Os Irmãos Karamazov
Os Irmãos Karamazov

Os Irmãos Karamazov

Título: Os Irmãos Karamazov Autor: Fiodor Dostoievski Editora: Abril Páginas: 535

Resumo do livro Os Irmãos Karamazov

Os Irmãos Karamazov teve uma grande influência em inúmeras figuras importantes ao longo dos anos. Cientistas, como Albert Einstein, filósofos, escritores, políticos, estadistas. Uma grande quantidade de pensadores influentes foram, de alguma forma, inspirados pelo romance de Dostoiévski. O filósofo Martin Heidegger identificou o pensamento do autor russo como um dos mais importantes para sua obra mais importante, Ser e Tempo. Segundo o pensador Charles B. Guignon, Ivan Karamazov, o personagem mais cativante do romance, tornou-se em meados do século XX o símbolo da insurgência existencial nas obras dos filósofos existencialistas Albert Camus e Jean-Paul Sartre. O poema de Ivan: “O Grande Inquisidor” é indiscutivelmente um dos trechos mais famosos da literatura contemporânea, graças aos seus conceitos sobre a essência humana, liberdade, poder, autoridade e religião, além da sua ambiguidade essencial. Após a Primeira Guerra Mundial, Hermann Hesse afirmou que Dostoiévski não era um poeta, e sim um profeta.

Os Irmãos Karamazov – História

Fiódor Pavlovitch Karamázov, patriarca da família Karamázov, é um personagem profundamente desprezível e egoísta, cuja conduta influencia tragicamente o destino de seus filhos. Seu perfil íntimo revela um homem devasso, interesseiro e cínico, movido pelo prazer e pela ganância, sem qualquer senso de responsabilidade ou amor paternal genuíno. Fiódor é um homem libertino e hedonista, que vive para satisfazer seus desejos mais baixos. Ele se entrega a excessos de bebida, escândalos e relações imorais, sem qualquer preocupação com a moralidade ou com as consequências de seus atos. Como pai, ele é negligente e desalmado. Nunca demonstrou verdadeiro amor pelos filhos, abandonando-os emocionalmente e os tratando como fardos ou, pior, como rivais. Ele só se interessa por eles quando há dinheiro ou conflitos a seu favor.

De seu primeiro casamento nasceu Dimitri Karamazov, que logo foi abandonado pelo pai após a morte da mãe. Criado distante, Dimitri sempre demonstrou muito ressentimento em relação ao pai. Seu caráter é marcado por intensas contradições: ele oscila entre impulsos violentos e momentos de arrependimento, entre paixão desenfreada e um profundo desejo de redenção. Sua personalidade é tempestuosa e atormentada, refletindo o conflito entre o bem e o mal dentro de si. Como seu pai, Dimitri tem uma natureza voluptuosa e se deixa dominar pelos prazeres carnais. Ele é atraído por luxo, bebida e principalmente pelo desejo avassalador que sente por Grúchenka, a mulher por quem se apaixona obsessivamente.  Apesar de seus vícios e falhas, Dimitri tem um forte senso de honra. Ele se envergonha de sua degradação e deseja ser um homem melhor.

De fato, às vezes se fala da crueldade ‘bestial’ do homem, mas isso é terrivelmente injusto e ofensivo para com os animais: a fera nunca pode ser tão cruel como o homem, tão artisticamente, tão esteticamente cruel. Acho que se o diabo não existe e, portanto, o homem o criou então o criou à sua imagem e semelhança.

Do segundo casamento de Fiodor Karamazov nasceram Ivan e Alexei Karamazov. Como fizera com Dimitri, Fiodor também abandonou os filhos. Eles tiveram a melhor educação e também uma herança considerável. Intelectual brilhante e cético, Ivan representa o conflito entre razão e fé, sendo atormentado por dilemas morais e filosóficos. Ivan é um pensador racional e incrédulo, que rejeita a fé e questiona a existência de Deus. Ele é conhecido por sua visão niilista e pelo famoso argumento de que, se Deus não existe, então “tudo é permitido”.  Diferente de seus irmãos, Ivan evita envolvimentos emocionais. Ele mantém distância das pessoas, escondendo sua sensibilidade por trás de uma máscara de frieza intelectual.

Apesar de negar a existência de Deus, Ivan não consegue escapar do dilema moral da responsabilidade humana. Seu famoso poema O Grande Inquisidor expõe sua crença de que os homens preferem a servidão ao livre-arbítrio e que a Igreja, ao invés de libertá-los, os oprime. No entanto, ele próprio sofre com essa visão, incapaz de encontrar sentido na vida. Sua trajetória é a de um homem que tentou viver apenas pela razão, mas que, no processo, se perdeu no vazio de suas próprias ideias.

E o homem realmente inventou Deus. E o estranho, o surpreendente não seria o fato de Deus realmente existir; o que, porém, surpreende é que essa ideia – a ideia da necessidade de Deus – possa ter subido à cabeça de um animal tão selvagem e perverso como o homem.

Alexei Karamazov representa a bondade, a fé e a busca por redenção, sendo um personagem essencialmente puro em um mundo corrompido. Sua personalidade reflete uma profunda compaixão, humildade e desejo de fazer o bem, mas sem ingenuidade ou fraqueza. Aliócha é um homem profundamente bom, guiado por uma fé sincera. Ele não impõe sua crença aos outros, mas vive de maneira a inspirar aqueles ao seu redor. Seu coração compassivo e sua paciência fazem dele um conselheiro e amigo para todos, inclusive para seus irmãos, que representam lados opostos do espectro moral e filosófico.

Ao contrário de Ivan, que é intelectual e questionador, e de Dimitri, que é impulsivo e passional, Aliócha tem uma natureza humilde e tranquila. Ele não busca riqueza, poder ou reconhecimento, mas se dedica a ajudar os outros, especialmente aqueles que sofrem. Aliócha não condena seus irmãos, apesar de suas falhas. Ele tenta entender Ivan, mesmo discordando de seu ceticismo, e sente grande compaixão por Dimitri, vendo nele um homem bom, mas perdido. Sua presença funciona como um elo entre os irmãos, evitando que o ódio e o desespero os destruam completamente. 

“O que é o inferno? Eu afirmo que é o sofrimento de ser incapaz de amar.”

O ponto central da trama ocorre quando Fiódor Karamázov é assassinado, um crime que abala não apenas a família, mas toda a cidade. O crime não é apenas um ato de violência, mas a culminação inevitável de anos de rancor e ressentimento, uma tragédia anunciada que expõe as tensões psicológicas e filosóficas da narrativa, envolvendo paixões descontroladas, dilemas morais e até mesmo questões filosóficas sobre culpa e responsabilidade. A partir desse crime, o romance se desenrola entre investigações, julgamentos e reviravoltas, explorando não apenas a busca pela verdade, mas também os mecanismos da culpa, da punição e da justiça — não apenas a dos homens, mas a da própria existência.

“Acima de tudo, não minta para si mesmo. O homem que mente para si mesmo e ouve sua própria mentira chega a um ponto em que não consegue distinguir a verdade dentro dele, ou ao redor dele, e assim perde todo o respeito por si mesmo e pelos outros. E não tendo respeito, ele deixa de amar.”

A importância de Os Irmãos Karamázov ultrapassa sua força narrativa. Considerado um dos maiores romances da literatura mundial, o livro influenciou profundamente a filosofia, a psicanálise e a teologia, ecoando no pensamento de diversos autores. Dostoiévski não oferece respostas definitivas, mas coloca o leitor diante dos dilemas mais essenciais da humanidade, questionando a fé, a razão e a possibilidade de redenção. Mais de um século após sua publicação, sua relevância permanece intacta, pois seus temas — a luta entre o bem e o mal, a liberdade e suas consequências, a natureza do sofrimento — continuam a interpelar a consciência moderna. É uma obra que não apenas se lê, mas se vivencia, desafiando cada leitor a confrontar suas próprias verdades.

Os Irmãos Karamazov – Conclusão

Todos os pensamentos de Dostoiévski sobre o ser humano levam ao problema da liberdade, às vias de sua realização no mundo, à questão da liberdade do homem de fazer sua escolha e das consequências dessa escolha. Na criação de Dostoiévski existe um único tema — o trágico destino do homem, a liberdade do seu destino. O amor é somente um dos momentos nesse destino. Apesar de acreditar em um Deus, Dostoiévski não acreditava na bondade do ser humano pelo motivo do mesmo estar sob toda a dor existencial e de punição, deixando-o vulnerável para a quebra de valores morais como visto em seus diversos personagens, como o ato do homicídio, da ganância e da prepotência, formando um ciclo de ódio que afunda toda a sociedade em um lamaçal de pecados. O sofrimento pode gerar engrandecimento pessoal, porém, apenas sofrer não garante o ato do amadurecimento.

O livro ensina que cada indivíduo é responsável não apenas por si mesmo, mas também pelo mundo ao seu redor. O sofrimento, a culpa e o amor não são apenas experiências individuais, mas forças que conectam e moldam a sociedade. O destino dos irmãos Karamazov mostra que nossas escolhas e crenças não existem no vazio; elas têm impacto sobre os outros e sobre o curso da história. Dostoiévski nos lembra que, mesmo diante da corrupção e do desespero, há espaço para a redenção. A compaixão e a fé — seja religiosa ou na própria humanidade — continuam sendo os caminhos para a transformação pessoal e social. No mundo contemporâneo, onde o cinismo e a desilusão muitas vezes predominam, Os Irmãos Karamazov desafia cada leitor a questionar: o que nos impede de construir um mundo mais justo?

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