Meditações
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Meditações

Título: Meditações
Autor: Marco Aurélio
Editora: Edipro
Páginas: 187

Resumo do livro Meditações

Marco Aurélio foi um imperador romano entre os anos de 161 d.C. e 180 d.C. Assim como seus antecessores e sucessores, precisou defender o território do Império Romano contra inúmeras tentativas de invasão. Buscou desenvolver as relações econômicas e sofreu com a desolação de pestes e epidemias, que dizimaram milhares de romanos. Porém, um dos traços marcantes de Marco Aurélio era sua erudição. Versado em grego e latim, rapidamente Marco Aurélio teve contato com o estoicismo, dedicando boa parte de seu tempo para estudos filosóficos. Sua obra, Meditações, é, até hoje, uma das melhores fontes para a compreensão da antiga filosofia estoica.

“Honra a faculdade de pensar e conceber opinião. Tudo se encontra nela, pois não há na tua faculdade condutora um pensamento que não esteja de acordo com a natureza e a constituição de um animal racional. Ela nos prescreve a não precipitação, a boa administração das relações com os seres humanos e a obediência aos deuses.”

Meditações – História

Antes mesmo da leitura, temos que analisar um traço importante dessa obra. Esse livro não é uma obra literária ou mesmo uma obra filosófica, na acepção específica e técnica dessas expressões. Os textos foram escritos como uma espécie de diário, onde Marco Aurélio registrou reflexões endereçadas a si próprio, e não intencionalmente a algum leitor. Marco Aurélio faz aquilo que a tradução do título quer dizer: ele medita. Até mesmo o título original, “Para si mesmo”, indica explicitamente o caráter de privacidade e até de intimidade desses escritos.

É visível o tom de autoadmoestação, autocrítica e confissão, e, até mesmo. desabafo que perpassa as seções dos doze livros que compõem o conjunto de meditações. Isso sugere o aspecto estritamente pessoal de um diário atípico que não era para ser publicado. Por essa característica pessoal, podemos concluir que Marco Aurélio não era um filósofo estoico, mas somente um estoico. Sua preocupação era com os princípios e as práticas da doutrina estoicas, tanto no âmbito pessoal como em sua intensa e árdua atividade como Imperador Romano. Para nossa sorte, uma cópia sobreviveu à passagem do tempo, e pode hoje ser lida e apreciada por todos.

“As pessoas buscam para si refúgios, casas de campo, praias e montanhas; e tu também desejas isso intensamente. Mas isso toca inteiramente as mais vulgares entre as pessoas, pois depende de tua vontade, a qualquer momento, fazeres o retiro para dentro de ti mesmo. Com efeito, em lugar algum, seja em busca de mais tranquilidade, seja visando distanciar-se de negócios e atividades, consegue uma pessoa mais refúgio que dentro de sua alma.”

Marco Aurélio traça, ao longo dos livros que compõem essa obra, máximas filosóficas que se prestam a guiar a vida do indivíduo. Desde o momento em que acordamos, precisamos entender o propósito da existência. Todos os seres vivos do planeta vivem segundo seus instintos, nascem, crescem e morrem, seguindo um roteiro pré-determinado pela natureza que cada ser carrega em si. Somente ao ser humano é dada a capacidade de existir sabendo que existe. Somente o ser humano é capaz de olhar para a aurora de um novo dia e realizar, através do pensamento racional, que aquele pode ser um dia diferente.

Somente o ser humano sabe que existe. Somente ele pode tentar entender porque existe. Descobrir, desde cedo, o que nos move, nos tira da inércia de uma vida apática e insossa. Segundo Marco Aurélio, os deuses criaram o que existe, e dotou o ser humano de tamanha capacidade de raciocínio, que lhes é indiferente se o Homem é mau ou bom, se pratica a maldade ou a bondade, para consigo e para com o outro. Marco Aurélio tira dos deuses a obrigação de nos defender. Para ele, os deuses já foram benevolentes o suficiente nos dando o sopro vital. Cabe aos seres humanos, em forma de agradecimento, fazer com que a vida concedida valha à pena.

“Não te conduzas como se estivesse destinado a viver 10 mil anos. A fatalidade está no seu encalço. Enquanto vives, enquanto há possibilidade, sê da estirpe das pessoas boas.”

As maledicências ditas contra nós dizem respeito à quem as proferiu. Se algum impropério foi cometido, ele só pode ter dois caminhos a seguir: é, de fato, uma calúnia; ou é uma verdade inexorável. Se for uma injúria caluniosa, esta não pode nos atingir, pois não está direcionada contra nós. Onde estamos, essa mentira não alcança. Para o caso de ser verdadeira a ofensa proferida, esta igualmente não nos atingirá. Pois sendo verdade, dita sentença já nos pertence, e, de fato, não pode nos surpreender.

Por isso devemos cuidar para não chegar ao limite onde os imprópérios são ditos. Quando falamos palavras de baixo calão, nos rebaixamos ao nível delas. E estas palavras possuem o único objetivo de revelar o que trazemos no peito, fazendo com que nossos sentimentos fiquem nus. Se estamos completos de bons sentimentos e pensamentos, injúrias não podem ocupar esse espaço, pura e simplesmente porque não há espaço para ser ocupado.

“Ao romper a aurora, quando despertar é para ti difícil, põe à tua disposição a ideia de que despertas para realizar a obra de um ser humano; será o caso de manter o mau humor, quando sei que vou fazer aquilo para o que nasci e em função do que fui instalado no mundo? Ou será que fui feito para ficar deitado e me conservar aquecido sob as cobertas?”

A certeza da finitude da vida deve ser o balizador das nossas práticas diárias. Marco Aurélio, repetidamente, nos lembra o quanto somos finitos. Cita que mesmo Alexandre, O Grande, terminou como seu mais simples escravo: ou ambos viraram parte da mesma substância física encontrada no subsolo, ou se tornaram parte da divindade. Mesmo aquele que cuida para que um doente viva mais alguns anos, um dia morrerá. Mesmo o mais importante dos governantes, a mais bela das mulheres, o guerreiro quase imbatível, todos morrerão. 

Marco Aurélio nos convida a trazer para o centro de nossa existência o nosso íntimo. Ao invés de buscar abrigo em outros locais ou em outras pessoas, somos convidados a nos reunir com nós mesmos. Olhar para dentro de nós e percebemos de que tipo de matéria somos feitos. Somos parte do universo, sem dúvida, contudo, Marco Aurélio nos diz que somos também o universo. Temos em nós a gênese e fim de tudo. O livro é um convite ao pensamento. Um convite à libertação das amarras que nos auto imputamos ao longo da vida. Uma correta direção em meio à uma infinidade de caminhos tortuosos.

“Quantos daqueles com os quais ingressei no mundo, deste já se foram”

Meditações – Conclusão

“Em breve, tu terás esquecido tudo; em breve, tudo terá te esquecido.”

Para Marco Aurélio, a filosofia era, conforme classificação de Aristóteles, uma ciência prática. Para o Imperador, a ética tinha uma importância claramente destacada, já que a prática das virtudes clássicas, como justiça, sabedoria e coragem; e das virtudes estoicas, como simplicidade, benevolência e aceitação, é o fundamento da existência de todo e qualquer indivíduo. Segundo Marco Aurélio, viver conforme os ensinamentos estoicos é praticá-los diariamente.

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Até a próxima!