Os Nus e Os Mortos

Título: Os Nus e os Mortos

Autor: Norman Mailer

Editora: Abril

Páginas: 770

Resumo do livro Os Nus e os Mortos

Publicado em 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial, Os Nus e os Mortos é um romance monumental que não apenas consagrou Norman Mailer aos 25 anos, mas se tornou uma das obras mais emblemáticas da literatura de guerra do século XX. O livro combina realismo brutal, reflexão filosófica e crítica política, apresentando a guerra como uma experiência humana total — física, psicológica e moralmente devastadora.

Os Nus e os Mortos – História

O romance se passa na ilha fictícia de Anopopei, no Pacífico Sul, uma criação literária inspirada no percurso real de Norman Mailer como soldado do exército americano durante o conflito. É nessa ilha selvagem, úmida, hostil e dominada pela presença silenciosa das tropas japonesas, que um pelotão da Companhia C é designado para participar de uma longa, desgastante e por vezes absurda campanha militar.

A narrativa acompanha de perto os soldados desse pelotão e o comando superior que dirige suas ações. O leitor não precisa memorizar cada nome — são muitos —, mas reconhece figuras centrais que estruturam o drama: o pragmático e ambicioso General Cummings, símbolo do autoritarismo frio; o Tenente Hearn, intelectual idealista, dividido entre a obediência e a consciência moral; e o Sargento Croft, talvez o mais temido, cuja brutalidade e instinto de sobrevivência se impõem ao grupo. Ao redor deles, soldados de diferentes origens sociais, cada um com sua história pessoal marcada por pobreza, humilhações, desigualdades ou traumas familiares, são lançados a uma realidade que não compreendem inteiramente, mas à qual precisam se adaptar para continuar vivos.

“O amor da pátria é muito bonito, é até mesmo um fator positivo no começo de uma guerra. Mas as emoções belicosas são sumamente precárias, e quanto mais tempo dura uma guerra menos valor têm elas.”

O enredo central acompanha a tentativa das tropas americanas de conquistar posições japonesas em Anopopei, numa sequência de operações que envolvem subidas exaustivas de montanhas, longas marchas pela selva fechada, ataques pontuais e improvisados, vigílias intermináveis e a convivência diária com a fome, o cansaço, a doença, o calor insuportável e o medo constante da morte. A campanha militar é, por si só, um percurso de desgaste físico e psicológico. A cada avanço, os soldados percebem que a guerra é menos um conjunto de grandes gestos heroicos e mais uma luta de sobrevivência microscópica, construída por pequenas decisões, acidentes, erros e imposições vindas do alto da hierarquia militar.

O desfecho do romance é coerente com o tom realista e desencantado da obra: a campanha militar prossegue, mas sem uma grande vitória simbólica, sem um momento de catarse, sem a consolidação de um heroísmo clássico. As posições japonesas acabam por ser enfraquecidas e, em determinada medida, derrotadas, mas não há glória nesse processo. Muitos soldados morrem, outros sobrevivem sem entender plenamente por quê, e a ilha continua sendo um espaço indiferente à presença humana. A guerra avança, mas a vida dos homens que a vivem é reduzida a um conjunto de atos mecânicos, condicionados pela ordem, pelo medo e pela necessidade de continuar seguindo em frente.

“O estado natural do homem do século XX é a angústia.”

A obra coloca diante do leitor sentimentos fundamentais — medo, raiva, desespero, culpa, humilhação, impotência, desejo de sobrevivência — e revela como esses afetos moldam o comportamento dos personagens e expõem sua vulnerabilidade. A guerra funciona como um grande amplificador psicológico: nada é pequeno quando a morte está próxima, e tudo o que é íntimo se torna universal. O leitor percebe que os soldados não são heróis nem monstros, mas homens comuns colocados em condições para as quais ninguém está preparado de verdade.

Os Nus e os Mortos – Conclusão

A guerra, em Os Nus e os Mortos, é um cenário absoluto do absurdo, no sentido camusiano: um espaço onde a busca por sentido se confronta com a indiferença total da realidade. Nada tem propósito além da sobrevivência, e até a sobrevivência é arbitrária. As decisões dos comandantes nem sempre fazem sentido; a natureza é hostil sem intenção; a morte chega sem lógica. O indivíduo está radicalmente exposto ao acaso.

Nesse contexto, a liberdade, conceito central do existencialismo, surge apenas de maneira mínima, precária, quase ilusória. Ainda assim, essas pequenas escolhas — obedecer, desobedecer, recuar, avançar, proteger alguém ou simplesmente tentar manter-se firme — ganham um peso moral imenso. É na margem estreita da ação possível que os personagens revelam sua humanidade.

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