Sidarta
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Sidarta

Título: Sidarta
Autor: Hermann Hesse
Editora: Record
Páginas: 176

Resumo do livro Sidarta

Hermann Hesse nasceu em 1877 no seio de uma família muito religiosa, filho de pais missionários protestantes. Contudo recusou a religião, e ainda adolescente rompeu com a família e emigrou para a Suíça em 1912. Travou contato com a espiritualidade oriental a partir de uma viagem à Índia em 1911 e com a psicologia analítica por meio de um discípulo de Carl Jung, em decorrência de uma crise emocional causada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Em 1946 recebeu o Prêmio Goethe e, passados alguns meses, o Nobel de Literatura “por seus escritos inspirados que, enquanto crescem em audácia e penetração, exemplificam os ideais humanitários clássicos e as altas qualidades de estilo”.

Sidarta – História

O livro conta a história de Sidarta, um jovem indiano filho de um brâmane, a mais alta casta religiosa do país. Criado desde muito cedo nos preceitos de Brama, um Deus Hindu considerado a representação da força criadora ativa no universo. Através de uma série de ritos e orações, Sidarta logo se sobressaiu na educação brâmane e abriu um futuro de ensinamentos e uma busca pela eterna felicidade. Mas algo dentro dele o inquietava e logo ele percebeu que a felicidade e a consciência da existência não estava ali.

“Mas a si mesmo Sidarta não se dava alegria. Para si, não era nenhuma fonte de prazer. Enquanto passeava pelas sendas rosadas do figueiral, enquanto se mantinha sentado na penumbra azulada do bosque da contemplação, enquanto abluía o corpo no cotidiano banho expiatório ou fazia sacrifícios rituais no mangueiral envolto em sombras profundas, fazendo gestos de primorosa correção, despertando amor em toda gente, deliciando a todos, não sentia, ainda assim, nenhuma satisfação em sua própria alma.”

Sidarta e seu fiel amigo Govinda partiram para junto dos Samanas, um povo nômade religioso que buscava através do jejum e da meditação a desindividualização do ser em busca do interno eu, aquele que abre as portas para o conhecimento do universo. Sidarta então jejuou por muitos dias, meditou por muitos dias. Apesar de estar vestido apenas por uma tanga velha e ter pele e cabelos queimados pelas intempéries do clima, Sidarta conseguiu o que pretendia, tornar-se vazio. Vazio de desejos, de paixões, de vontades. E poder entrar em contato com a força que rege o universo, com o eu interior que ele conhecia por Átman.

“Excelentes eram os sacrifícios e as invocações dos Deuses – mas que lhe adiantava tudo isso? Propiciariam os sacrifícios a felicidade? E quanto aos deuses: foi realmente Prajapati quem criou o mundo? E não o Átman? Ele, o único, o indivisível? Não eram os deuses figuras criadas da mesma forma que tu e eu, perecíveis, dependentes do tempo? Seria, portanto, bom e acertado oferecer sacrifícios aos deuses?”

Depois de muito tempo juntos aos Samanas, Sidarta e Govinda encontraram monges que seguiam Gotama, o Buda, o Venerável. Aquele que estava tecendo uma rede de meditação por todos os cantos em que pisava através das suas palavras de amor, bondade, respeito e sabedoria. Govinda decidiu então seguir Gotama, mas Sidarta ao ter com Buda, revelou o desejo de buscar o conhecimento que almejava através do contato com o homem comum. O Venerável Buda disse a Sidarta que quem muito busca, nada encontra, posto que a busca cega os olhos para o que existe ao redor. Mas Sidarta quis ter com os homens mesmo assim.

“Se o mundo é bom ou mau, se a vida em seus confins é sofrimento ou prazer, essa pergunta pode permanecer sem resposta. Pode ser que aquilo tenha pouca importância. Mas a unidade do mundo, o nexo existente entre todos os acontecimentos, o fato de todas as coisas, tanto as grandes como as pequenas, estarem incluídas no mesmo decorrer, na mesma lei das causas, do devir e do morrer … tudo isso ressalta luminosamente na tua excelsa doutrina.”

E Sidarta foi ao inferno. Depois de longos anos entorpecido pelo jogo, pelas mulheres, pelo comércio, pelo dinheiro, pela bebida e pelos prazeres e desejos do mundo, Sidarta sonhou com um lindo pássaro preso em uma gaiola de ouro. Ao aproximar-se da gaiola, Sidarta percebeu que o pássaro estava morto. Ele se deu conta que estava morto por dentro, que todas as suas angústias eram resultado do afastamento do verdadeiro conhecimento, aquele que traz paz pois versa sobre a essência do universo e da existência dos animais na realidade.

“Ao observar aquela existência infantil ou animalesca que levavam os seres humanos, ao mesmo tempo adorava e desprezava tal estilo de vida. Via como labutavam, sofriam, envelheciam por causa de assuntos que não lhe pareciam valer tamanho esforço e como se empenhavam em obter dinheiro, prazeres minúsculos, honrarias insignificantes. Ouvia como se censuravam e se insultavam mutuamente, como choravam suas dores.”

Sidarta então buscou redenção e se despojou de suas honrarias, vestimentas e riquezas. Novamente vestido apenas com uma tanga esfarrapada, Sidarta reencontrou um velho balseiro que transportava as pessoas de um lado para o outro de um grande rio no meio da selva. Ele então se deu conta de que o jovem Sidarta ainda estava vivo dentro daquele velho e enrugado corpo. E que para ser feliz, não basta ter felicidade, basta ser.

“As palavras deturpam sempre o sentido arcano. Todas as coisas alteram-se logo que lhes pronunciamos o nome. Então se tornam levemente falsas e ridículas.”

Sidarta – Conclusão

Uma leitura simplesmente instigadora. Sidarta nos ensina, sem a pretensão de fazê-lo, que nada somos e nada temos, e que as coisas ao nosso redor são o que são sem que para isso tenhamos que nomeá-las ou rotulá-las. Trazemos dentro de nós a capacidade de sermos o tudo e o nada, o claro e o escuro. Somente quando nos dermos conta de que o universo não apenas está em nós, mas que nós somos o universo, somente então teremos a serenidade de Sidarta para aceitar nossa insignificância e desapegar de tudo o que nos amarra nesse mundo de sombras. Somente quando suplantarmos a mentira de nossas vidas, poderemos ver o desvelamento da verdade.

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Sidarta

Até a próxima!