No Coração das Trevas
No Coração das Trevas

No Coração das Trevas

No coração das trevas

Título: No Coração das Trevas
Autor: Joseph Conrad
Editora: Hedra
Páginas: 144

Resumo do livro No Coração das Trevas

Joseph Conrad foi um escritor britânico de origem polonesa. Por ter se tornado marinheiro aos 17 anos, muitas de suas histórias centram-se em marinheiros e no mar. Viveu entre 1857 e 1924, período de grande avanço do colonialismo europeu no continente africano e contexto para esse livro. Essa obra foi publicada originalmente na revista Blackwood’s  em 3 partes em 1899, e finalmente publicado como livro em 1902. Oito anos antes, Conrad fora designado por uma companhia de comércio belga para trabalhar como capitão de um navio no Rio Congo, experiência que serviu como inspiração para No Coração das Trevas.

No Coração das Trevas – História

O livro acompanha a história de Charles Marlow, marinheiro britânico designado para trabalhar junto de uma companhia de comércio belga como capitão de um barco a vapor no Rio Congo, na colônia belga de mesmo nome. Marlow tinha como principal missão transportar marfim rio abaixo, contudo, ao chegar no local descobriu que precisaria buscar Kurtz, o mais importante comerciante de marfim da colônia, comandante do entreposto mais distante.

“Tocamos noutros pontos com nomes de farsa, onde a jovial dança da morte e do comércio segue o seu ritmo em terrosa atmosfera de catacumba escaldante; e tudo isto ao correr de uma costa informe e debruada por rebentações perigosas, como se a própria natureza quisesse afugentar intrusos; entradas e saídas de rios, torrentes de morte viva com margens apodrecidas de lodo, águas engrossadas a lama que invadiam retorcidos pântanos e pareciam voltar-se para nós, como se no auge de um desespero impotente.”

O livro é uma história dentro da história, uma espécie de signo do signo. No início do livro, Marlow está a bordo de um navio na embocadura do Rio Tâmisa, em Londres, e conta a um grupo de marinheiros uma história que se passou em um rio africano anos antes. Ele conta essa história desde o pôr-do-sol até a madrugada, emoldurando sua história na densidade e na escuridão. E o livro segue assim, repleto de analogias e nuances.

Ao chegar ao Congo, Marlow descobriu que o administrador da colônia havia mandado o seu barco navio acima em uma missão para recolher marfim, mas um acidente tornou o navio sem condições de navegação. Marlow decidiu então passar meses naquela atmosfera de exploração, misticismo, morte e escravidão e consertar o navio para seguir com sua missão: trazer o comandante Kurtz de volta à civilização.

“Andavam eretos e com lentidão, a balançar na cabeça pequenos cestos de terra; aquele tilintar cadenciava sua marcha. Tinham farrapos negros à cintura, com pontas muito curtas que oscilavam atrás como rabos. Podíamos contar costelas, e as articulações dos braços e das pernas eram autênticos nós de corda; todos traziam uma argola de ferro ao pescoço e estavam interligados por uma corrente de elos oscilantes que tilintavam a compasso.”

Não há um vilão no livro. Não há um personagem que precisa ser derrotado para que o herói vença. Conrad constrói uma narrativa onde pouco a pouco o leitor vai tomando consciência de que a estrutura da realidade é que está corroída. É o próprio tecido da realidade que se mostra insustentável, e é por isso mesmo inescapável. A civilização humana constrói e destrói a possibilidade de vida para os seres humanos.

As relações do branco colonizador com o negro colonizado são sufocantes. Diante da exuberância da natureza e da beleza cultural do povo local, Marlow presenciou destruição, escravidão, morte, fome, doença. Marlow criou uma consciência de que tudo o que fazemos e por tudo o que lutamos não faz sentido, não leva a lugar nenhum, tamanha a loucura e ganância dos Homens. E o símbolo maior dessas relações é Kurtz, de quem muito se ouvia falar, odiado e amado na mesma proporção e que tratava tudo e todos como instrumentos de sua ganância.

Kurtz personificava, então, o que havia de pior nas relações humanas. Kurtz simbolizava o capitalismo em sua forma mais crua. Kurtz é o personagem principal do livro, mas só aparece no final. Sabemos de Kurtz através de Marlow, que vai ao longo da obra criando uma aura de sobrenatural aliada à maldade e ao poder. Marlow conta a história do outro, numa espécie de alienação de si próprio, típica das relações capitalistas.

“Parecia uma animada imagem da morte esculpida em marfim velho e de mão estendida, numa ameaça, para aquele ajuntamento de homens moldados em bronze muito escuro e luzidio. Vi-o de boca muito aberta – tomar um aspecto extraordinariamente voraz, como se quisesses engolir todo o ar, toda a terra, todos os homens à sua frente.”

No Coração das Trevas – Conclusão

O livro é curto, com vocabulário simples, mas exige uma total atenção do leitor, com o risco de se perder em seus inúmeros significados. Sem dúvida, um livro marcante. Não há como encerrar os significados desse livro em um post apenas. Você provavelmente terá outras impressões e verá outras nuances que eu não vi. E é por isso que essa obra é fascinante.

O livro não poderia deixar de levantar críticas. Uma parte dos críticos enxergam uma obra valorosa, principalmente pela propensão exclusiva à ambiguidade de Conrad e pela demonstração dos horrores que a colonização europeia causou no continente africano. Porém, autores recentes criticam a forma como os negros foram retratados. De uma forma ou de outra, No Coração das Trevas é um dos livros mais estudados em universidades ao redor do mundo.

Indico o filme Apocalipse Now, que tem o personagem de Marlon Brando inspirado no personagem Kurtz.

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No Coração das Trevas

Até a próxima!