Título: O Banquete
Autor: Platão
Editora: L&PM Pocket
Páginas: 116
Resumo do livro O Banquete
Eros, na mitologia grega, era um Deus filho de Afrodite. É comum, nos dias atuais, relacionar Eros com seu significado derivado: erótico ou erotismo. É importante considerar que não existe um consenso sobre a origem de Eros. Nesse diálogo, Platão cria um cenário onde o que estava em jogo era fazer um elogio à Eros. O Banquete seria, então, uma reunião com fartura de alimentos, bebidas e ideias. Porém, para além da festa, o que está em jogo é a defesa da Filosofia frente à outras artes, como a Política, a Tragédia e a Comédia.
“Eros é, ao que tudo indica, o mais filantrópico dos deuses, o mais benéfico aos homens, médico de males que, ao curar, proporciona o mais completo bem-estar ao gênero humano.”
O Banquete – História
Apolodoro conta a um companheiro a história de um evento ocorrido em casa de Agatão (poeta trágico). No dia anterior, uma festa havia ocorrido para congratular Agatão por um prêmio recebido, e todos os presentes haviam bebido em demasia. Portanto, no banquete que foi servido, todos os presentes concordaram em evitar o álcool e fazer, cada um, um elogio ao Deus Eros. Estavam presentes: Agatão; Aristófanes (poeta da Comédia que ridicularizava Sócrates); Erixímaco (Médico); Pausânias (um discípulo de Agatão); Aristodemo (discípulo de Sócrates); Fedro (outro discípulo de Sócrates); e no final, chegou Alcibíadis (Político e discípulo de Sócrates).
O primeiro a discursar foi Fedro. Ele destacou a importância do amor na vida humana, argumentando que era a força motivadora por trás de muitas ações nobres e corajosas. Fedro destacou a ideia de que o amor inspirava os amantes a buscarem a excelência e a virtude, pois desejavam ser vistos de maneira positiva pelos objetos de seu amor. Ele também argumentou que o medo da desonra e da vergonha, quando percebidos pelo amante, serviam como um poderoso impulso para a realização de ações corajosas e justas.
“Se o erômeno tem o costume de entregar-se a qualquer um por dinheiro, isso não é belo. Estou certo? Dentro do mesmo raciocínio: um eômeno cede a um erasta supostamente íntegro, na esperança de melhorar com esse convívio amistoso; se for engano por ser o companheiro o contrário do que parecia ser (mau, sem caráter), estamos diante de uma bela ilusão. Parece-me que nesse caso o erômeno revelou o que realmente é: fazer tudo a quem quer que seja em nome da virtude e do desenvolvimento pessoal.”
Pausânias foi o próximo. Em seu discurso, Pausânias destacou a dualidade do amor e a importância de buscar um amor mais nobre, que transcenda o desejo físico e esteja alinhado com valores mais elevados. Para ele existem dois Eros, o Vulgar e o Celestial. O primeiro é mais superficial e está ligado ao desejo sexual sem uma conexão mais profunda. O Celestial é duradouro e está associado ao desejo de uma conexão intelectual e espiritual entre amantes. É um amor mais elevado, que busca a união de almas e a busca conjunta por conhecimento e sabedoria.
O próximo a discursar foi o médico Erixímaco. Ele apresentou um discurso elogiando Eros em seu aspecto cósmico e universal. Ele propôs uma visão mais abrangente do amor, indo além do amor romântico entre indivíduos. Erixímaco sugere que o amor é uma força que permeia todas as coisas, mantendo uma harmonia cósmica. Como médico, Erixímaco destacou o papel curativo do amor. Ele argumentou que o amor bem direcionado pode trazer equilíbrio e curar tanto ao corpo quanto à alma, atuando como um remédio para os males humanos.
“Ato injusto não se ajusta a Eros: nem como agente, nem como paciente, nem de um deu, nem contra um deus, nem de um homem, nem contra um homem. Não padece, se é que padece, violência; violência não lhe apetece. Age, quando age, sem violência. Todos cedem voluntariamente a Eros, em tudo.”
O comediógrafo Aristófanes discursou em seguida. Ele fez o discurso mais poético e mitológico do diálogo, descrevendo uma história mítica sobre a origem dos seres humanos e o papel de Eros nessa narrativa. A história de Aristófanes gira em torno da ideia de que, originalmente, os seres humanos eram seres completos, com duas faces, quatro braços e quatro pernas. Porém, esses seres foram divididos ao meio pelo Deus Zeus como punição por sua arrogância. Desde então, os humanos têm procurado suas outras metades para se sentirem completos novamente. Aristófanes argumentou que o amor romântico surge da busca pela reunificação com nossa outra metade. Eros, portanto, seria retratado como aquele que guia os amantes na busca pela completude. O elogio de Aristófanes destacou a profunda necessidade humana de conexão e amor romântico, sugerindo que Eros é o catalisador desse impulso. O amor para Aristófanes é, portanto, desejo.
O tragediógrafo Agatão, anfitrião do Banquete foi o próxima a falar. O discurso de Agatão foi notável por sua ênfase na natureza benevolente e virtuosa de Eros. Agatão destacou a juventude e a beleza de Eros, ressaltando a associação do Deus com características atraentes e encantadoras. Ele argumentou também que Eros era mais do que apenas beleza física; era também um Deus virtuoso. Eros é descrito como um Deus que busca a bondade, a retidão e a justiça.
“Observa bem: Em lugar de conjecturar, não será absolutamente necessário que assim seja: quem deseja, deseja algo que lhe falta, mas, se nada lhe falta, não deseja nada.”
Finalmente, chegou a vez de Sócrates. O filósofo ateniense inicia seu discurso dizendo que Amor é a busca pelo que não se possui. Por isso, Amor não é Belo nem Bom, pois necessariamente Amor é amor do Belo e do Bom. O objeto do Amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. Sócrates diz que não temos como desejar aquilo que já temos. Em seguida, Sócrates tece um discurso sobre a origem de Eros, contada a ele pela sacerdotisa Diotima. Aqui, Eros é o Amor que relaciona o amante ao amado. Um intermediário, ou como diz Sòcrates, um Daemon. Um ser entre o Deus e o Homem.
Após ser aplaudido por todos, entrou na casa de Agatão o político e discípulo de Sócrates, Alcibíades. Convocando os presentes a continuar a bebedeira do dia anterior, Alcibíades fez um relato peculiar de Sócrates. Disse Alcibíades que, sendo um amante de Sócrates, sempre nutriu por esse os mais ardentes desejos, mentais e corpóreos. Desde os tempos em que foram juntos para os campos de batalha, Alcibíades conta que Sócrates sempre foi aquele que mais possuía controle de si. Nas intempéries do clima, sempre estava sereno. Durante as mais perigosas batalhas, Sócrates sempre mantinha a calma. Alcibíades disse, ainda, que tentou de tudo para ter relações sexuais com Sócrates, já que o amor era mútuo entre eles. Mas apesar de todas as investidas, Sócrates sempre se manteve centrado e respeitoso em relação ao seu amante.
“Ele é intérprete e mensageiro. Leva aos deuses assuntos humanos e traz aos homens instruções divinas. Leva preces e sacrifícios, traz ordens e respostas a sacrifícios. Estando no meio, ele completa uns e outros. Sendo assim, achega o todo a si mesmo. Deus e homem não se misturam, mas é através de Eros que se estabelece o contato e a conversa entre deuses e homens, quer estejam acordados, quer dormindo.”
O Banquete – Conclusão
Para concluir o elogio a Eros, Sócrates destacou o amor como um impulso de busca pela beleza e sabedoria, uma aspiração em direção à perfeição e imortalidade. Através dessa perspectiva, Sócrates sugeriu que o amor é um desejo de alcançar algo divino e eterno. Portanto, o elogio de Sócrates a Eros, na verdade, é uma exploração mais profunda do conceito de amor, destacando sua natureza transcendental e sua ligação com a busca pelo Conhecimento e pela Verdade. Segundo sua Teoria das Ideias, os homens partem dos belos corpos às belas formas.
“O belo se revelará em si mesmo, por si mesmo, sempre uniforme, ao passo que todos os corpos belos participam dele de tal maneira que nascimentos e mortes nada lhe aumentam ou diminuem, em nada o afetam.”
Ao final dos discursos, todos continuaram a beber. Aristodemo, discípulo de Sócrates, conta que, já no raiar do dia, abriu os olhos. Percebeu que a maioria dormia o sono dos ébrios, mas se mantinham ainda acordados Sócrates, Agatão e Aristófanes, respectivamente a Filosofia, a Tragédia e a Comédia. Todos os três se encontravam ébrios e Aristófanes foi o primeiro a sucumbir, adormecendo. Agatão, mesmo lutando com todas as suas forças também dormiu. Sócrates, o único que se mantinha acordado e lúcido, vendo que ninguém mais restava, se levantou, e saiu da casa de Agatão para lavar-se e retornar para seus afazeres. Poeticamente, a Filosofia foi a única que se manteve lúcida e acordada no raiar do novo dia, vencendo a Comédia e a Tragédia.
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