Memórias do Subsolo
Memórias do Subsolo

Memórias do Subsolo

Memorias do subsolo

Título: Memórias do Subsolo
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Editora 34
Páginas: 152

Resumo do livro Memórias do Subsolo

O livro foi publicado em 1864, antes de outras obras primas do autor, como, O Idiota, e Crime e Castigo. Memórias do Subsolo traz uma história densa, repleta de simbolismos e significados. Traz uma reflexão sobre nossa própria existência e sobre aquilo que nos faz iguais: a humanidade.

Memórias do Subsolo – História

O personagem principal, o narrador-personagem, não tem nome, é apenas o Homem do subsolo. E justamente por não ter nome ele simboliza o paradigma para o comportamento de várias personagens agônicas, que se autoflagelam. Personagens que dizem e se desdizem. A obra é dividia em duas partes. A primeira parte é o subsolo, que pode ser entendido como uma metáfora para inferno ou esconderijo, e é densamente filosófica. A segunda parte é mais narrativa e se apresenta como a aplicação prática do que se discute na primeira parte.

“Toda a questão estava justamente nisso, a maior obscenidade resumia-se a esse fato: de que constantemente, mesmo nos momento do mais intenso mau-humor, eu tinha a vergonhosa consciência de que não apenas não era mau, como nem sequer era um homem amargo, que somente fazia tipo a troco de nada e me divertia com isso.”

O Homem do subsolo era um funcionário público da Rússia Czarista de meados do século XIX que conseguiu se aposentar devido a uma herança. Era um homem muito inteligente, mas que estava no momento de sua vida de ruminar todos os eventos tristes e fúnebres pelos quais passou. Um homem isolado e sozinho, mas que escreveu suas memórias e sempre estava em diálogo com o outro. Para quem as escrevia? Surge esse questionamento. Era um homem amargo que logo no início se intitulou mal, diz que sofria do fígado e que não se trataria por raiva, se sofria do fígado, pois que sofresse ainda mais. E tudo isso somente nos primeiros parágrafos.

O Homem traz consigo pensamentos e reflexões sobre a história da humanidade, uma história banhada com sangue. Entre afirmações e negações, advogando e denegrindo o que acabou de dizer, o Homem do subsolo nos diz que independente dos nossos pensamentos, importa nosso caráter próprio, importa a posse da nossa própria personalidade, contanto com a nossa própria deliberação. Independência e liberdade, para pensar e agir.

“Eu explico a vocês: o prazer vinha justamente da consciência demasiado clara de minha degradação; do fato de perceber afinal que já chegara ao fundo do poço; de que aquilo era detestável, mas que não poderia ser de nenhuma outra maneira; de que não havia mais saída, de que jamais conseguiria tornar-me outra pessoa; de que se pelo menos ainda restasse tempo e fé para me transformar em qualquer outra coisa, então certamente não iria querer me transformar.”

Na segunda parte da obra, esse Homem do subsolo que fugia de todos, que preferia o esconderijo de sua alma, saiu para encontrar com ‘colegas’ antigos da época de escola. Ao que parece, um deles recebeu uma promoção e estava de saída da cidade, fato que motivou uma pequena festa entre eles. Sem ser convidado, o Homem do subsolo resolveu aparecer. Apesar de se deparar com toda a mediocridade das relações entre seus conhecidos, o Homem nem por isso foi embora. E o paradoxo de sua existência se torna então latente. Apesar de ser mais inteligente e mais espirituoso, o Homem não conseguiu se sustentar, não lhe sobrou dinheiro e ele vivia de migalhas.

Ao sofrer uma humilhação de seus ‘amigos’ sobre o dinheiro que ganhava, as roupas que vestia e a comida que se alimentava, o Homem reforçou essa humilhação dizendo exatamente quanto ganhava. Em sua mente, ao enfiar uma faca em sua ferida aberta e purulenta, ao se apequenar diante da humilhação, o Homem entendeu que vencia a queda de braço. Ao se dirigir ao prostíbulo à procura desses ‘amigos’, o Homem se deparou com uma prostituta, e teve com ela vários diálogos sobre liberdade e escravidão, sobre identidade e resiliência. Mas incapaz de ser, ele mesmo, um bastião dessas questões, voltou para a sua casa da mesma forma que saiu: apequenado diante do mundo e gigante dentro de si.

“Amar para mim significava tiranizar e ter a supremacia moral. Por toda a minha vida, nunca pude sequer imaginar outro tipo de amor, e cheguei ao ponto de, agora, às vezes pensar que o amor consiste na concessão voluntária, por parte do objeto amado, do direito de tiranizá-lo.”

Memórias do Subsolo – Conclusão

Em Memórias do Subsolo somos apresentados a personagens sofredoras que querem se exprimir, que querem tomar as rédeas de suas vidas, mas acabam, no fim de suas forças para atingir esse objetivo, se flagelando, se mutilando e se degradando. O Homem se constrói e se destrói; é narcisista, mas se estilhaça; é vaidoso, mas se flagela. Dostoiévski nos ensina e nos convida a nos conhecermos a fundo, a buscarmos no íntimo de nossa existência a nossa essência. Do que somos feitos, o que nos motiva, o que nos coloca em movimento? Dostoiévski nos pega pelo braço e nos apresenta as perguntas que devemos fazer, sem contudo dar pistas das respostas e nem por onde procurá-las.

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Memórias do Subsolo

Até a próxima!

2 comentários

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