A Cor Púrpura
A Cor Púrpura

A Cor Púrpura

A cor purpura

Título: A Cor Púrpura
Autor: Alice Walker
Editora: José Olympio
Páginas: 329

Resumo do livro A Cor Púrpura

Alice Walker é uma escritora e ativista feminista norte americana. Esse livro, lançado em 1982, é sua obra mais famosa, com a qual ganhou os prêmios National Book Award e o Pulitzer de Ficção. Nascida em 1944 no Estado da Geórgia, Alice viveu em um dos períodos mais conturbados em relação à luta pelos direitos civis. Em sua cidade natal só havia uma escola que aceitava negros, já que naquela época brancos e negros não podiam estudar na mesma escola. Por suas excelentes notas, Alice recebeu uma bolsa de estudos para estudar em uma universidade em Atlanta. Envolvendo-se cada vez mais na luta dos direitos dos negros, casou-se com Melvyn Leventhal, um advogado de direitos civis. O casal se tornou o primeiro a ser constituído por um branco e uma negra no estado do Mississippi. Foram perseguidos e ameaçados por brancos da região, incluindo membros da Ku Klux Klan.

Toda essa experiência de vida deu a Alice o estofo necessário para escrever a história de Cellie, uma mulher negra que vivia no Estado da Geórgia no início dos anos 1900. A partir dos 14 anos, Cellie começou a escrever cartas para Deus, para tentar aliviar o seu sofrimento. Esse livro, portanto, tem a forma epistolar, onde a história é contada através dessas cartas escritas por Cellie.

“Ele nunca teve uma palavra boa pra falar pra mim. Só falava você vai fazer o que sua mãe num quis. Primeiro ele botou a coisa dele na minha coxa e cumeçou a mexer. Depois ele agarrou meus peitinho. Depois ele impurrou a coisa dele pra dentro da minha XXXX. Quando aquilo dueu, eu gritei. Ele cumeçou a me sufocar, dizendo é melhor você calar a boca e acustumar. Mas eu num acustumei, nunca.”

A Cor Púrpura – História

Cellie viveu em um lar tomado pela violência e pelo abuso. Com a mãe muito doente, Cellie era constantemente violentada e estuprada pelo padrasto. Desses abusos nasceram duas crianças: Adam e Olivia, que logo foram colocadas para adoção. Alguns anos depois, ainda na adolescência, Cellie foi oferecida em casamento para Alberto, que Cellie chamava apenas de “Sinhô”. Novamente, Cellie sofreu com a violência e com abusos sexuais. Ela não passava de uma empregada de dia e de uma prostituta, à noite.

Sua irmã, Nettie, passava grande parte do tempo com ela, para também fugir dos abusos do padrasto. Porém, Sinhô Alberto, não satisfeito com as conversas entre elas, expulsou Nettie e as irmãs se separaram. Anos depois, dando como certo que nunca mais iria ver sua irmã novamente, Cellie recebeu cartas escritas por Nettie, e passou a escrever também para ela, além de continuar escrevendo para Deus.

“Sinhô trepa encima de mim, faz o serviço dele, dez minuto depois a gente tá dormindo. A única vez queu sinto uma coisa atiçando lá embaixo é quando eu penso na Shug. Mas é como correr até o fim de uma estrada e voltar sozinha, num dá em nada. Você sabe qual é a parte pior? ela falou. A parte pior é queu acho que ele nem repara. Ele trepa lá e tem o bem-bom dele do mesmo jeito. Num importa o que eu tô pensando.”

Então, além de Cellie e Nettie, duas outras personagens femininas são apresentadas: a primeira é Sofia. Alberto tinha um filho chamado Harpo, que se apaixonou e casou com Sofia. O casal foi viver próximo à casa de Cellie e as duas começaram uma bela e duradoura amizade. Sofia tinha um perfil diferente de Cellie. Nascida em uma família composta pela maioria de homens, Sofia aprendeu a se defender. Sofia e Harpo tinham brigas homéricas, onde a violência era mútua. Com o tempo, o casal se separou, mas Sofia manteve a amizade com Cellie.

Infelizmente, por conta de sua personalidade explosiva, Sofia terminou na cadeia da cidade depois de agredir a esposa do prefeito após uma discussão. Sofia passou por momentos terríves na cadeia e viu a sua vida se esvair após receber como atenuação de sua pena a possibilidade de trabalhar como empregada na casa do mesmo prefeito.

“Toda a minha vida eu tive que brigar. Eu tive que brigar com meu pai. Tive que brigar com meus irmão. Tive que brigar com meus primo e meus tio. Uma criança mulher num tá sigura numa família de homem.”

A outra personagem feminina a cruzar o caminho de Cellie foi Shug Avery, uma cantora de jazz e blues. Shug havia sido uma antiga namorada de Alberto. Quando ela ficou doente, Alberto abriu as portas de sua casa para que ela pudesse se tratar. Cellie passou a ser a sua enfermeira, ajudando na recuperação de Shug. Cellie sempre havia pensado em Shug Avery como uma heroína, uma mulher que havia vencido na vida se tornando uma artista negra de sucesso em um mundo dominado pelos brancos racistas.

A amizade entre Shug e Cellie cresceu a ponto de se tornar um romance efêmero, onde Shug ensinou algumas questões sexuais para Cellie, que estava completamente apaixonada por sua maior inspiração. O vínculo de amizade entre as duas aumentou com o tempo. Após se recuperar, Shug decidiu voltar aos palcos e levou Cellie com ela para Memphis. Pela primeira vez em sua vida, Cellie respondeu Alberto sem medo de ser surrada ou humilhada. Partiu sem olhar para trás.

“Ela é feia. Ele fala. Mas num istranha o trabalho duro. E é limpa. E Deus já deu um jeito nela. O senhor pode fazer tudo como o senhor quer e ela num vai botar no mundo mais ninguém pro senhor dar de cumer e vistir.”

Contudo, para Cellie, ainda faltava reencontrar sua irmã, Nettie. Após receber as cartas de sua irmã, que Alberto estava escondendo, Cellie passou a se comunicar com ela e a sonhar com o dia em que a reencontraria. Após ser expulsa da casa de Alberto e do convívio de sua irmã, Nettie  passou por muita coisa. Até que se viu missionária na África, ajudando um povo nativo a curar uma epidemia que assolava a região. Junto dela estavam Adam e Olívia, os filhos que Cellie teve no passado após ser violentada pelo padrasto.

Entre idas e vindas, Nettie, Adam e Olivia resolveram retornar para a América. O reencontro de Cellie com sua família é emocionante. Após tantos percalços e tantas desilusões durante a vida, finalmente Cellie se sentia em casa. No fim, ela retornou para Alberto, que passou a tratá-la com mais respeito e humanidade.

“Olhe pra você. Você é preta, é pobre, é feia. Você é mulher. Vá pro diabo, ele falou, você num é nada.”

A Cor Púrpura – Conclusão

O livro tem uma marca muito importante no combate ao racismo e ao machismo. O padrasto de Cellie e o marido, Alberto, eram  negros. Esse fato é importante para levantar a questão de que apesar de todos sofrerem com o racismo estrutural do local onde viviam, Cellie ainda tinha que sofrer com o machismo arraigado naquela sociedade, onde mulheres eram apenas objetos utilizados para servir e dar prazer aos homens. Esse livro é uma leitura importante para discutir certos paradigmas sociais que devem ser quebrados.

Indico o aclamado filme The Color Purple, de 1985, com a direção de Steven Spielberg.

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A Cor Púrpura

Até a próxima!