Tieta do Agreste
Tieta do Agreste

Tieta do Agreste

Tieta

Título: Tieta do Agreste
Autor: Jorge Amado
Editora: Record
Páginas: 590

Resumo do livro Tieta do Agreste

Jorge Amado foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos, sendo o autor mais adaptado para o cinema, teatro e televisão. A sua obra é uma das mais significativas da moderna ficção brasileira, sendo voltada essencialmente às raízes nacionais. São temas constantes: os problemas e injustiças sociais, o folclore, a política, as crenças, as tradições e a sensualidade do povo brasileiro. Em 1977, Jorge Amado publicou Tieta do Agreste.

Tieta do Agreste – História

O cenário para a história é a pequena cidade do interior da Bahia, Santana do Agreste. Uma cidade como tantas outras espalhadas pelo país, pobre, esquecida pelo poder público e que sobrevive graças a força e coragem de seu povo. Um povo que possui todos os estereótipos sociais que permeiam o imaginário: a fofoqueira, o bêbado, a adúltera, a falsa santa, a carola, a viúva, entre tantos outros. Todos esses personagens fazem de Santana do Agreste um lugar aberto para receber todos os leitores, de todas as partes do mundo.

De início, acompanhamos a vida pacata dessa cidade. O sossego foi quebrado, não por um fato ocorrido, mas justamente pela falta do ocorrer. A carta de Tieta não chegou. Para desespero de Perpétua e Elisa, irmãs de Tieta, e de Zé Esteves, pai. Junto da carta da irmã rica que morava em São Paulo, uma quantidade considerável de dinheiro era enviada. Para pagar os estudos dos filhos de Perpétua, que estudavam de graça. Para ajudar na criação do filho de Elisa, que morrera. Para ajudar na vida de Zé Esteves, que vivia na miséria e escondia o dinheiro no colchão.

“Ninguém, nenhum deles, poeta, militar, farmacêutico, dono de padaria no Rio de Janeiro, voou tão alto, obteve êxito igual, elevando aos páramos da glória o nome da obscura e decadente cidadezinha de Sant’Ana do Agreste, como Antonieta Esteves a brilhar na alta sociedade paulista, única entre todos a ostentar fortuna, gastando dinheiro a rodo, os nomes dos jornais do Sul.”

A falta da carta e do dinheiro só poderia ser uma coisa: Tieta morrera. Comoção na família. Perdiam a mesada. Perpétua, viúva e afeita à Igreja, logo providenciou o funeral, com cortejo e missa. Porém, antes mesmo de enterrarem o caixão vazio, outra carta de Tieta informou o verdadeiro motivo da ausência: o marido de Tieta, Comendador Felipe, havia morrido. Tieta estava voltando para Agreste para visitar os parentes e fazer negócios. E então, Agreste ficou em polvorosa

 A filha pródiga voltaria para o seio de sua família e amigos. Tentando não lembrar do motivo de sua saída: Tieta foi expulsa pelo pai quando jovem, pois corria à boca da cidade que Tieta só tinha dois dons: cuidar de cabritas e se deitar com homens. Não suportando a vergonha de ter uma filha afeita ao sexo casual, Zé Esteves expulsou sua filha. Tieta passou por vários bordéis em Salvador e foi parar em São Paulo, em bordel que era voltado para a alta sociedade paulistana: ricos empresários, políticos e pessoas influentes. Ali, Tieta fez fama. Conheceu seu futuro companheiro e se tornou dona do lugar, que passara a se chamar Refúgio dos Lordes. Com a viuvez, muito dinheiro, e sabendo que em Agreste ninguém sabia de sua verdadeira história, resolveu voltar à cidade natal para comprar casas e terrenos para sua velhice. Tieta levou consigo Leonora, uma de suas meretrizes preferidas. Leonora se passou por sua afilhada, filha de seu falecido marido.

“Nos cômoros, ouvindo as vagas, nos oiteiros de terra pobre, no contato com o rebanho indócil, fizera-se forte e decidida, aprendera a desejar com intensidade e a lutar para conseguir.”

Tieta logo se tornou o principal assunto de Agreste. Todos queriam vê-la. Queriam tocá-la. Elisa queria ser como Tieta. Perpétua queria que Tieta adotasse seus dois filhos. Os presentes que trouxera de São Paulo logo foram elevados aos melhores presentes recebidos. Tieta conseguira comprar a casa e o terreno em Mangue Seco, objetivo inicial de seu retorno. Porém, durante a sua estadia Santana do Agreste haveria de discutir o seu futuro. Uma fábrica de dióxido de titânio seria instalada em Mangue Seco.

Nesse meio tempo, Leonora se apaixonara por Ascânio, secretário da prefeitura que na prática era o prefeito, já que o eleito estava velho e doido em casa. Ascânio era favorável à instalação da fábrica, pois, segundo ele, somente o progresso poderia tirar Agreste do atraso em que se encontrava. Mesmo que para isso a cidade virasse um grande lixão. Da parte contrária, todos os demais cidadãos. Tudo se encaminhava para essa mudança quando Tieta resolveu se posicionar à favor de sua cidade. Mas antes que ela pudesse concretizar seu plano, a história teve uma grande reviravolta.

“Ao projetar a volta a Mangue Seco, sonhava reencontrar a beleza e a paz. Sortuda, obteve de lambugem devoradora paixão, insólita em sua farta colheita de xodós. Pela primeira vez deixou de ser sestrosa chiva requestada e conquistada, rendendo-se submissa ao apelo, à cobiça, à sedução do macho.”

Leonora contou para Ascânio a sua verdadeira história. Quando soube que a mulher da sua vida, que ele pensara casta e santa, era uma meretriz rodada do Sul, seu mundo caiu. Tomado de fúria, Ascânio desfez o pedido de casamento e expulsou Leonora de sua casa. À Tieta não restou outra alternativa: partiu de volta para São Paulo com Leonora, não sem antes recrutar uma das meninas do bordel da cidade. Agora que a verdade havia sido revelada, ela definitivamente só retornaria à Agreste quando não lhe restasse mais nada.

Em paralelo, os cidadãos de Agreste descobriram, através do noticiário do rádio, que a fábrica de titânio iria para Arembepe. Agreste havia sido preterida por motivos políticos. Mais uma derrota para Ascânio, que havia sido comprado pelos donos da fábrica, com charutos, dinheiro e mulheres. Agreste voltava a ser o lugar esquecido por todos. Contudo, a passagem de Tieta para sempre seria lembrada. Ela conseguiu, pela influência que o seu bordel tinha na política nacional, que a energia elétrica de uma hidrelétrica próxima fosse instalada em Agreste. A luz amarelada da cidade foi trocada por uma energia muito mais vistosa e reluzente. A luz de Tieta.

Tieta do Agreste – Conclusão

“Janelas se entreabrem ao passo de Tieta. Cruza a cidade, entra nos becos, vai até os barrancos do rio, não leva pressa, talvez se despedindo. Despedindo-se e recrutando, não anda ao acaso. Madame Antoinette, voilá! tem destino e objetivo.”

O livro tem muito mais do que essa história que conto. Tem a defloração de Ricardo, filho mais velho de Perpétua e seminarista, pela fogosa Tia Tieta. Tem a primeira experiência sexual de Peto, filho mais novo de Perpétua, pela experiente Zuleika Cinderela, em seu bordel. Tem os versos do poeta Barbosinha, antigo amante de Tieta. As fofocas de Carmosina. As conspirações de Aminthas, Osnar e Fidélio, no bar de Astério. A chegada de forasteiros, membros da fábrica de titânio, que são igualados a extraterrestres. Enfim, um livro repleto de excelentes histórias para contar.

Muito humor e muita crítica social. Um livro genial.

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Até a próxima!