Inocência
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Inocência

Inocência

TítuloInocência
Autor: Visconde de Taunay
Editora: Melhoramentos
Páginas: 151

Resumo do livro Inocência

Visconde de Taunay foi romancista, sociólogo, historiador, político, professor, militar engenheiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Nascido em berço privilegiado, logo se interessou pela música, pela arte e pela literatura. Pela importância de seu pai junto ao imperador D. Pedro II, participou da Retirada de Laguna em 1871, fato determinante na Guerra do Paraguai e que o marcaria profundamente. Em 1872, lançou sua obra mais aclamada, Inocência.

Esse romance tem cunho regionalista. Se passa no interior do Mato Grosso do Sul retratando costumes, pessoas e ambientes, notadamente a cidade de Parnaíba. Como o Romantismo estava em decadência na época em que a obra foi escrita, pode-se considerá-la de transição para o Naturalismo, devido a uma grande e infalível caracterização do Homem como produto do meio, ou seja, o Homem age de acordo com o tipo de vida que leva.

“-Esta obrigação de casar as mulheres é o diabo! …Se não tomam estado, ficam jururus e fanadinhas…; se casam podem cair nas mãos de algum marido malvado… E depois, as histórias!… Ih, meu Deus, mulheres numa casa é coisa de meter medo… São redomas de vidro que tudo pode quebrar… “

Inocência – História

Estamos no sertão do Mato Grosso do Sul, à época imperial. Um Brasil ainda sendo descoberto pelos sertanejos desbravadores. É nesse cenário que conhecemos Cirino, homem da cidade que por conta de uma dívida contraída no jogo, resolveu andar a esmo pelo sertão em busca de arrumar dinheiro. Como possuía conhecimentos farmacêuticos, se passava como médico e curava as pessoas. Chegou então à casa de Pereira, mineiro que vivia por aquelas bandas apenas com sua filha, Inocência, e alguns escravos.

Descobrindo Pereira que Cirino era médico, não tardou a chamá-lo para tratar de sua filha, que vivia confinada em seu quarto. Para Pereira, mulher que estava pronta para casar não poderia se dar ao luxo de ficar à mostra para outro homem. Inocência já estava prometida para Manecão, um negociante de gado que já havia levado os papéis para o casamento. Cirino então teve o primeiro contato com Inocência e a paixão foi avassaladora.

Nesse ponto, Taunay é primoroso. Descreve cenários e personagens de forma brilhante, mas não há adjetivos para relacionar à forma como ele desvela o amor arrebatador entre Cirino e Inocência. Algo transcendente, recíproco e ao mesmo tempo velado, perigoso. Cirino reconheceu o perigo que esse sentimento proporciona, mas não conseguiu se ver desligado de Inocência, por quem viu surgir os mais puros e sinceros sentimentos.

“Aquele venusto rosto que contemplara a sós; aqueles formosos olhos, cujo brilho a furto percebera, aquele colo alabastrino que a medo se descobrira, aquelas indecisas curvas de um corpo adorável, todo aquele conjunto harmonioso e encantador que vira à luz de frouxa vela, fatalmente o lançavam nesse pélago semeado de tormentos que se chama paixão!”

Nesse meio tempo chegou Meyer e seu ajudante. Meyer era um naturalista alemão em pesquisa de campo no sertão brasileiro para encontrar novas espécies de borboletas. Ao se encantar com a beleza de Inocência, mas de forma inocente, acabou despertando o ciúme e a ira de Pereira. Em todo o canto que Meyer ia, Pereira ia atrás, deixando livre o caminho para os encontros entre Cirino e Inocência. Sem saber ao certo o que fazer, cabia a Cirino encetar o planejamento para fugir com sua amada.

Mas eis que chegou a hora de Meyer partir com sua espécie nova, a qual batizou de Papilio Innocentia, em homenagem à Inocência. Em paralelo, Cirino se encontrou com Manecão, que se dirigia à casa de Pereira com os papéis do casamento. Tendo pedido ajuda ao padrinho de Inocência, Cirino se encaminhava de volta à casa de Pereira quando este, que descobrira o romance entre o médico e Inocência, e Manecão, enfurecido de ciúme, deram termo à vida de Cirino. Três anos depois, descobrimos que Meyer recebeu as mais altas condecorações pela sua descoberta, e que Inocência, não suportando a dor de um amor impossível, morrera fazia dois anos em terreiro de Pereira, no sertão do Brasil.

“E quando o homem medita, torna-se triste. Franca e espontânea é a alegria, como todo o fato repentino da natureza. A tristeza é uma vaga aspiração metafísica, uma elação inquieta e quase dolorosa acima da contingência material. Ninguém se prepara para ficar alegre. A melancolia, pelo contrário, aos poucos é que chega como efeito de fenômenos psicológicos a encadear-se uns nos outros.”

Inocência – Conclusão

Inocência flerta com a comédia, com o romance e com a tragédia. Pela igualdade de enredos, Inocência é muitas vezes associada a Romeu e Julieta de William Shakespeare e às vezes conhecida como “Romeu e Julieta sertanejo”, onde os dois personagens principais se amam, mas possuem um amor impossível, além de terminarem num final trágico. Amor e morte; razão e emoção, são os temas centrais desse livro. Um livro com muitos significados e muitas interpretações, mas evitar que um amor puro encontre uma barreira no casamento por interesses parece, para mim, o maior dos ensinamentos desse livro.

Indico a adaptação para o cinema, de 1983, Inocência.

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Inocência

Até a próxima!