Título: Triste Fim de Policarpo Quaresma
Autor: Lima Barreto
Editora: Saraiva
Páginas: 240
Resumo do livro Triste Fim de Policarpo Quaresma
O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, o segundo de Lima Barreto, é considerado por alguns críticos o principal representante do Pré-Modernismo brasileiro. O livro se tornou uma das representações ficcionais mais abrangentes do quadro social brasileiro dos primeiros anos da República. A obra discute principalmente a questão do nacionalismo, mas também fala do abismo existente entre as pessoas idealistas e aquelas que se preocupam apenas com seus interesses.
Triste Fim de Policarpo Quaresma – História
Para Policarpo Quaresma o Brasil vinha em primeiro lugar. Tal era sua paixão pelo país que tentou carreira militar. Com a negativa do corpo de saúde, decidiu servir ao país nas trincheiras administrativas. Se tornou funcionário público, trabalhando para o Exército. Estamos nos primeiros anos da recem proclamada República, em pleno governo de Floriano Peixoto.
Quaresma decidiu estudar a fundo o Brasil. Se rodeando de livros sobre a história do país, foi criticado pela sociedade que o rodeava, que não conseguia aceitar que alguém sem titulação acadêmica pudesse possuir livros. Buscando sempre as raízes nacionais, Quaresma decidiu aprender a tocar violão com Ricardo Coração dos Outros, um menestrel à brasileira, que se tornou um grande amigo de Quaresma, acompanhado-o até o final.
“Demais, senhores congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais.”
Rodeado por uma sociedade voltada para a cultura europeia, Quaresma teve uma ideia. Propôs à assembleia legislativa republicana que o tupi-guarani se tornasse a língua oficial do país. De imediato, Quaresma foi ridicularizado por amigos, familiares, colegas de trabalho, e até mesmo da imprensa. Julgando que estava fazendo aquilo que achava correto, redigiu um documento oficial na língua indígena. Tido como louco, foi internado em um hospício. Quaresma passou alguns meses internado, onde teve tempo para pensar. Conversou com seus companheiros de hospício, e teve a certeza de que não deveria estar ali.
Saiu mais triste do que entrou. Triste com as situações que presenciou e com as conversas que teve. Saiu mais desiludido com os rumos que o Brasil tomava. Quaresma voltou para sua casa, mas o ambiente não lhe trouxera a alegria de antes. Sua afilhada, Olga, então deu uma excelente ideia. Agora que estava são e aposentado, Quaresma poderia vender sua casa e viver no campo. Assim o fez, comprou o sítio Sossego onde ele passou a tentar provar a decantada fertilidade do solo brasileiro.
“Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica amedrontado, sentindo que o gérmem daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e absurda de nós mesmos.”
Com a ajuda do empregado Anastacio, Quaresma deu início ao seus estudos sobre a terra. Como não poderia deixar de fazer, direcionou suas atenções iniciais aos livros, para aprender sobre o cultivo da terra. Logo se viu envolvido nas decisões de plantas, árvores e lavouras que deveria fazer, a forma correta de cultivá-las. Enfim, Quaresma vivia em paz. Mas ele logo descobriu que mesmo ali, no interior, havia um Brasil que não se sujeitava a abandoná-lo.
Estava em curso uma campanha política, e os políticos locais entenderam que a chegada de Quaresma, um funcionário público respeitado, significava que ele estava ali para se envolver com a política local. Em meio a infestações de formigas, ervas daninhas e outras pragas na tentativa de incentivar a iniciativa agrícola em outras pessoas e ajudar no crescimento econômico do Brasil, Quaresma se viu arrastado para uma disputa política.
“Quaresma veio a recordar-se do seu tupi, do seu folclore, das modinhas, das suas tentativas agrícolas – tudo isso lhe pareceu insignificante, pueril, infantil. Era preciso trabalhos maiores, mais profundos; tornava-se necessário refazer a administração.”
Ao saber sobre a Revolta da Armada, Quaresma enviou um telegrama ao Marechal Floriano Peixoto pedindo energia ao presidente. Resolveu abandonar o campo e seguiu para o Rio de Janeiro para dar apoio ao governo e sugerir reformas que mudassem a situação agrária. Chegando à cidade, Quaresma foi bem recebido por Floriano Peixoto, que, no entanto, deu pouca atenção às suas propostas de reforma. Sem se dar por vencido, com o anseio de lutar pelo Brasil, Quaresma foi incorporado a um batalhão e ganhou o posto de major, apesar de não ter nenhuma experiência de combate.
Encarregado de um pelotão de artilharia improvisado com voluntariados à força – como seu amigo Ricardo Coração dos Outros -, Policarpo deveria rechaçar investidas dos marinheiros às praias cariocas. Quaresma percebeu que suas propostas não eram levadas a sério. O ponto de mudança para ele se deu quando foi chamado, de forma um tanto irônica, de visionário por Floriano Peixoto. Se desiludiu ainda mais quando, tendo entrado em combate, matou um dos revoltosos.
“Quaresma, como muitos homens honestos e sinceros de seu tempo, foram tomados pelo entusiasmo contagioso que Floriano conseguira despertar. Pensava na grande obra que o Destino reservara àquela figura plácida e triste.
Com a revolta sufocada, Quaresma ficou responsável por um grupo de prisioneiros. Porém, depois de presenciar uma escolha arbitrária de presos que deveriam ser fuzilados, Quaresma enviou novo telegrama a Floriano Peixoto informando ao Marechal do triste ocorrido. O governo não tolerou esse telegrama, tratando como insubordinação e traição. O maior patriota de todos foi injustamente preso, acusado de traição. No final, devido às suas críticas ao governo, Quaresma foi condenado ao fuzilamento.
Antes de morrer, Quaresma chegou à conclusão de que a pátria, à qual ele sacrificara sua vida de estudos, era uma ilusão. Tod a sua vida repassada o fez perceber o quanto os líderes republicanos estavam desinteressados do seu país, governando apenas em interesse próprio. Quaresma sonhou com um Brasil real, mas morreu sob o julgo do Brasil oficial.
Triste Fim de Policarpo Quaresma – Conclusão
O livro é uma reflexão sobre o Brasil dos primeiros anos da República, onde o autor denuncia, assim como em suas outras obras, a insensibilidade dos ricos, a superficialidade dos burocratas, a corrupção dos políticos. Lima Barreto expõe o mundo social e psicológico de sua época, resultante dos relacionamentos e interesses dos membros que fazem parte dessa sociedade: militares, funcionários públicos, advogados, políticos, jornalistas e negros libertos. Lima Barreto vive em constante tensão com a sociedade em que está inserido, pois ela é contraditória com relação aos valores que prega. Enquanto promete lealdade, liberdade, justiça, promove a arbitrariedade, o descaso e a injustiça. Por trás da história de um nacionalista, Triste Fim de Policarpo Quaresma desconstrói o mito romântico de um Brasil superior. Ao final de sua jornada, Policarpo Quaresma descobre um Brasil inóspito, precário, infecundo e opressor.
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