Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Páginas: 155
Resumo do livro Vidas Secas
Graciliano Ramos foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Tradutor de obras em inglês e francês e honrado com diversos prêmios em vida, a obra de Graciliano Ramos ganhou relevância na crítica literária e atenção do mundo acadêmico. Seu romance modernista, também conhecido como regionalista, Vidas Secas é visto como um clássico da literatura brasileira.
Vidas Secas – História
O livro conta uma história em terceira pessoa, fazendo o leitor se tornar um mero espectador do enredo, sofrendo sem nada poder fazer. A história de uma família de retirantes do sertão nordestino que vivia em uma condição subumana, Fabiano, Sinha Vitória, seus dois filhos, um papagaio e a cachorra Baleia. Assolados e humilhados pelo clima, pela fome, pela miséria, e pela desigualdade social, a família andava sem destino pelo aridez do sertão quando encontrou um pequeno sítio abandonado. Resolveram parar para descansar e acabaram ficando por mais dias, depois que Baleia caçou uma preá e Fabiano conseguiu armar uma fogueira.
“Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado, Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitoria estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, pegou no pulso do menino que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato.”
Mas logo o dono do local retornou. Não vendo outra saída, Fabiano ofereceu seus serviços e passou por vários sofrimentos com esse novo patrão. Em uma de suas idas à feira, Fabiano bebeu e arrumou confusão no jogo de cartas com um soldado, que ele chamou de soldado amarelo em alusão ao uniforme. Fabiano apanhou e foi preso. A prisão de Fabiano não se deu por desavença pessoal. O soldado o prendeu para afirmar uma autoridade que ele, soldado, entendia como sendo a condição social natural do local. Fabiano retornou para sua família humilhado e sem o dinheiro. Decidiram continuar andando sem destino, à procura de uma vida melhor.
Sinha Vitória tinha uma natureza diferente de Fabiano. Enquanto ele tinha uma natureza mais animalesca, sua esposa é retratada como uma mulher mais ponderada. Sinha Vitória, em relação à Fabiano, era mais culta. O medo constante dela era a seca e a fome consequente. Mas era uma mulher forte e resiliente com a situação que vivia. Dos filhos do casal é retratado muito pouco. Não sabemos seus nomes, e não nomeá-los pode trazer a ideia de universalidade. Os dois meninos representam todas as crianças que passam fome e miséria em decorrência da seca e da injustiça, e que perdem a pureza de suas infâncias diante das agruras da vida.
“Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo – anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto.”
O inverno no sertão trouxe chuva. E Fabiano pôde finalmente tentar plantar alguma coisa que fosse útil à sua família. De toda forma, o medo da seca que viria após a chuva sempre voltava à mente de Sinha Vitória. Fabiano levou a família para ver os festejos natalinos e todos se sentiram estranhos nas roupas que usavam e diante das pessoas que os olhavam. Se sentiram inferiores até mesmo no meio de pessoas iguais.
Em uma das passagens mais tristes do livro, Fabiano percebeu que a cachorra Baleia estava doente. Com medo de que a hidrofobia, doença que Fabiano achava que Baleia tinha, passasse para os seus filhos, não restou saída à Fabiano que não sacrificar a cachorra. Os filhos e Sinha Vitoria não podiam conceber esse ato, mas recolheram-se diante da severidade de Fabiano. Baleia acordou no mesmo lugar, mais escuro, e mais solitária. Procurou por seus amados donos, a quem defendeu com todo afinco, sofrendo e vivendo na mesma medida.
“Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a vigem difícil do barreiro ao fim do patio desvaneciam-se no seu espírito.”
Diante da seca que se avizinhava novamente, Fabiano e sua família novamente partiram pelo sertão afora. Continuaram procurando por um local seguro e adequado para uma vida digna. O livro termina da forma como começou, com a família andando através do sertão, convivendo com a miséria e com a fome. Um ciclo sem fim, um sofrimento que nunca acaba.
Vidas Secas – Conclusão
“Saíram de madrugada. Sinha Vitória meteu o braço pelo buraco da parede e fechou a porta da frente com a taramela. Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro de boi que apodrecia, os juazeiros. Ao passar junto às pedras onde os meninos atiravam cobras mortas, Sinha Vitória lembrou-se da cachorra Baleia, chorou, mas estava invisível e ninguém percebeu o choro.”
Vidas Secas é um marco da literatura brasileira. É um livro que toca o leitor profundamente. Os sofrimentos de uma família que não conhecemos, mas que sabemos que existe. Um povo invisível. Que mantém a fome e a miséria como suas companheiras de toda uma vida. Homens e mulheres que sobrevivem mesmo contra a natureza. Crianças que se apegam ao mínimo para existirem. Uma história comovente, de uma família de brasileiros como tantas que existem espalhadas pelos sertões do Brasil.
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