Pierre Barre, viram na atividade uma oportunidade para expulsar Grandier, acusando-o de feitiçaria, crime que tinha como punição a fogueira.
“Para quem não tinha vocação religiosa, viver num convento do século XVII era apenas uma sucessão de frustrações e aborrecimentos, mitigados em pequenas doses por uma ocasional exaltação religiosa, por fofocas com os visitantes no parlatório e, nas horas vagas, por algum inocente, mas inteiramente estúpido passatempo.”
Para comprovar a acusação de feitiçaria, os padres Mignon e Barre iniciaram imediatamente um ritual de exorcismo nas freiras possuídas. Várias delas, incluindo Jeanne des Anges, sofreram convulsões violentas durante o procedimento, gritando e imitando movimentos sexuais para os padres. Seguindo o exemplo de Jeanne des Anges, muitas das outras freiras afirmaram ter sonhos pecaminosos. As acusadas começavam a ladrar, gritar, dizer blasfémias e a contorcer os seus corpos subitamente. Durante os exorcismos, Jeanne jurou que ela e outras freiras estavam possuídas por dois demônios chamados Asmodeus e Zabulon. Estes demônios foram enviados às freiras quando o padre Grandier atirou um buquê de rosas para dentro dos muros do convento.
“As investigações preliminares de De Cerisay convenceram-no de que não havia possessão autêntica – somente uma doença, agravada por pequenos estratagemas por parte das freiras, por uma grande dose de malícia de parte do cônego Mignon e pela superstição, pelo fanatismo e pelo interesse profissional dos outros sacerdotes envolvidos no caso.”
Ciente do perigo que corria, o padre Grandier pediu ao oficial de justiça de Loudun que isolasse as freiras. As ordens do oficial foram ignoradas e os exorcismos e denúncias continuaram. Desesperado, Grandier escreveu uma carta ao arcebispo de Bordeaux que lhe enviou o seu médico pessoal para examinar as freiras, mas as freiras foram presas nas suas clausuras. Não restando mais defesas, Grandier foi condenado à prisão, tortura e por fim, fogueira.
“Durante a primavera e o verão de 1634, o principal objetivo dos exorcismos não era a salvação das irmãs, mas a condenação de Grandier. A intenção era provar, pelas palavras saídas da boca do próprio Satã, que o pároco era um feiticeiro e enfeitiçara as freiras.”
Os Demônios de Loudun – Conclusão
A 7 de Dezembro de 1633, o padre Grandier foi preso no Castelo de Angers. O seu corpo foi depilado e os inquisidores levaram a cabo uma busca bem-sucedida ao seu corpo, procurando marcas do demônio. Obviamente encontraram tais marcas (se forjadas ou não, nunca saberemos). O livro faz uma descrição detalhada dos horrores sofridos pelo padre desde sua prisão até a sua morte na fogueira. São detalhes que mexem com o leitor, principalmente se tratando de uma história verídica, uma vez que o livro descreve um fato histórico, registrado nos documentos da santa inquisição francesa.
A prioresa Jeanne des Anges emergiu do caso com grande notoriedade, e sua fama só continuou a crescer depois da morte de Grandier. Ela tornou-se famosa por supostamente ter o poder de curar surgimentos das marcações milagrosas que apareciam em sua mão. Jeanne des Anges foi considerada santa por muitos; após sua morte, sua cabeça foi preservada em um relicário, e venerada no convento das Ursulinas em Loudun, que foi reconhecido amplamente como um lugar sagrado.
“Embora frequentemente maniqueístas na prática, a Igreja jamais o foi quanto a seus dogmas. Sob esse aspecto difere de nossas modernas idolatrias, como o comunismo e o nacionalismo, os quais são maniqueístas não só na ação, como também na crença e na teoria. Hoje em dia, é evidente em toda parte que nós estamos do lado da Luz, e eles, do lado das Trevas. E, já que pertencem ao lado das Trevas, eles merecem ser punidos, e devem ser liquidados pelos meios mais cruéis que tivermos em nosso poder.”
No apêndice, Huxley, então fascinado pelo poder da mente humana, tentou levantar a hipótese de que o ocorrido em Loudun foi obra de uma histeria coletiva, com o objetivo bem definido de acusar um padre de bruxaria. Segundo o autor, a mente seria capaz, sob determinadas condições e situações, de executar ações que seriam impensadas em uma mente sã. Contudo, o que vemos nesse caso é uma “caça às bruxas” da Igreja com o objetivo de eliminar um inimigo, nesse caso um inimigo interno. Os Demônios de Loudun é um livro sensacional e perturbador.
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Os Demônios de Loudun
Até a próxima!